Após caso de racismo, é hora da Conmebol mostrar uma nova postura

Alexandre Simões - Hoje em Dia
14/02/2014 às 08:01.
Atualizado em 20/11/2021 às 16:01
 (Conmebol)

(Conmebol)

A falta de ação contra atos de indisciplina e violência é uma marca que a Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) carrega. Desde o ano passado, a entidade, que, depois de muitos anos, deixou de ser dirigida pelo paraguaio Nicolas Leóz e passou a ser comandada pelo uruguaio Eugenio Figueredo, tenta mudar essa imagem, principalmente pela pressão de patrocinadores.

O episódio envolvendo o meia cruzeirense Tinga lança agora sobre a Conmebol uma pressão muito maior, pois a Libertadores do ano passado começou com a morte do torcedor boliviano Kevin Espada, atingido na cabeça por um sinalizador atirado por integrantes de organizadas do Corinthians. E terminou com uma entrevista coletiva no dia da final, em Belo Horizonte, carregada de acusações.

O presidente do Olimpia, Oscar Carissimo, reclamava de não ter dormido à noite por causa dos fogos lançados por torcedores do Galo na porta do seu hotel, durante toda a madrugada. O dirigente do Atlético, Alexandre Kalil, em tom áspero, reclamou do tratamento à delegação do clube, em Assunção, e lembrou que um torcedor mineiro foi baleado, após a partida, numa tocaia armada por paraguaios.

A discussão fez Figueredo até ameaçar realizar a final da Libertadores, a partir deste ano, em campo neutro. Além disso, prometeu medidas duras contra atos que afetem a imagem do torneio. Chegou ainda a ser divulgado que a entidade exigiria o “fair play financeiro” dos participantes da Libertadores, o que não se concretizou.

A Conmebol se posicionou apenas pelas redes sociais, mas sabe que está pressionada e que precisa agir para mostrar uma mudança. Autoridades, como o ministro do Esporte do Brasil, Aldo Rebelo, e representantes de patrocinadores ligaram ontem para a entidade.

Ação

O Tribunal Disciplinar da Conmebol, criado em dezembro de 2012, é presidido pelo brasileiro Caio César Rocha, que é também vice-presidente do STJD. Em entrevista ao site “Lancenet”, ele garantiu que a entidade vai agir e que o Real Garcilaso pode ser punido até com a eliminação.

“O código prevê uma pena que varia. O mínimo é uma multa, passando por portões fechados ou, em casos graves, até a perda de pontos e desqualificação. Como esse é o primeiro caso de racismo desde a criação do Tribunal, em dezembro de 2012, não há um parâmetro para dizer como será. Mas certamente o Tribunal vai analisar. Só não me sinto confortável em fazer juízo para não exercer qualquer tipo de influência”, declarou Rocha.

O representante da Conmebol no Brasil, Hildo Nejar, garantiu, no Rio de Janeiro, que a manifestação racista dos torcedores do time peruano deve provocar uma punição rigorosa à equipe. Ainda não há uma data definida para o julgamento do caso no Tribunal da Conmebol. l  

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