Cruzeiro completa 92 anos de páginas heroicas e imortais

Álvaro Castro – Do Portal HD
02/01/2013 às 19:48.
Atualizado em 21/11/2021 às 20:08
 (Arquivo HD)

(Arquivo HD)

Dia 2 de janeiro de 1921. Um grupo de futebolistas da colônia italiana de Belo Horizonte fundava a Societá Sportiva Palestra Itália, primeiro nome do clube que viria posteriormente se chamar Cruzeiro Esporte Clube. Um dos mais importantes times da história do futebol brasileiro está se aproximando do centenário, tão esperado pelos seus mais de sete milhões de fanáticos torcedores espalhados pelo Brasil e pelo mundo.

Os primeiros anos

No começo de sua história, a equipe que jogava com as cores da bandeira italiana (verde, vermelho e branco) disputava espaço entre os, então, grandes de Minas - Atlético, América e Villa Nova. O time se instalou no Barro Preto, região Centro-Sul da capital, onde hoje funciona o Parque Esportivo do Cruzeiro, antigo estádio. Inicialmente, apenas os membros da colônia italiana podiam integrar o time, situação que mudou em 1925.

Em seu jogo de estreia, vitória por 2 a 0 sobre um combinado de atletas do Palmeiras de Nova Lima e Villa Nova. Seu primeiro feito de expressão, o tricampeonato estadual entre 1928 e 1930.

As coisas começam a mudar radicalmente na história do clube em 1942, em decorrência da Segunda Guerra Mundial. O presidente Getúlio Vargas baixa um decreto proibindo a alusão aos países do Eixo, decisão que incluiu a Itália. Com isso, começa uma pequena ciranda de nomes que passaram por Palestra Mineiro, Ypiranga, até chegar ao definitivo: Cruzeiro Esporte Clube.

Na década de 50, o time cresce, aumenta seu poderio econômico e reforma o então estádio do Barro Preto, que em homenagem ao então governador de Minas Gerais, passa a se chamar Juscelino Kubitschek. Na mesma época, o time constrói sua sede social na mesma região e conquista mais um tricampeonato estadual, entre 1959 e 1961, apesar das mazelas passadas pelos grandes gastos com as obras.
 

Piazza recebe réplica em menção simbólica ao reconhecimento do título (Vipcomm)

Anos 60, cinco estrelas se destacam no futebol nacional

A década de 60 foi marcada por um dos mais brilhantes times já montados pelo Cruzeiro e um embate em especial com o Santos, que contava com Pelé, Pepe, Coutinho e uma legião de craques. A equipe estrelada não ficava atrás, com um time recheado de estrelas como Tostão, Dirceu Lopes, Natal, Piazza e Raul.
 

Dirceu Lopes e Tostão comandaram o time nas décadas de 60 e 70 ao lado de grandes gênios (Arquivo HD)

O ano de 1966 é especial na história celeste e relembrado com orgulho por seus torcedores. A esquadra estrelada derrotou, com autoridade, o grande time santista e conquistou seu primeiro título nacional. No primeiro jogo, uma goleada acachapante por 6 a 2. No segundo embate, o Santos abre 2 a 0 no primeiro tempo, o que fez dirigentes paulistas procurarem o time azul para marcar o terceiro jogo. A atitude serviu de estímulo para os jogadores, que viraram a partida para 3 a 2, com direito a pênalti perdido por Tostão, coroando o bom desempenho dos garotos do Cruzeiro.

Década de 70: coroação dos craques celestes

Se nos anos 60 o Cruzeiro cresce aos olhos do futebol nacional, é na década de 70 que se consolida como potência. Nos anos de 1974 e 1975, a geração de ouro é reforçada por outros craques imortais e conquista dois vice-campeonatos nacionais. O segundo, em uma decisão memorável contra o Internacional, 5 a 4, um dos melhores jogos de futebol de todos os tempos.

A boa fase do time foi consagrada no ano seguinte: a conquista da América pela primeira vez. Após uma exibição de gala no Mineirão, com vitória por 4 a 1 sobre o poderoso River Plate, o Cruzeiro foi derrotado em Buenos Aires. No terceiro jogo, confronto em Santiago, no Chile, e novo triunfo celeste, 3 a 2.

O gol da vitória foi marcado por Joãozinho, que antecipa cobrança de falta que seria de Nelinho, trazendo o caneco para Belo Horizonte. No ano seguinte, a equipe mineira seria vice do torneio, após derrota para o Boca Júniors nos pênaltis. Ainda no mesmo ano, o Cruzeiro se sagraria como o "dono do Mineirão" ao conquistar dez títulos estaduais em 13 disputados com o estádio pronto.

Anos 90: o "Campeão da Década"

Após um ciclo negro de poucas conquistas e ostracismo financeiro, o Cruzeiro entre em seu período mais vitorioso, os anos 90. O time celeste iniciou uma impressionante sequência de dez anos ganhando pelo menos um título por ano. Foram duas Supercopas da Libertadores (1991 e 1992), uma Recopa Sul-Americana (1998), duas Copas do Brasil (1993, 1996), uma Copa Ouro (1995), uma Copa Master da Supercopa (1995), seis Campeonatos Mineiros (1990, 1992, 1994, 1996, 1997, 1998) uma Copa Centro-Oeste (1999), duas Copa dos Campeões Mineiros (1991 e 1999), além da segunda Taça Libertadores da América (1997), totalizando nada menos que 17 troféus.

A grande quantidade de taças levantadas rendeu à Raposa o título simbólico de "Campeão da Década". Outros grandes jogadores surgiram e vários ídolos foram abraçados pela torcida, como Ricardinho, recordista de taças com o clube (15) e Marcelo Ramos, vice no quesito com 14 e quinto maior artilheiro da história celeste, com 162 gols. Uma infinidade de grandes atletas surgiram no período e rechearam a galeria de craques celestes como Marco Antônio Boiadeiro, Luiz Fernando Flores, Cleisson, Nonato, Ronaldo, Dida, Ademir, Douglas, Roberto Gaúcho, Paulo César Borges, entre outros.

Os anos 2000: a conquista da Tríplice Coroa

Fechado o ciclo mais vitorioso da história celeste, os anos vindouros seriam igualmente gloriosos. Tudo começa em 2000, ano da conquista da terceira Copa do Brasil, com uma final eletrizante contra o São Paulo. Em 2001, título Sul-Minas para o time comandado pelo ídolo Sorín. Já em 2003, um dos anos mais importantes da história do Cruzeiro, seguramente o mais marcante da história recente: a Tríplice Coroa.
 

Alex foi o líder da equipe que conquistou a Tríplice coroa em 2003 (Cristiano Machado/Arquivo HD)

A Raposa era comandada pelo maestro Alex, um dos maiores camisas 10 que o clube celeste já teve. O time massacrou os adversários e conquistou os títulos invictos do Mineiro e da Copa do Brasil, batendo o Flamengo na final, com show de Aristizabal.

A cereja do bolo, a conquista do Campeonato Brasileiro, o primeiro da era dos pontos corridos, com uma campanha irrepreensível e um time que até hoje inspira os cruzeirenses, com Gomes, Maurinhio, Luisão, Edu Dracena, Leandro, Augusto Recife, Felipe Melo, Maldonado, Alex, Wendel, Zinho, Deivid, Mota, Márcio Nobre, Aristizabal e tantos outros.

A sequência dos anos não é tão gloriosa, recheada apenas com conquistas regionais e os vice-campeonatos da Libertadores (2009) e Brasileiro (2010). Porém, o time cresce e conquista importantes resultados nos times de base, com o tri brasileiro, o título da Copa São Paulo e dois títulos da Taça BH no júnior.

A esperança agora, de todos os torcedores, é de que o time retome a capacidade de investimento e possa voltar a viver na parte nobre da tabela, brigando por títulos e formando grandes elencos.

Ao Cruzeiro Esporte Clube, parabéns pelos seus 92 anos de história!

 

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