Essencial no Athletico-PR na Copa do Brasil, Rony não teve chance de jogar no Cruzeiro

Luciano Dias
19/09/2019 às 16:57.
Atualizado em 05/09/2021 às 21:50

Ronielson da Silva Barbosa, o Rony. O atacante de 24 anos foi o nome do Athletico-PR no título da Copa do Brasil. Com grandes jogadas e autor do gol que coroou a conquista do Furacão sobre o Internacional, no Beira-Rio, o paraense vive o melhor momento da carreira. 

O que muita gente não sabe é que Rony passou pelo Cruzeiro. Na verdade, uma passagem sem atuar no time principal. Depois de se destacar com a camisa do Remo, o atacante despertou interesse do time mineiro, que contratou o jogador para fazer parte da equipe sub-20 em 2015. 

O time celeste, então presidido por Gilvan de Pinho Tavares, desembolsou R$ 700 mil para adquirir os direitos econômicos do aleta. Foram seis gols em 28 jogos na base e a esperança de fazer parte do elenco principal comandado por Mano Menezes. O que não aconteceu. 

Empréstimo ao Náutico

Rony não decolou na Raposa. Sem oportunidades, foi emprestado ao Náutico. Aos 20 anos, o atacante mostrava evolução com a camisa do Timbu e buscava aprimorar as finalizações. 

Com boas atuações no time pernambucano, Rony despertou interesse de outros clubes. Em setembro de 2016, a diretoria celeste chegou a recusar uma proposta de US$ 600 mil (aproximadamente R$ 2 milhões) para um time árabe.  

No Náutico, foram 14 gols em 51 jogos. 

Ida para o Japão

Em dezembro de 2016, o Albirex Niigata, do Japão, investiu R$ 4 milhões por 80% dos direitos econômicos de Rony, para um contrato de empréstimo de um ano, mas com cláusula de renovação por mais três. 

Apesar do rebaixamento do clube para a Série B japonesa, o atacante conseguiu se destacar marcando sete gols em 32 jogos, além de apresentar dribles e velocidade – características marcantes do atleta atualmente. 

A queda para Segunda Divisão fez com que Rony tentasse o retorno ao futebol brasileiro. Mas o desejo virou um imbróglio judicial. 

Quem vai ficar com Rony?

Era a pergunta que se fazia em janeiro de 2018. Mesmo com o desejo de voltar ao futebol brasileiro, o atacante ainda estaria “preso” ao time japonês. 

O período também coincide com a mudança de gestão no Cruzeiro. Gilvan de Pinho Tavares terminava o mandato de presidente e passava o bastão para Wágner Pires de Sá. 

A atual gestão, com Itair Machado como homem forte do futebol, tentou envolver o atacante na negociação com Bruno Silva, que defendia o Botafogo. O volante jogou pela Raposa, mas Rony nunca atuou pela equipe carioca, mesmo sendo anunciado pelo time da Estrela Solitária como reforço para 2018. Divulgação/Botafogo

O Albirex, ao saber da negociação, exigiu o retorno de Rony ou uma compensação financeira. Nenhuma das duas situações aconteceu. O caso foi parar na justiça. 

Em maio do ano passado, o atleta entrou com uma ação na Fifa pedindo liberação para assinar com outro time. O clube asiático, por sua vez, acusou o jogador de desobediência do contrato de três anos.

Foram sete meses de angústia para Rony. Com futuro indefinido, uma situação já estava acertada. O jogador não atuaria pelo Cruzeiro, independentemente de decisão judicial, por opção da comissão técnica. 

No período, o time celeste, então comandado por Mano Menezes, tinha várias opções de jogadores que atuavam pelas pontas no ataque, como Arrascaeta, Rafinha, David e Rafael Sóbis. Rony sequer foi testado. 

Ainda em maio, a FIFA permitiu que o atacante rescindisse o vínculo unilateralmente com o Albirex Niigata e pudesse seguir sua carreira até que houvesse um julgamento do caso. Rony seguiu e cresceu na velocidade de um furacão. 

O empresário do atleta, Hercules Júnior, lembrou que Itair Machado, vice-presidente de futebol do Cruzeiro, até tentou a permanência de Rony na Toca da Raposa, mas já era tarde. O atacante já estava em Curitiba para assinar com o Furacão. 

“Ninguém acreditou, não deram valor. O Itair (Machado), sim. O Itair lutou até o dia da assinatura do contrato com o Athletico-PR. Mas isso foi decisão nossa. Não posso ser injusto de dizer que não. A gente estava decidido com o Athletico pela postura do Petraglia (presidente do conselho deliberativo do Athletico-PR e homem forte do futebol do furacão) com a gente”, destacou Hercules Júnior. 

Um furacão no Furacão

Após uma consulta jurídica, o Athletico-PR anunciou a contratação de Rony em julho do ano passado. “Livre”, o  atacante decolou no Furacão e conquistou a torcida. 

Se no ano passado era considerado uma espécie de 12º jogador no título da Copa Sul-Americana, nesta temporada Rony se transformou em peça fundamental no esquema de Tiago Nunes na conquista da Copa do Brasil. 

Enquanto Rony desfila talento no Athletico-PR, o Cruzeiro corre atrás de um atacante de velocidade para o elenco. Se em outras temporadas o atacante seria apenas mais um no elenco da Raposa, não é exagero dizer que atualmente o paraense seria titular no time comandado por Rogério Ceni. 

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