(Guilherme Piu)
A Assembléia de Credores do Cruzeiro, marcada para 7 e 15 de dezembro, pode não acontecer. O Ministério Público acatou o pedido de suspensão da reunião feito pelo advogado Fábio Eustáquio da Cruz, representante de parte dos credores.
Segundo a denúncia, o clube fraudou o documento, colocando nomes que já quitaram as dívidas na lista de credores.
O Hoje em Dia teve acesso aos documentos enviados ao MP pelo advogado. Nele, são citados como provas vários nomes que já tiveram as dívidas quitadas, mas que ainda constam na lista de participantes da assembleia.
Segundo Fábio Cruz, que possui mais de 15 clientes, entre eles o ex-treinador Enderson Moreira, o clube estaria burlando os nomes dos participantes da assembleia e utilizando diversas maneiras para que o projeto fosse aprovado.
“Uma delas é convocar uma pessoa que não tem nada a receber e aparece um valor a favor dela .Então, ela pode ir na assembleia e votar a favor do clube. Isso é fraude”, disse ele.
Ainda de acordo com o advogado, o clube deixou de fora da reunião diversas pessoas que são credores e deveriam participar por serem os interessados no caso.
“Várias pessoas que têm créditos a receber não estão relacionadas. Essas pessoas não vão ter direito a voto e provavelmente votariam contra o projeto. O Cruzeiro ainda não apresentou documentos que comprovam a origem das dívidas que estão relacionadas, inclusive as que disseram que estão pagas. Por isso, acionamos o Ministério Público”, explicou.
Fábio conta que do montante total da dívida, o Cruzeiro pretende pagar apenas 25%, em dois anos, com 2% de correção por ano. “Os outros 75% seriam um calote. Os 25% que vão sobrar vão ser lucro pro clube”, completou.
Outra fraude também citada é a manipulação para obtenção de procuração de votos. “Além de manipular a lista de credores através de habilitações inexistentes, tem adotado diversas medidas para obtenção de procurações, com orientação de votos com objetivo de aprovar o Plano de Recuperação Judicial”, diz o documento.
O documento ainda informa que o clube, por meio de uma empresa, estaria ligando diretamente para os credores e encaminhando e-mails para um agendamento na sede administrativa, onde supostamente auxiliariam sobre a assembléia geral. No entanto, ocorre uma abordagem para que estes credores assinem procurações com orientação de voto favorável a aprovação do plano.
Em nota, o Cruzeiro informou que a lista de credores apresentada no início do processo está em "consonância com os dados contábeis da Associação e eventuais inconsistências serão ajustadas na fase de verificação dos créditos, que vem sendo implementada pelos Administradores Judiciais nomeados pela Justiça. Esse é o procedimento previsto na lei, que será observado na Recuperação Judicial do Cruzeiro".
"O Cruzeiro garante que não há fraude, muito menos o interesse de manipular a votação do Plano de Recuperação Judicial, nas Assembleias de dezembro de 2022. O Cruzeiro esclarece que não oferecerá resistência a que credores que estejam discutindo a existência e o valor de seus créditos participem da Assembleia, desde que contem com a autorização da Justiça", disse a nota do clube.
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