(Mailson Santana/Fluminense)
Constrangimento coletivo na última reunião e desavenças sobre a repartição das cotas de transmissão de TV. A Liga Sul-Minas-Rio precisa superar esses grandes obstáculos para evitar a debandada de ao menos três clubes grandes, o que significaria o naufrágio de mais um projeto de competição independente no futebol brasileiro. Cruzeiro, Flamengo e Fluminense estudam abandonar a entidade.
Diferentemente do que acontece, por exemplo, no Brasileirão, com Flamengo e Corinthians recebendo valores exorbitantes da TV Globo em relação aos outros clubes, a Liga propunha uma gestão mais igualitária, nos moldes da Inglaterra. Porém, enquanto 14 integrantes concordam com uma cota maior para o Flamengo, o Fluminense briga para estar no mesmo patamar do rival.
Além disso, a detentora dos direitos pressiona a dupla a deixar a entidade, prometendo uma verba mais generosa pela transmissão do Campeonato Carioca.
A atual proposta da Liga, que será votada nas próximas reuniões, é partilhar igualmente 50% do dinheiro da TV. Outros 25% seriam distribuídos conforme a audiência dos times, e mais 25%, segundo o desempenho nas quatro linhas, medido pelo ranking nacional de clube da CBF.
“A divisões das cotas, no Campeonato Brasileiro, é um assalto. Sabemos que o Flamengo ganhará mais (na Liga), mas a diferença não será tão assustadora. A Inglaterra e a Alemanha são os nossos exemplos”, alega Alceni Guerra, vice-presidente do Coritiba.
O ex-presidente do Atlético e atual diretor executivo da Liga, Alexandre Kalil, esteve em São Paulo recentemente com a missão de captar recursos. Segundo o dirigente, quatro empresas manifestaram interesse em investir na Liga.
“Isso (cotas) é algo que estará em votação, com os clubes decidindo. Não há reunião agendada para os próximos dias, pois não tem motivos (para urgência)”, declarou Kalil.
Embaraço
Quando chegou à sede do Fluminense para a última reunião da Liga, o presidente do Cruzeiro, Gilvan de Pinho Tavares, foi informado sobre a convocação de uma nova eleição para o cargo de presidente da Liga, ocupado por ele.
Constrangido, o cartola recebeu apoio dos presidentes do Flamengo e do Fluminense, Eduardo Bandeira de Mello e Peter Siemsen, que se manifestaram contra a votação. Por fim, nove dos 15 clubes aceitaram a nomeação de Mario Celso Petraglia, do Atlético-PR, como “co-presidente” da Liga. “Ele batalhou para assumir este cargo”, justificou Kalil.
Alceni Guerra confirma o constrangimento provocado pela situação, e os demais representantes mantêm silêncio sobre o tema. Já Kalil nega o clima ruim. “Idiotice isso. Ninguém levantou a voz”, afirmou.
Diante do desgaste político na entidade, o representante do Coxa chegou a alertar o presidente do rival Atlético-PR: “Sem Flamengo, não tem Liga”.