
De pele preta, origem humilde, batalhador, viúvo de dona Maria Conceição, pai, avô, bisavô e, para completar, alvinegro de coração. Figura icônica da pequena Virgolândia, município do Vale do Rio Doce, o senhor Miguel Rodrigues há tempo se tornou também símbolo para a torcida do Atlético, clube que aprendeu a amar ao longo dos 80 anos de vida; curiosamente, sem nunca ter ido a um jogo sequer.
Conhecido pela simpatia - esta que, com intimidade dá lugar à timidez -, pelos botões abertos da camisa, pelos conselhos dados aos mais jovens, e pelos pés, sempre descalços, este lavrador nascido em 1940 "hitou" na internet após ser registrado por um conterrâneo que, além de fotógrafo profissional, se tornou um grande amigo.
Na imagem, compartilhada milhares de vezes nos últimos anos, sr. Miguel aparece ao lado do cachorro Valente e próximo ao símbolo do Atlético, pintado na parede da casa de um dos filhos; ele mora num barracão localizado no mesmo lote. Pai e avô de oito (dezesseis ao todo), e bisavô de outros vinte, o dono da égua branca mais conhecida de Virgolândia, a Boneca, a partir de agora passa a ter identidade desvendada também para aqueles que sempre se perguntaram: "quem é este senhor?".
"Ele mexia com agricultura. Era lavrador, vaqueiro e fazia de tudo na vida. Hoje, aposentado, trabalha mais na roça. Na lida do campo. Ele aprendeu a torcer para o Atlético ao longo dos anos, trabalhando de fazenda em fazenda. Não tinha recursos para poder ter rádio e televisão naquela época. O amor veio através dos filhos, que são em maioria atleticanos e estão mais próximos sempre", conta Lucimar Rodrigues, um deles, ao Hoje em Dia.

O dono do olhar
Assim como sr. Miguel, o fotógrafo que registrou aquele momento tão singelo, mas que ganhou proporção imensa nas redes sociais, também merece ser conhecido. E foi por isso que a reportagem também decidiu encontrá-lo.
O fotojornalista Nidin Sanches, nascido na mesma Virgolândia, atualmente mora em São Paulo. Apaixonado por registrar personagens, desde o início da profissão, ele também acumula entre as obras um vasto arquivo de fotos de torcedores do Atlético.
De 2007 a 2010, o profissional eternizou rostos de torcedores que ocupavam os setores populares do Antigo Mineirão. Após este período, o Gigante da Pampulha foi fechado e passou por um processo de modernização, visando a Copa do Mundo de 2014. Com a Arena e seus ingressos mais caros, cada vez menos foi possível ver estas pessoas in loco.
"Seu Miguel é um grande amigo de coração. Somos da mesma cidade. É uma espécie de pai, de irmão, e um mandingueiro que dá conselhos para a vida. Sempre o visito quando vou à cidade", conta Nidin, que também trabalhou em alguns veículo da capital mineira, antes de se mudar para a "Terra da Garoa" há três anos.
"No dia que o filho dele fez aquele escudo do Galo, fui lá fotografar. Subi num morrinho e fiz com o celular mesmo. Ele (Miguel) apareceu com o cachorrinho e eu não perdi a oportunidade", finaliza.
— Jornal Hoje em Dia (@jornalhojeemdia) June 12, 2020Já faz uns anos que a imagem de um senhor, atleticano, faz sucesso nas redes. O registro do fotógrafo Nidin Sanches, feito em 2013, despertou a curiosidade de muitos que, desde então, querem saber a história do marcante personagem.
E é ela que o HD conta nesta sexta (12): pic.twitter.com/w4gFYyMtN7