Há exato um ano, em 29 de abril de 2024, o empresário Pedro Lourenço oficializou a compra de 90% das ações da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) do Cruzeiro, assumindo o controle do clube em acordo firmado com o ex-jogador Ronaldo. Desde então, sua gestão tem sido marcada por altos investimentos no elenco e controvérsias envolvendo declarações públicas, interferências técnicas e dificuldades dentro de campo.

Logo após assumir o comando, Pedrinho iniciou uma série de contratações, totalizando 21 reforços até o início de 2025, com destaque para nomes como Cássio, Gabigol e Dudu. Os gastos com contratações e renovações ultrapassaram R$ 240 milhões, valor significativamente superior ao praticado na gestão anterior. A política agressiva de reforços, no entanto, não trouxe resultados imediatos em campo.

O Cruzeiro ficou fora da Copa Libertadores após perder a final da Sul-Americana para o Racing e terminou o Campeonato Brasileiro de 2024 sem a vaga desejada na principal competição continental. A equipe também foi eliminada na semifinal do Campeonato Mineiro de 2025, sob o comando de Leonardo Jardim, técnico contratado após as saídas de Fernando Seabra e Fernando Diniz, que também enfrentaram turbulências internas.

Nos bastidores, declarações de Pedro Lourenço geraram desconforto no elenco. Em entrevista ao jornal O Tempo, o gestor admitiu erros nas contratações e afirmou que “alguns jogadores não deveriam ter sido contratados”. A fala teve repercussão negativa entre os atletas e profissionais do clube, sendo interpretada como tentativa de transferir responsabilidade, já que o próprio Pedrinho participou diretamente de parte das escolhas.

Um episódio que repercutiu de forma negativa foi a divulgação de um áudio em que Pedro Lourenço teria pressionado o então técnico Fernando Seabra a escalar reforços recém-contratados. O caso evidenciou um comportamento recorrente de interferência na comissão técnica, o que também teria contribuído para o desgaste de Fernando Diniz, que deixou o clube insatisfeito com a condução da diretoria.

Além disso, um vídeo em que o gestor faz gestos considerados indicativos da saída do atacante Dudu gerou críticas nas redes sociais. A torcida reagiu com preocupação à forma pública e pouco estratégica com que certas decisões são comunicadas. A situação de Dudu foi agravada após ele ser afastado do elenco, fato também atribuído a desentendimentos com o comando técnico.

O ambiente interno no Cruzeiro tem oscilado desde a virada do ano. A chegada de Leonardo Jardim foi acompanhada por declarações do técnico apontando que o elenco herdado não atendia às suas expectativas. Apesar disso, apenas o atacante Wanderson foi contratado com seu aval até o momento, e os resultados iniciais sob seu comando incluem derrotas pesadas para Mushuc Runa, na Sul-Americana, e para o Internacional, no Brasileirão.

A elevação nos custos operacionais do clube também passou a ser um ponto de debate entre conselheiros e parte da torcida. Comparado à gestão anterior, comandada por Ronaldo, os gastos com folha salarial e aquisições foram significativamente ampliados, sem que os resultados esportivos acompanhassem esse crescimento.

O estilo de Pedro Lourenço, mais próximo da postura de torcedor do que de dirigente, tem sido alvo de críticas dentro e fora do clube. A combinação entre declarações públicas impulsivas, interferência técnica e resultados irregulares construiu um cenário de instabilidade, mesmo diante de um bom início no Campeonato Brasileiro de 2025. A expectativa agora gira em torno da reação do elenco e da direção frente à pressão por resultados consistentes nas competições em andamento.

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