
Correndo risco de rebaixamento, a quatro rodadas para o término do Campeonato Brasileiro, o Cruzeiro convive com um problema nos bastidores que parece refletir diretamente no desempenho em campo: uma diretoria sem rumo, que demonstra estar ‘perdida’ frente aos problemas que precisa resolver e as decisões a serem tomadas.
Segunda, pela primeira vez, o mandatário estrelado confirmou a saída do treinador após o Brasileirão.
Coincidência ou não, a declaração do presidente da Raposa ocorreu um dia após o procurador de Roth, Jorge Machado, revelar que o treinador não tem interesse em continuar. A saída foi confirmada pelo técnico. “Não estarei no Cruzeiro no ano que vem. Tivemos essa conversa há um bom tempo”, conta o técnico.
As rusgas entre o presidente e o técnico se tornaram públicas há algum tempo. Apesar disso, Roth garante que não tem nenhum problema com o cartola. “Não existe mal estar. Existem divergências sobre a sequência do clube. Infelizmente, vim num momento em que não conseguimos realizar o queríamos”, explica Roth.
A lista de possíveis substitutos tem nomes que vão de Vanderlei Luxemburgo a Marcelo Oliveira. E, a cada dia, surgem novas opções. Ontem, mais dois candidatos entraram na pauta: Paulo Roberto Falcão e Dorival Júnior, com boa passagem pela Toca em 2007.
CENTRALIZADOR
Além da relação conflituosa que teve com Roth, Gilvan é considerado, por muitos no clube, como centralizador. Um conselheiro comenta que o mandatário azul “não ouve ninguém e decide tudo sozinho”. O “colegiado” de outras épocas teria dado lugar a esporádicas consultas ao diretor de futebol Alexandre Mattos, responsável pelas negociações, previamente deliberadas por Gilvan. O cartola rejeita esse rótulo. “Não faço nada sem consultar a diretoria”, garante.
FALASTRÃO
Em 11 meses de mandato, Gilvan tem dado provas de falta de habilidade para lidar com o cargo. Em janeiro, por exemplo, quando os salários estavam atrasados, ele tratou a inadimplência com ironia. “Os atletas ganham muito pouco. Essa miséria que eles ganham, se atrasar dois, três dias, faz uma falta danada”, debochou, na ocasião. A declaração causou revolta no grupo, que publicou uma nota de repúdio. “Estamos indignados com a declaração irônica do presidente Gilvan de Pinho Tavares sobre o atraso dos salários”, dizia um trecho do comunicado.