Tinga se despede do futebol e revela identificação com o Cruzeiro

Hoje em Dia
30/04/2015 às 18:16.
Atualizado em 16/11/2021 às 23:51
 (Washington Alves)

(Washington Alves)

Ícone do Cruzeiro tanto dentro, quanto fora dos gramados, Tinga colocou um ponto final na sua carreira. Nesta quinta-feira (30), o volante de 37 anos concedeu uma entrevista coletiva na sala de imprensa na Toca da Raposa II na qual explicou sua decisão de pendurar as chuteiras e comentou sobre seu futuro. O agora ex-jogador aproveitou para agradecer a torcida celeste, a qual afirmou ser mais um integrante.   "Desde o primeiro dia que cheguei, me envolvi com o Cruzeiro. Completei três anos de clube e parece que foram dez. Fui presenteado. Tive o privilégio de ser escolhido para jogar no Cruzeiro", afirmou o ex-jogador em um ponto da entrevista.   Tinga iniciou sua carreira no Grêmio, em 1997. Após deixar o tricolor gaúcho, o jogador passou por Kawasaki Frontale (JAP), Botafogo, Sporting Lisboa (POR), Internacional e Borussia Dortmund (ALE), antes de chegar ao Cruzeiro, em 2012.   Pelo time estrelado, Tinga faturou dois Campeonatos Brasileiros, em 2013 e 2014, e um Campeonato Mineiro, também em 2014. No total, ele disputou 65 jogos e anotou dois gols.   Além dos títulos pela Raposa, o volante faturou duas Copas do Brasil, duas Libertadores, uma Recopa Sul-Americana, uma Supercopa da Alemanha, uma Copa Sul e cinco Campeonatos Gaúchos.    Abaixo você confere os principais pontos da entrevista.   Passagem pelo Cruzeiro   "Gostaria de agradecer aos torcedores. Eles que fazem o Cruzeiro ser grande. Queria agradecer também a pessoal que não aparece, da grama, da portaria. O futebol não é só quem vai a campo, sempre tive isso na minha vida. No futebol, as coisas mais importantes ocorrem de segunda a sábado. No domingo, dia do jogo, não tem tempo de fazer muita coisa."    Identificação   "Tenho mais intimidade com o Cruzeiro. Todos ficam assustados quando falo isso, já que sabem que sou colorado. Mas o que tive no Cruzeiro foi inesquecível. E tive aqui a realização de poder terminar (a carreira) em um time grande. Eu tinha um sonho de me tornar jogador e dar uma casa para a minha mãe, a vida me deu mais que eu imaginava".    Amizades   "A ligação foi tão forte no grupo que temos uma amizade muito grande, não parece que separamos. Não cheguei a pensar como vai ser isso (distanciamento), sempre que tem folga a gente se encontra, estamos muito próximos. O que vivemos no Cruzeiro foi uma amizade muito forte que foi até levada para dentro de campo. Alguns falam para eu não parar, uns brincaram, mandaram eu parar por uns 10 anos e depois voltar. Vai ser assim também em relação aos funcionários. Acho que vou ser uma cara bastante visto aqui dentro. Vocês ainda vão me ver bastante aqui na Toca, pela ligação que tive no Cruzeiro".   Lesão e o fim da carreira   "Sempre fui intenso no Cruzeiro. Em termos de momento ruim, foi após a minha lesão, os 30 minutos da Toca até o hospital foi o momento mais difícil. Não tinha machucado gravemente, até então, e ali eu comecei a ver que podia ser a hora de parar. Mesmo já recuperado hoje, ali eu senti que era o momento, que eu ia me recuperar, que ia acabar o contrato e ia parar de jogar. Agradeço a Deus até nisso, porque ali (na lesão) foi a oportunidade que tive de olhar o futebol de fora para dentro, isso me preparou para que eu pudesse tomar essa decisão muito tranquilamente".    Racismo   "Isso fortaleceu a afinidade com o torcedor e o grupo de jogadores. Aquilo deveria ser algo que muitos se abalassem, mas foi uma coisa que encarei de forma normal. Não se deve encarar de forma normal aquilo, mas, pelo apoio que tive aqui e pela base familiar, a coisa foi tratada deste jeito (normal). Qualquer assunto que se fala de racismo no esporte se lembra daquele caso, que desencadeou outros. Sou mais um ser humano que sempre quer o bem de todos em todas as áreas, mas não peguei isso para me promover. Dentro do futebol, mesmo pequeno, não fui craque, mas vivi coisas que muitos craques não viveram. Estou aí, sempre que for chamado para falar deste assunto, será sempre com a conotação de igualdade em todas as áreas e classes".    Futuro    "Eu quero tocar minha vida particular, minhas coisas. Tenho uma agência de turismo e tenho outros negócios em Porto Alegre. Não deixando, lógico, de estudar, para agregar conhecimento. Estou fazendo curso de gestão à distância, com aulas presenciais. Estou indo à Alemanha ver a final da Copa da Alemanha e já fico para a final da Liga dos Campeões, mas nada comprometido ou focando. Tenho duas certezas que não quero, que é ser treinador nem empresário de futebol, isso eu sei que não quero. Não estou capacitado para isso. O resto é se preparar e se acontecer algo dentro do que imagino de ética, de trabalho de projeto, não tem por que não pensar, mas tenho outros negócios que têm corrido muito bem e tenho a família, que é minha maior riqueza". 

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