'Despreocupado' com investigações, Wagner Pires diz que não fez 'dívidas novas' no Cruzeiro

Guilherme Piu*
Hoje em Dia - Belo Horizonte
11/02/2020 às 15:09.
Atualizado em 27/10/2021 às 02:35
 (Reprodução/TV Band)

(Reprodução/TV Band)

Reprodução/TV Band

Desde que Wagner Pires de Sá renunciou ao cargo de presidente do Cruzeiro após muita pressão popular, o ex-dirigente ainda não havia aparecido de forma contundente para pelo menos tentar explicar o fracasso de sua gestão, tanto no âmbito financeiro quanto esportivo. E quando o fez, o discurso não se aproximou nem um pouco da realidade atual do clube.

Segundo o ex-presidente da Raposa não foram feitas novas dívidas durante o período em que ele ocupava a cadeira presidencial no Cruzeiro. 

"Eu não fiz nenhuma dívida nova, falo isso porque todas as contratações que fizemos, nós pagamos, todas foram acertadas. Eu subi o nosso orçamento da ordem de R$ 240 milhões, para quase R$ 370 milhões e com esse dinheiro deu para pagar as nossas contratações e despesas correntes", disse Wagner Pires de Sá em entrevista ao "Os Donos da Bola", da TV Band Minas. 

A atração da TV mineira exibia durante o programa uma entrevista gravada com Wagner Pires de Sá. Durante comentário dos presentes ao programa o ex-dirigente celeste não gostou das ponderações feitas e entrou em contato direto com o canal. E daí fez nova aparição, mas dessa vez ao vivo. 

Ainda sobre dívidas o ex-mandatário da Raposa disse que não conseguiu pagar durante sua gestão os juros de dívidas antigas, deixadas por outras administrações. E que houve a tentativa de "estancar a sangria" por meio de um empréstimo internacional (de R$ 300 milhões e que chegou a ser aprovado pelo conselho administrativo do clube), mas interferências políticas o impediram de concluir o negócio.

"O que eu não consegui foi pagar dívidas anteriores e só elas, contando com o juros e encargos, estavam na casa de R$ 80 milhões ao ano. Isso foi o que nos apertou, por isso é que eu falei que uma das soluções era pegar um empréstimo externo para estancar essa sangria. Essa era uma das soluções para limpar o Cruzeiro e começar com vida nova. Infelizmente, fomos prejudicados por pessoas que tentaram denegrir a nossa imagem e a do Cruzeiro. O mercado financeiro não aceita desaforo, eles simplesmente pararam com o empréstimo que estava acertado. íamos pagar cerca de 8% ao ano, o que daria para ter um orçamento com qualidade", explicou.

Medo da Polícia?

Wagner afirmou ainda que está "despreocupado" com as investigações das autoridades. 

"Estou não só despreocupado, mas  muito satisfeito. Se eles provarem que houve alguma coisa, que os responsáveis sejam punidos, se eu fiz alguma coisa, que eu seja punido, porque eu tenho certeza que pessoalmente e pelos menos daqueles que estavam próximos de mim, eu não vi nenhum desvio de conduta", comentou. 

Caso Fred

Das situações mais complexas vividas pelo Cruzeiro é a dívida com o atacante Fred, que recentemente acionou o clube na Justiça para conseguir rescisão unilteral de contrato. Estima-se que a Raposa deva algo em torno de R$ 31 milhões ao centroavante, contando os R$ 10 milhões da polêmica multa contratual que envolve o Atlético.  

Na visão de Wagner Pires de Sá não foi possível arcar com esses compromissos por causa de denúncias "apócrifas e estapafúrdias" contra sua gestão. 

"Essas dívidas feitas com o Fred, com as intermediações do procurador do Fred foram reprogramadas e conversadas com eles ao longo do tempo. Efetivamente, ao longo do ano, a partir das denúncias apócrifas a nossa gestão, a partir de denúncias a um órgão de comunicação, coisas estapafúrdias contra a nossa gestão, nos prejudicaram muito. Para se ter uma ideia, tínhamos bloqueios diários das contas do Cruzeiro, todas por conta de dívidas trabalhistas anteriores, acordos não cumpridos. Se vocês olharem o orçamento do clube, o que eu criei eu paguei", tentou justificar. 

Só durante o período em que Wagner Pires de Sá presidiu o Cruzeiro foram registradas 67 novas ações trabalhistas contra o clube. Assunto que o Hoje em Dia publicou na última segunda-feira. 

"Felicidade ao torcedor"

O presidente que dirigia o clube durante a maior tristeza sentida pelo torcedor celeste disse ainda em entrevista à Band que sua intenção era dar "alegrias ao torcedor". E que por isso não é possível no futebol atual olhar apenas para o lado financeiro do clube, é preciso pensar nos reforços para o departamento de futebol.

"No futebol, existem duas coisas. Uma é a administração do clube, outra é dar satisfação para esta grande torcida cruzeirense. Se você tiver maus resultados, independentemente da administração que você tiver, será execrado. O presidente tem que olhar para a parte financeira, mas tem que dar aos torcedores uma possibilidade de alegria e precisa de grandes artistas para dar um grande espetáculo. A minha tentativa foi dar alegria ao torcedor", disse. 

Veja outros pontos comentados por Wagner Pires de Sá em entrevista à Band

Pagamento a conselheiros

"Todos estamos sujeitos a errar. Agora, acusaram que eu remunerava conselheiros. Isso é uma prática centenária do Cruzeiro. Eu contratei jogadores para formar um time forte. Vocês jornalistas elogiaram a formação do time. Eu sou hexacampeão da Copa do Brasil. Eu não errei nenhuma vez com a intenção de jogar essa torcida para a segunda"

Direito de transmissão de TV

Uma empresa americana nos ofereceu 800 milhões de dólares de adiantamento para transmitir o Campeonato Brasileiro para a Europa. Nós ainda seríamos sócios em 50 % dos resultados, mas isso não aconteceu, porque existe muito interesse por trás disso.

Colaborou Hugo Lobão

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