
A trajetória de Japa no Cruzeiro ganhou força a partir do fim de 2023, quando o clube atravessava um dos momentos mais delicados da temporada. Em queda livre no Campeonato Brasileiro e pressionado pela ameaça de rebaixamento, o time reencontrou o equilíbrio ao vencer o Atlético na Arena MRV. O clássico marcaria não apenas a retomada da equipe, mas também a estreia do volante no profissional. Na ocasião, o então treinador Paulo Autuori elogiou publicamente o jovem, destacando sua personalidade, maturidade e postura em um jogo decisivo fora de casa.
Natural de Goianinha, no Rio Grande do Norte, Japa chegou ao Cruzeiro aos 13 anos, em 2017, e construiu uma formação sólida na Toca da Raposa. Pela base, conquistou a Copa do Brasil Sub-20, em 2023, e o bicampeonato Mineiro Sub-20, em 2022 e 2023. No ano de sua estreia profissional, recebeu dois prêmios individuais de destaque no futebol mineiro: o Troféu Guará e o Troféu Telê Santana, ambos como Revelação. Fora de campo, mantém uma rotina reservada — é casado, não tem filhos e geralmente passa o tempo livre em casa ou jogando futevôlei.
A rápida ascensão sofreu um freio em 2024, quando Japa enfrentou lesões que o impediram de dar sequência à evolução. Primeiro, uma fratura causada por pancada; depois, uma lesão no tendão da coxa, considerada por ele a mais difícil da carreira. O volante afirma que nunca havia enfrentado problemas físicos graves na base, o que tornou o processo ainda mais desafiador. Nesse período, o apoio do técnico Leonardo Jardim funcionou como um ponto de estabilidade. Segundo o jogador, o treinador esteve presente em todas as etapas da recuperação, reforçando a importância do foco e da confiança.
Mesmo com as interrupções, Japa voltou a atuar na reta final do Campeonato Brasileiro e recebeu elogios públicos de Cássio, que destacaram sua entrega e regularidade. O volante afirma que a convivência com jogadores experientes tem sido determinante para o seu amadurecimento no elenco. Ele cita nomes como Lucas Romero, Matheus Pereira, Villalba, Lucas Silva e Fabrício Bruno como referências diárias, além de reforçar sua gratidão pelo apoio que tem recebido.
Em retomada do ritmo competitivo e projetando a próxima temporada, Japa acredita que seu papel será cada vez mais importante em um ano que terá calendário reduzido e alta exigência física. Nesta entrevista ao Hoje em Dia, ele revisita sua formação, comenta a fase recente e detalha como pretende contribuir com o Cruzeiro daqui para frente.
Depois de um período marcado por lesões, como você avalia o seu momento atual no Cruzeiro e o caminho até recuperar ritmo e confiança para voltar a ajudar a equipe?
Foi um período muito difícil para mim. Nunca tive histórico de lesão muscular, sempre me cuidei e nunca tinha enfrentado algo grave na base. Ano passado sofri uma fratura em um lance de pancada, algo que pode acontecer com qualquer um. Este ano tive a lesão no tendão da coxa, que foi a mais complicada. Mas tive total apoio do Jardim, que sempre conversava comigo e dizia para eu ficar tranquilo. Hoje me sinto bem e pronto para ajudar o time. O ritmo e a confiança vou ganhar com o tempo, a cada partida. Quero retribuir em campo todo o carinho e apoio que recebi da torcida nos momentos mais difíceis.
Você teve participação importante na reta final do Brasileiro e recebeu elogios públicos do goleiro Cássio. Como essas demonstrações de confiança impactam sua evolução?
Fiquei surpreso e feliz com os elogios. O Cássio é um grande atleta, vencedor e líder, uma referência para mim. Aquilo foi um grande combustível para continuar trabalhando forte, buscar meu espaço e ajudar o Cruzeiro. Sou muito grato a ele pelo apoio e pelo carinho.
Quais são os pontos que você destacaria do trabalho do técnico Leonardo Jardim e como os métodos dele contribuem para o seu desenvolvimento?
O Jardim é um treinador fora de série. Ele conversou comigo várias vezes durante a recuperação e depois, sempre me tranquilizando e transmitindo confiança para exercer em campo as funções que ele pede. Ele sempre diz que cada treino tem que ser melhor que o último e cada jogo tem que ser melhor que o anterior. Passou o jogo? Leva as coisas boas para o próximo e trabalha nas ruins. Essa mentalidade tem contribuído muito para o meu desenvolvimento.
A semifinal contra o Corinthians promete ser um dos jogos mais importantes da temporada. Como tem sido a preparação do grupo?
No momento estamos focados no Brasileiro, jogo a jogo. Mas existe uma expectativa grande da torcida e de todos em relação à Copa do Brasil. São jogos decisivos e valem vaga na final. Com certeza o grupo estará 100% mobilizado para a semifinal, assim como esteve nas quartas, contra o Atlético, e nas fases anteriores.
Você cresceu na base do clube e hoje convive com jogadores experientes. O que mais tem aprendido com essas referências no elenco?
Nosso elenco é muito qualificado, e é bom trabalhar com jogadores assim porque tudo flui melhor dentro de campo. Temos atletas com carreiras consolidadas, que são referência para mim. O Lucas Romero sempre me apoia e me ajuda muito. O Matheus Pereira e o Cássio também me apoiam. O Villalba conversa bastante comigo e virou um grande amigo. O Lucas Silva e o Fabrício Bruno são referências pela trajetória, também foram crias da Toca e construíram belas carreiras. São jogadores que me inspiram.
Qual sua expectativa pessoal para os últimos compromissos do ano e onde acredita que pode contribuir mais?
Minha expectativa é sempre evoluir e ajudar o Cruzeiro. Como joguei pouco nos últimos dois anos, é natural estar sem ritmo, mas vou recuperando pouco a pouco. Estou tranquilo e pronto para ajudar.
Com a Copa do Mundo no calendário e uma temporada curta, o Cruzeiro vai precisar de elenco numeroso em 2026. Como você se prepara para disputar espaço?
Com dedicação, trabalho, foco e profissionalismo. Foi assim que superei momentos difíceis e é assim que pretendo ajudar o Cruzeiro dentro de campo.










