Cruzeiro defenderá marca significativa no palco do seu primeiro jogo na Libertadores

Alexandre Simões - Hoje em Dia
16/03/2015 às 08:30.
Atualizado em 18/11/2021 às 06:21
 (Juan Barreto)

(Juan Barreto)

Palco da primeira partida da história do Cruzeiro na Copa Libertadores, a Venezuela recebe a Raposa pela sétima vez, com a equipe de Marcelo Oliveira buscando diante do Mineros, na próxima quinta-feira (19), em Puerto Ordaz, a arrancada rumo às oitavas de final.

Além da vaga, a classificação garante à Raposa a manutenção de uma marca significativa. Entre os 12 grandes clubes do futebol brasileiro, o Cruzeiro é o único que nunca caiu na fase de grupos da competição.Até o ano passado, o time da Toca tinha a companhia do Botafogo, que nas suas três participações anteriores na Libertadores (1963, 1973 e 1996) sempre tinha passado da fase de grupos. Em 2014, o time carioca foi o lanterna da sua chave e não alcançou as oitavas de final.

Em 2015, a Raposa joga sua 15ª Libertadores. Nas 14 anteriores, o clube disputou a fase de grupos 12 vezes. Em 1977 e 1998, como campeão do ano anterior, já entrou no torneio nas semifinais e oitavas, respectivamente.

Com quase meio século de história no torneio, o Cruzeiro já participou da competição com quatro fórmulas diferentes na fase de grupos.

Em 1967, o Cruzeiro teve como adversários no Grupo 1 peruanos e venezuelanos. Foram cinco clubes na chave, pois o Santos, vice da Taça Brasil de 1966, desistiu da disputa. Dois times se classificavam, e a Raposa foi a primeira colocada com seu melhor aproveitamento (93,7%) na fase em toda a história.

Em 1975 e 1976, a Libertadores vivia sua fase mais difícil, iniciada em 1971 e que durou até 1987, pois apenas o primeiro de cada grupo se classificava, indo direto para as semifinais, disputadas em dois triangulares. O campeão do ano anterior entrava na disputa nessa etapa.

Em 1994 e 1997, o Cruzeiro pegou a fase mais fácil da história da Libertadores, pois de um grupo de quatro equipes, três se classificavam para as oitavas. A partir de 2001, a Raposa encarou a forma atual.

Entre os 12 gigantes do Brasil, o Flamengo é o que mais caiu na fase de grupos da Libertadores. Em 11 participações, foi eliminado quatro vezes.

A maioria das eliminações dos grandes aconteceu no período em que apenas uma equipe de cada chave seguia no torneio.

Como os dois representantes do país estavam sempre na mesma chave, um deles ficava pelo caminho.

A partir de 1988, além do Botafogo, no ano passado, foram eliminados na fase de grupos apenas o Internacional (1993 e 2007), o Grêmio (1990) e o Flamengo (2002, 2012 e 2014).

Invencibilidade e alerta na rota cruzeirense pela Venezuela

Antes da Libertadores, o Cruzeiro era apontado como o time brasileiro com o caminho mais fácil na fase de grupos da competição, pois encarar Universitario de Sucre, da Bolívia, Huracán, da Argentina, e Mineros, da Venezuela, parecia apenas um atalho para as oitavas de final.

Depois de duas partidas, com empates sem gols diante de bolivianos e argentinos, o time de Marcelo Oliveira vai à Venezuela, encarar o Mineros, com a obrigação de vencer para encaminhar a classificação, pois atualmente é apenas o terceiro no Grupo 3.

Em 12 confrontos contra venezuelanos na Libertadores, o Cruzeiro nunca perdeu. Venceu as seis partidas disputadas no Mineirão. Fora de casa, ganhou quatro. Nos dois últimos confrontos na Venezuela, apenas empatou.

Em 2008, o time comandado por Adilson Batista empatou por 1 a 1 com o Caracas, na capital venezuelana.

O último jogo da Raposa na Venezuela foi em 2010. Um empate por 2 a 2 com o Deportivo Itália, em Caracas, numa partida em que o time chegou a virar o placar, com dois gols de Kléber, mas levou o empate.

O retrospecto recente do Cruzeiro nos gramados venezuelanos aparece como um alerta para Marcelo Oliveira e seus comandados, que precisam voltar para casa com os três pontos.

ENTREVISTA: Henrique

Das últimas oito edições da Copa Libertadores, ele disputou sete, sendo seis pelo Cruzeiro e uma com a camisa do Santos, em 2012. Especialista na competição, o volante Henrique fala sobre as dificuldades da fase de grupos, o desafio da Raposa em 2015, o clima que cerca as partidas jogadas fora de casa e a arbitragem, que no torneio é muito diferente da praticada no Brasil.

A fase de grupos da Copa Libertadores tem particularidades?

A fase de grupos tem as suas dificuldades e elas são grandes. Todas as equipes sabem da importância dos três pontos, principalmente em casa. Ela te dá a base para o mata-mata. Sempre focamos nisso, pois você já começa a sentir as dificuldades da competição.

A etapa é quase sempre marcada pelas grandes viagens. O Cruzeiro mesmo enfrenta isso em 2015. Qual o segredo para encarar essas maratonas ?

A gente que já viveu muitas viagens como essas, tenta sempre passa experiência para os mais novos. Sabemos que a logística é mais difícil, por não serem tão frequentes viagens para esses lugares. Muitas vezes temos trechos terrestres. O grupo precisa ser dividido. Tentamos minimizar o máximo possível, para que não possamos chegar cansados, pois a mente tem uma influência muito grande no nosso corpo. O Cruzeiro sempre fez bem esse papel de preparação. Muitas vezes viajamos dois dias antes para chegar mais descansado. Mas o desgaste físico e emocional existe sim.

Na fase de grupos, principalmente, a pressão sobre a arbitragem é muito forte e muitos estádios não têm as condições ideais. Como administrar essas situações?

Cada lugar tem um estilo de comportamento do torcedor. A gente pensa apenas no jogo, esquece o que está fora. Tentamos não ser influenciados por essas coisas. Claro que a gente gostaria que tivesse mais participação da Conmebol, principalmente em relação a estrutura dos estádios em que nós jogamos. Já fomos a lugares em que o vestiário não era bem adequado para se tomar banho, o espaço era reduzido. Mas sabemos que isso existe e vamos para jogar futebol. Já a questão dos árbitros é totalmente diferente dos nossos. Não é qualquer falta que é marcada. E os árbitros brasileiros, quando apitam na competição, se enquadram nesse padrão. Nós temos que nos adaptar o mais rápido possível para fazer um bom futebol.
Antes de a Copa Libertadores começar, o Cruzeiro era considerado favorito absoluto em seu grupo, que era apontado como fácil.

Realmente a chave é fácil e o time ainda não se encontrou, ou não existe esse tipo de situação na competição? O que esperar da equipe nos quatro jogos finais?

Não tem mais jogo fácil hoje. Todo mundo estuda. Todo mundo trabalha igual, da mesma forma. Não há mais facilidade. Muitas vezes, o nome da equipe, que não tem tanta expressão, acaba dando essa impressão, mas, na prática, é totalmente diferente. Vimos em nossos jogos a dificuldade que foi, dentro de casa, fora. Não tem equipe fácil. É uma competição desejada pela importância, pela projeção que ela dá ao clube.
 

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