De hexa da Copa do Brasil às contas para evitar a Série C: a derrocada do Cruzeiro em dois anos

Alexandre Simões
@oalexsimoes
17/10/2020 às 15:19.
Atualizado em 27/10/2021 às 04:49
 (Vinnicius Silva / Cruzeiro)

(Vinnicius Silva / Cruzeiro)

Apenas dois anos separam os inéditos hexa e bi, em sequência, da Copa do Brasil, garantidos pelo Cruzeiro em 17 de outubro de 2018, com um 2 a 1 sobre o Corinthians, na Neo Química Arena, em São Paulo, da vice-lanterna da Série B do Campeonato Brasileiro, ocupada pelo time neste momento.

Fruto da fraudulenta gestão de Wagner Pires de Sá, que teve como homens de “confiança” Itair Machado, vice-presidente de futebol, e Sérgio Nonato, diretor geral, o título de 2018 carrega uma “grande culpa” pela maior crise da história cruzeirense.Vinnicius Silva / CruzeiroO presidente raiz, idolatrado por grande parte da torcida do Cruzeiro, fez o clube chegar a uma dívida de R$ 1 bilhão, com R$ 400 milhões de prejuízo apenas em 2019

A conquista, no primeiro ano de gestão de Wagner Pires, deixou a torcida em estado de êxtase, e uma prova disso é a recepção ao time campeão em 18 de outubro, com Belo Horizonte parando por causa da festa.

Apesar de o título garantir ao clube R$ 50 milhões, numa premiação total que chegou aos R$ 62 milhões, a sangria do clube era tão grande que não foi suficiente para o Cruzeiro colocar as contas em dia. Muito pelo contrário. O prejuízo no ano beirou os R$ 30 milhões. E era para ser quase três vezes maior, pois foi lançada no balanço, de forma ilegal, a venda de Arrascaeta ao Flamengo, por quase R$ 60 milhões, que aconteceu na verdade em janeiro de 2019.

Em coletiva, no dia seguinte à sua reeleição, o atual presidente do clube, Sérgio Santos Rodrigues, derrotado por Wagner em outubro de 2017, disse que se tivesse vencido aquela eleição dificilmente o Cruzeiro teria chegado ao hexa da Copa do Brasil, pois ele já tinha o dignóstico de que os gastos com o time de futebol eram muito acima das possibilidades do clube.

Banheira

Blindada pelo título da Copa do Brasil, que promoveu o escudo da torcida, que sonhava com mais ainda após as contratações de Rodriguinho e Pedro Rocha em 2019, e apoiada por um Conselho Deliberativo em sua parte omisso e que tinha 30 de seus integrantes recebendo do clube, a diretoria de Wagner Pires de Sá, presidente que comemorou o título diante do Corinthians dentro de uma das banheiras do vestiário,  teve o caminho livre para gerar no ano passado um prejuízo de quase R$ 400 milhões, o maior da história do futebol brasileiro em todos os tempos.

E se não foi maior porque um dossiê foi feito por funcionários, repassados a membros da oposição e acabou sendo a base de uma matéria em 26 de maio de 2019, no Fantástico, que foi o fio da meada para a queda de Itair, Serginho e Wagner Pires, que renunciou em dezembro, após o clube já ter sido rebaixado à Série B.

Denunciados pelo Ministério Público à Justiça nesta semana, os ex-dirigentes responderão por uma pequena parte do prejuízo provocado ao Cruzeiro, que dois anos depois de se tornar o maior campeão da Copa do Brasil, e o único a vencer o torneio por dois anos consecutivos, faz as contas para evitar o rebaixamento à Série C do Campeonato Brasileiro.

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