Segundo a nota oficial divulgada pelos conselheiros, Ronaldo se comprometeu a aportar R$ 50 milhões quando concluir a compra das ações da SAF. Esse processo tem de ser encerrado até 18 de abril, quatro meses depois de ele ter assinado a carta de intenções.

Além disso, a nota divulgada nesta quarta-feira indica que Ronaldo deve investir os outros R$ 350 milhões como “receitas incrementais”, que são definidas como: "a receita média anual, apurada com base na média ponderada das receitas auferidas pelo Cruzeiro no período compreendido entre 2017 e 2021".

Isso quer dizer que o empresário se compromete a gerar R$ 350 milhões a mais em receita nos 5 anos seguintes à operação, em relação às receitas obtidas nos 5 anos anteriores. Para isso, deve ser formulado um plano de negócios consistente que permita alcançar essa marca.

Caso a gestão de Ronaldo não seja capaz de gerar essa “receita incremental”, ele seria obrigado a complementar o valor com investimentos próprios.

Na nota, os conselheiros destacam que o ex-atacante não seria obrigado a assumir a dívida gerada pela associação nos últimos anos, que já ultrapassa R$ 1 bilhão.

"Pudemos observar, com lamentação, que o Ronaldo não iria assumir qualquer valor da dívida, ficaria desde o início do processo como detentor de 90% da participação acionária da SAF, com o compromisso de apontar na própria SAF a quantia de 50 milhões de reais no momento em que se desse a concretização do negócio e, 350 milhões de reais, por meio de receitas “incrementais” que seriam geradas para a SAF por meio da gestão do Ronaldo", diz o documento.

Conselheiros veem acordo lesivo ao Cruzeiro

Os conselheiros afirmam apoiar a negociação da venda das ações da SAF para Ronaldo, mas indicam que o contrato formulado pelo presidente Sérgio Santos Rodrigues, com auxílio da XP Investimentos, é lesivo ao clube.

“Entendemos que a negociação capitaneada pela XP e com a anuência do Presidente Sérgio Santos Rodrigues é, de um lado, extremamente lesiva e desproporcional ao Cruzeiro, e, de outro, excessivamente benéfica ao Ronaldo, motivo pelo qual buscamos um reequilíbrio de todas as questões envolvidas no negócio”.

Próximos passos

Há expectativa de que o Conselho convoque, em breve, uma assembleia para debater as solicitações de Ronaldo para transferência de propriedade das Tocas da Raposa para a SAF, como forma de garantia para que a nova gestão assuma as dívidas tributárias da associação.

O empresário solicitou ainda que seja aberto um processo de Recuperação Judicial ou Extrajudicial, para que as dívidas da associação passem a ser corrigidas por taxas menores.

É importante lembrar que a nota divulgada pela Mesa Diretora do Conselho Deliberativo quebra a cláusula de confidencialidade do acordo assinado por Ronaldo em 18 de dezembro.

Como citamos acima, o empresário tem até 18 de abril para concluir a compra das ações e se tornar sócio majoritário da SAF.