Na primeira final da "Era Mineirão", Tostão e Dirceu colocam o Galo na roda

Alexandre Simões - Hoje em Dia
02/04/2014 às 15:45.
Atualizado em 18/11/2021 às 01:54
 (ARQUIVO)

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A decisão do Campeonato Mineiro de 1967, a primeira da Era Mineirão, inaugurado em 1965, reuniu Atlético e Cruzeiro numa série melhor de três. O Galo liderou o campeonato até a penúltima rodada. O título, que parecia garantido, começou a escapar no clássico do returno, quando vencia por 3 a 0, até os 15 minutos do segundo tempo. Numa reação que entrou para a história, o Cruzeiro chegou ao empate adiando a comemoração alvinegra. Nas duas rodadas seguintes, o Galo perdeu um precioso ponto no empate em 1 a 1, com o Villa Nova, que permitiu ao Cruzeiro alcançá-lo na tabela de classificação.   A decisão foi programada para janeiro de 1968, com o primeiro clássico sendo disputado no dia 14 de janeiro. Mais do que uma decisão, esse clássico teve outra importância: Atlético e Cruzeiro estrearam nas telas do cinema. O cinejornal Canal 100, produzido por Carlos Manga, registrou a partida e exibiu os melhores momentos durante a semana, antes dos longa metragens nas salas de cinema do país.   Foi o duelo de duas equipes que seguiam planejamentos distintos. O Cruzeiro era formado por um plantel de jovens jogadores e que tinha como prioridade a forma técnica e o conjunto. Por outro lado, o Atlético apostava num quadro formado por jogadores experientes e num plano de preparação física elaborado por profissionais contratados pelo Clube. Os alvinegros acreditavam que, no futuro, a preparação física iria superar a preparação técnica em nosso futebol. E essa tendência iria se confirmar a partir da década seguinte.   O Cruzeiro pretendia vencer a decisão para conquistar um tricampeonato, mas para isso teria que quebrar um tabu. O Atlético não perdia decisões diretas de título desde 1951, quando foi derrotado pelo Villa Nova. O Galo havia vencido seis finais consecutivas, sendo três contra o Cruzeiro, em 1954, 1956 (que teve o título dividido) e de 1962. As outras foram em 1953, contra o Villa, e em 1958, contra o América.   No primeiro jogo da decisão do Estadual de 1967, o Atlético teve um pênalti marcado ao seu favor, logo aos 4 minutos, mas o goleiro Raul defendeu a cobrança do atacante Ronaldo. A partir desse lance, o destaque da partida foi o ponta-direita Natal, do Cruzeiro. O "Diabo Loiro" marcou dois gols e ainda provocou o gol contra do zagueiro Vander. O atacante Buião marcou o gol do Atlético.   O segundo jogo da decisão foi no dia 21 de janeiro. Apesar de não ter sido filmado pelas câmeras do Canal 100, o jogo foi uma exibição cinematográfica do Cruzeiro. O Atlético conseguiu equilibrar as ações até os primeiros quinze minutos de jogo, mas a partir daí o Cruzeiro impôs seu estilo "rápido e rasteiro".   Tostão abriu o placar aos 41 e Dirceu Lopes ampliou aos 45. Na etapa final, após o terceiro gol marcado por Evaldo, aos 22 minutos, o time cruzeirense aplicou um "olé" histórico, enquanto a torcida cantava "está chegando a hora". Num momento da partida, o time tocou a bola, de pé em pé, fazendo ela ir e voltar do ataque para a defesa por duas vezes, sem que os atleticanos conseguissem interceptar. A vitória então encerrou a série sem a necessidade de uma terceira partida e confirmou o tricampeonato celeste.      ATLÉTICO 1 X 3 CRUZEIRO   ATLÉTICO: Luisinho (Mussula), Canindé, Vander, Grapete, Décio Teixeira; Wanderley, Amauri; Buião, Beto (Adilson), Ronaldo e Tião. Técnico: Fleitas Solich CRUZEIRO: Raul, Pedro Paulo, Vicente, Procópio e Neco; Zé Carlos, Dirceu Lopes; Natal, Evaldo, Tostão e Hilton Oliveira.  Técnico: Orlando Fantoni   DATA: 14 de janeiro de 1968 LOCAL: Mineirão MOTIVO: Primeira partida da decisão do Campeonato Mineiro de 1967 GOLS: Natal, aos 18, e Vander (contra), aos 36 minutos do primeiro tempo; Buião, aos 19, e Natal, aos 24 minutos do segundo tempo ARBITRAGEM: Armando Marques (SP), auxiliado por Eraldo Gôngora (SP) e Wilson Antônio Medeiros (SP) PÚBLICO: 86.977 pagantes RENDA: Ncr$ 248.895,00     CRUZEIRO 3 X 0 ATLÉTICO   CRUZEIRO: Raul; Pedro Paulo, Vicente, Procópio, Neco; Zé Carlos, Dirceu Lopes; Natal, Evaldo, Tostão e Hilton Oliveira. Técnico: Orlando Fantoni ATLETICO: Hélio; Canindé, Vander, Grapete, Décio Teixeira; Wanderley, Amauri; Buião, Ronaldo, Lacy (Beto) e Tião. Técnico: Fleitas Solich   DATA: 21 de janeiro de 1968 LOCAL: Mineirão MOTIVO: Segunda partida da Decisão do Campeonato Mineiro de 1968 GOLS: Tostão, aos 41, e Dirceu Lopes, aos 45 minutos do primeiro tempo; Evaldo, aos 22 minutos do segundo tempo ARBITRAGEM: Armando Marques (SP), auxiliado por Eraldo Gôngora (SP) e Wilson Antônio Medeiros (SP) PÚBLICO: 79.981pagantes RENDA: Ncr$ 236.996,00

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