Cruzeiro deve menos, mas sua dívida aumentou quatro vezes mais que a do Atlético na década

Alexandre Simões
30/05/2019 às 20:33.
Atualizado em 05/09/2021 às 18:54

A crise que o Cruzeiro atravessa não tem relação direta com a dívida do clube, que beira o meio bilhão de reais, embora ela seja o componente mais importante do processo. De toda forma, a bola de neve cruzeirense, principalmente nesta década, se transformou num clássico nas redes sociais, pois os atleticanos não perderam a chance de provocar o rival.

A Polícia Civil, a Federação Internacional de Futebol Associado (Fifa), a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) investigam possíveis irregularidades cometidas pela atual diretoria celeste no campo esportivo e no criminal. Não há relação com os valores devidos.

De toda forma, a grande dívida acabou criando um cenário que não existia em Minas Gerais, como explica Amir Somoggi, especialista em marketing e gestão esportiva e um dos sócios da Sports Value.

“O Atlético tinha uma grande dívida e pouca preocupação financeira. O Cruzeiro era um clube equilibrado, principalmente por vender bem seus jogadores. Nos últimos cinco anos o Cruzeiro parece que perdeu o controle. E a coisa desandou. E criou este cenário de crescimento da dívida”, analisa Somoggi.

Estádio

Juntos, os dois rivais devem pouco mais de R$ 1 bilhão, valor suficiente por exemplo para construir duas Arenas MRV e meia, estádio que o Atlético espera erguer num futuro próximo e que está orçado em R$ 410 milhões.

A dívida alvinegra, segundo estudo da Sports Value, é de R$ 595 milhões. A cruzeirense chega a R$ 445 milhões. Apesar dos R$ 150 milhões a mais devidos pelos alvinegros, nesta década a preocupação com a saúde financeira esteve muito mais pelos lados de Lourdes que do Barro Preto.
E a explicação é matemática. Entre 2011 e 2018, a dívida atleticana cresceu 62%, pois era de R$ 367 milhões em 2011. No mesmo período, a cruzeirense quase triplicou, aumentando 270%, pois pulou de R$ 120 milhões para R$ 445 milhões.

“O Atlético, se tivesse um crescimento de dívida como a do Cruzeiro, hoje estaria fechado. O controle foi necessário e realmente é fundamental controlar os gastos como está fazendo. Tem de cortar na carne”, afirma Amir.

Marketing

Segundo o especialista, os números mostram ainda como há um dilema para os dois gigantes do futebol mineiro: “Eles não arrecadam para conseguir competir com os clubes de São Paulo ou Flamengo em contratações. Para fazerem isso, precisam gastar mais do que podem. E isso faz a dívida crescer. Por outro lado, sem o investimento, é difícil brigar pelos grandes títulos. Uma saída seria um marketing eficiente, mas ambos não têm, principalmente pelo nível de investimento que eles fazem no futebol”.

Um ponto levantado por Amir, e que aparece como uma urgência para o futebol mundial, é o pagamento a intermediários: “Isso não é um problema do Cruzeiro, do Atlético ou do futebol brasileiro. É do futebol mundial. Em todas as transações o pagamento para empresários é exagerado”.

Negativos

Nesta década, em oito anos de balanços já publicados pelos dois clubes, só em 2016 um deles conseguiu não fechar no vermelho. Foi o Atlético, que teve um resultado de R$ 2,1 milhões. Mas foi um ponto fora da curva, pois em 2017 o prejuízo já saltou para R4 25 milhões. Os números mostram que, embora a dívida atleticana seja superior, e o endividamento cruzeirense tenha sido quatro vezes maior nesta década, no clássico das finanças, os dois estão perdendo.CLIQUE PARA AMPLIAR

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