O capitão do bi da Libertadores relembra o histórico feito

Pedro Artur - Do Hoje em Dia
13/08/2012 às 07:23.
Atualizado em 22/11/2021 às 00:24
 (Arquivo/Hoje em Dia)

(Arquivo/Hoje em Dia)

Ele levantou a taça do bicampeonato da Copa Libertadores. Quinze anos depois, completados hoje, o capitão Wilson Gottardo recorda, ainda emocionado, a caminhada do Cruzeiro até a conquista do mais importante torneio das Américas, com a vitória sobre o Sporting Cristal (Peru) por 1 a 0, em 13 de agosto de 1997, para mais de 95 mil pagantes, que lotaram o Mineirão. Para o ex-zagueiro, um dos líderes daquele grupo, o título ficou mais palpável após a Raposa eliminar outro brasileiro, o rival Grêmio. E revela que o desprezo dos gaúchos também contribuiu para dar moral ao elenco estrelado na busca pelo bi. “Depois que eliminamos o Grêmio, eles, lá no Rio Grande do Sul, falavam que o Cruzeiro não seria capaz de ser campeão. Para mim, aquilo acabou tornando-se um desafio pessoal”, lembra o ex-zagueiro, por telefone, de sua residência no Rio de Janeiro.

Indicado pelo técnico Paulo Autuori, com quem havia trabalhado na conquista do Brasileiro pelo Botafogo, em 1995, Gottardo assumiu o posto de capitão e, por sua liderança e experiência, contribuiu de forma decisiva para o sucesso do esquadrão celeste. Aos 49 anos, ele sabe da importância do seu gesto, de levantar o troféu, 21 anos depois de Wilson Piazza, em 1976, a primeira Libertadores. “Estou na história do clube”, resume.

Desde que há quatro anos trocou a vida de empresário pela de técnico, Wilson Gottardo (fez estágio no Cruzeiro com Adilson Batista) diz ter um sonho: um dia treinar o Cruzeiro. “É um objetivo de vida profissional. Um dia vou dirigir o Cruzeiro, esse dia ainda vai chegar”, confia o treinador, acrescentando que o momento atual é de Roth.

Na comemoração dos 15 anos do bicampeonato, o que vem, em primeiro, em sua lembrança?

Depois que eliminamos o Grêmio, eles, lá no Rio Grande do Sul, falavam que o Cruzeiro não seria capaz de conquistar o título. Para mim, aquilo acabou tornando-se um desafio pessoal. Aquilo ficou engasgado.

E qual foi a reação do grupo?

Isso nos deu mais força, motivou ainda mais. Pois era como se não fôssemos merecedores da classificação no Olímpico, em Porto Alegre.

Qual o momento em que, por experiência, acreditou que seria possível a conquista do bicampeonato?

Foi, justamente, após os duelos contra o Grêmio. Porque o Grêmio tinha toda uma história de conquistas na década de 1990. Era um time forte e que se impunha, já o chamavam, naquela época, de copeiro. Mas, quando eliminamos um adversário desse porte, com toda essa tradição, adquirimos ainda mais confiança e também respeito dos outros times do torneio. Isso porque o Grêmio era um dos favoritos ao título. Então os nossos adversários passaram a ter ainda mais respeito do Cruzeiro. Isso é tanto verdade que até hoje o Cruzeiro é muito temido em competições sul-americanas. Essa camisa azul impõe muito respeito aos adversários na América do Sul. E essa história tem muita relação com aquela conquista da década de 1990.

Qual foi o outro segredo daquele título?

O Cruzeiro sempre soube, naquele momento, disputar os mata-matas. Jogávamos de acordo com as dificuldades que enfrentávamos nas partidas. Sempre estávamos um passo à frente, nunca deixamos de perder de vista nossos adversários. E, no momento certo, a gente liquidava os jogos. Era um time que sabia o que queria.

Você chegou ao Cruzeiro para a segunda fase da Libertadores, indicado pelo técnico Paulo Autuori, com o qual já tinha sido campeão brasileiro pelo Botafogo, em 1995. Essa parceria voltou a dar resultado...

Acredito que o Paulo (Paulo Autuori) achou que eu tinha muito para contribuir não só com ele, mas com o todo o grupo tanto na parte de liderança quanto técnica. Mesmo porque eu já tinha disputado duas Copas Libertadores, uma pelo Flamengo, e outra pelo Botafogo. Já tinha uma certa experiência nesse tipo de competição. O Flamengo não estava no momento certo para decidir, e fomos eliminados pelo São Paulo no mata-mata. Já o Botafogo desmantelou o grupo campeão brasileiro de 1995. O Cruzeiro manteve uma base (o time estrelado foi campeão da Copa do Brasil de 1996 e praticamente segurou o grupo para a Libertadores do seguinte) e contratou alguns reforços, como no meu caso.

E as finais contra o Sporting Cristal?

Na reta final da competição o time estava bastante confiante. Fomos para os dois jogos com esse espírito. Enfrentamos uma pressão em Lima, isso até que foi bom para o jogo da volta no Mineirão.

Você ainda lembra o que passou em sua cabeça quando levantou o troféu do bi para o Mineirão lotado?

Era ter a certeza de fazer parte da história do Cruzeiro. Ali estava escrevendo meu nome. E ter esse objetivo alcançado é muito gratificante.

E como é o seu relacionamento com a torcida do Cruzeiro?

É o que mais sinto saudade. Não sinto saudade de jogar nem de treinar, mas do amor, da paixão, também das críticas dos torcedores. Joguei no Flamengo, no Botafogo, mas a torcida do Cruzeiro manda mensagens para mim quase que diariamente. E isso me dá muito orgulho.

Há pelo menos quatro anos você abraçou a carreira de treinador. Tem algum sonho?

É um objetivo de vida profissional que tenho. Um dia ainda vou dirigir o Cruzeiro no momento certo; esse dia ainda vai chegar. Não quero, de forma alguma, criar pressão sobre qualquer treinador no clube. Sei que hoje o o momento é do Celso Roth. Mas tenho esse sonho de um dia treinar o clube por sua história, sua estrutura.

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