Dirigentes de Brasil e Argentina temem clima de torcidas, em especial no basquete

Estadão Conteúdo
Publicado em 11/08/2016 às 10:42.Atualizado em 15/11/2021 às 20:18.
 (Reprodução)
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Quando entrar em quadra neste sábado, o time de basquete masculino de Brasil possivelmente carregará a bandeira azul, branca e dourada da Argentina, enquanto os hermanos deverão portar o pavilhão verde, amarelo e azul anil dos brasileiros.

A troca de símbolos nacionais, na apresentação das equipes ao público, é uma das maneiras cogitadas pelo secretário de Esporte de Alto Rendimento brasileiro, Luiz Lima, e pelo secretário de Esportes, Educação Física e Recreação argentino, Carlos Javier Mac Allister, para acalmar a relação entre as duas torcidas no Rio-2016.

Preocupados com a as provocações mútuas e a rivalidade que podem virar violência, os dois se reuniram nesta quarta-feira para discutir estratégias que promovam a paz entre torcedores dos dois lados.

A preocupação dos dois governos aumentou na última segunda-feira, quando um torcedor brasileiro trocou socos com um argentino na partida de tênis entre o argentino Juan Martín Del Potro e o português João Sousa.

O jogo chegou a ser paralisado por alguns momentos. Lima classificou o caso como “um episódio isolado”, que deveria ser punido com o banimento dos agressores dos Jogos Olímpicos, para que a agressão não volte a acontecer.

Já o secretário argentino se declarou “lamentavelmente surpreso” com o caso porque diz ter percebido um clima de boas relações no Parque Olímpico, na Barra da Tijuca.

Declarou também que o episódio deixa uma imagem ruim da América do Sul para o mundo. Ambos, porém, se mostraram preocupados com a possibilidade de coisa pior acontecer.

Segundo Mac Allister, a rivalidade deixou de ser uma provocação natural na Copa do Mundo de 2014 e passou a preocupar. Durante o Mundial, torcedores brasileiros e argentinos se envolveram em várias discussões e brigas dentro e fora dos estádios.

Aparentemente, a partir de então, a relação entre as duas torcidas piorou muito.

“Argentinos e brasileiros sempre fomos países irmãos, talvez na última Copa se tenha gerado uma rivalidade que, lamentavelmente, nesses dias estamos vendo dentro dos estádios aqui nos Jogos Olímpicos”, disse o argentino. Ele ressaltou que é importante que a rivalidade entre as duas torcidas não vire inimizade.

Na Copa de 2014, torcedores argentinos chamados de barra-bravas, conhecidos por agir de forma violenta, foram monitorados de perto em ação conjunta dos dois governos.

Antes do início da competição, o governo argentino já havia enviado a autoridades brasileiras mais de 2.100 nomes de torcedores com antecedentes violentos. Durante o Mundial, o governo do Brasil acrescentou outros 400 nomes à lista.

Além da ação que deve ser feita no jogo de basquete deste sábado, Mac Allister ainda disse que conversou com o Ministério das Relações Exteriores da Argentina para que os governantes passem mensagens públicas de amizade nos Jogos.

O secretário disse que o presidente argentino Mauricio Macri reforçou o discurso, durante a visita ao Brasil para a abertura da Olimpíada. “O presidente Macri falou sobre a alegria que os argentinos tínhamos que ter com cada triunfo do Brasil", disse.

Para o secretário argentino, os atletas devem aproveitar as entrevistas para incentivar atitudes pacíficas dentro e fora das arenas.

“Não viemos buscar culpados, o que estamos defendo é que não haja discussões nem brigas. Queremos que argentinos e brasileiros se deem a mão”, disse Mac Allister. Os dois pediram a torcedores brasileiros que tirem fotos abraçados com argentinos e postem nas redes sociais.

O secretário Lima ainda disse que é preciso confiar no torcedor, para que não seja necessário separar as torcidas rivais, como acontece nos jogos de futebol no Brasil. Luiz Lima, que é ex-nadador, ressaltou que, para ele, o objetivo dos Jogos Olímpicos é “ter um mundo sem fronteiras”.

Para Lima, já existe uma preocupação de que a terceira edição dos Jogos Olímpicos da Juventude, que acontecerá na Argentina em 2018. “A gente tem mais de 200 países convivendo, na Vila Olímpica, em harmonia. E essa harmonia tem de ir para a arquibancada”, disse.

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