Do Titanic ao Coronavírus: 13 momentos da humanidade vivenciados pelo #Galo112anos

Alexandre Simões e Henrique André
@ohenriqueandre
25/03/2020 às 06:00.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:04
 (Bruno Cantini/Atlético)

(Bruno Cantini/Atlético)

Maior campeão estadual em Minas Gerais e um dos gigantes do futebol brasileiro, o Atlético completa 112 anos nesta quarta-feira (25). Com o futebol paralisado devido à pandemia do Coronavírus, a festa que tradicionalmente agita os torcedores na sede do clube foi transferida para a casa de cada um deles. Em quarentena, as comemorações serão feitas pela internet e com o "hinaço"; a ideia é que os atleticanos coloquem bandeiras e camisas nas janelas e o hino do clube no último volume.

Nestes 112 anos, o Clube Atlético Mineiro testemunhou grandes acontecimentos que mexeram com os quatro cantos do mundo, assim como tem feito o Covid-19; durante estas ocasiões, o clube também colecionou suas histórias. Nesta matéria especial, o Hoje em Dia escolheu 13 delas. Afinal, 13 é Galo!

Confira: Reprodução 

1912 – NAUFRÁGIO DO TITANIC

Em abril, o Titanic, que partiu de Southamptom, na Inglaterra, com destino a Nova Iorque, nos Estados Unidos, naufragou no quarto dia da travessia transatlântica, matando 1.514 pessoas entre passageiros e tripulantes.

No seu quarto ano de vida, o Atlético joga pela primeira vez fora de Belo Horizonte. Em 7 de setembo, como comemoração do Dia da Independência, o clube faz um amistoso contra o Granberyense, no Estádio Largo do Riachuelo, em Juiz de Fora, na Zona da Mata. O time da casa vence por 3 a 0.Centro Atleticano de Memória 

 1914 – PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL

Com seis anos de fundação, o Atlético vence o Torneio Bueno Brandão. Precursor do Campeonato da Cidade (Mineiro). É a primeira competição com registro de disputa no Estado e homenageava o governador da época.

A disputa contou ainda com América e Yale, também da capital, e teve jogos entre 5 de julho e 9 de agosto. Em 28 de julho, começou a Primeira Guerra Mundial, que só foi terminar em 11 de novembro de 1918.

O Atlético conquistou o título vencendo os dois jogos contra o América e ganhando um e empatando o outro diante do Yale.

Uma semana após o término da competição, em 16 de agosto, foi disputada uma partida comemorativa, com o Atlético enfrentando uma seleção formada por jogadores de América e Yale. E venceu por 2 a 0, gols de Meirelles, que tinha sido o artilheiro do Torneio Bueno Brandão, com cinco gols.Reprodução 

1918 – GRIPE ESPANHOLA

Na pandemia de Influenza no início do século passado, o América era a grande força do futebol de Belo Horizonte e jogava o Campeonato da Cidade buscando o tricampeonato. O Atlético, que tinha vencido a primeira edição da competição, em 1915, era a equipe que tinha condições de evitar isso.

Mas não conseguiu. Numa competição que foi marcada pela pandemia, o tricampeonato americano foi conquistado, com os atleticanos sendo vice-campeões. 

1929 – GRANDE DEPRESSÃO

Marcada pela chamada quebra da Bolsa de Nova Iorque, que tem como data padrão 24 de outubro, é considerada o pior e mais longo período de recessão do Capitalismo.

Os indícios do crash da bolsa começaram bem antes, e longe da capital financeira dos Estados Unidos, o Atlético vivia nesse período uma das suas grandes conquistas: a inauguração do Estádio Antônio Carlos, erguido na Avenida Olegário Maciel, onde hoje está o shopping Diamond Mall.

Em 30 de maio de 1929, o Atlético vence o Corinthians por 4 a 2 na partida que marcou a inauguração do estádio. O destaque do confronto foi Mário de Castro, primeiro grande ídolo atleticano e autor de três gols.

A FICHA DO JOGO

ATLÉTICO 4

Osvaldo Perigoso; Chiquinho (Chico Bant) e Binga; Cordeiro, Brant e Ivo Melo; Dalmy, Said, Mário de Castro, Jairo e Geraldino. Técnico: Marinetti.

CORINTHIANS 2

Tuffy; Grané e Del Debbio; Nerino, Amendoim e Bastos; Aparício, Peres, Valeriano, Rato e De Maria. Técnico: Virgílio Montarini.

DATA: 30 de maio de 1929

MOTIVO: Inauguração do Estádio Antônio Carlos

ESTÁDIO: Antônio Carlos

CIDADE: Belo Horizonte

GOLS: Valeriano, aos 15, e Mário de Castro, aos 35 minutos do primeiro tempo; Mário de Castro, aos 7, Said, aos 23, Mário de Castro, aos 35, e De Maria, aos 40 minutos do segundo tempo

ÁRBITRO: César Nunes (SP)

RENDA: 70:000$000 

1939 – SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

O maior conflito da história, que durou até 1945, começou num ano em que o Atlético viveu uma grande conquista: o seu primeiro bicampeonato mineiro na Era do Profissionalismo.

Campeão estadual de 1938, o Galo buscava o bi e tinha o América como grande concorrente. E a taça foi conquistada com uma vitória por 2 a 0 sobre o Coelho, por antecedência, em partida disputada no Estádio do Barro Preto, campo do Palestra Itália, em 11 de fevereiro de 1940, pois o torneio invadiu o ano seguinte; 

1948 – APARTHEID

Forte regime de segregação racial que dominou a África do Sul até 1994, com a eleição de Nelson Mandela à presidência do país, o Apartheid teve início num ano em que o Atlético viveu uma grande decepção: o adiamento do sonho do tricampeonato mineiro.

Já contando com alguns jogadores que integram o grande esquadrão dos anos 1950, o Galo, que tinham vencido o Campeonato Mineiro em 1946 e 1947, perdeu a taça para o América.

E de forma polêmica, pois o Coelho encerrou um jejum de 23 anos sem ser campeão e levantou sua primeira taça na Era do Profissionalismo numa partida que ficou marcada pelo famoso “Gol do Guarda”.

No jogo que decidiu o título, na Alameda, campo do América, os jogadores atleticanos garantiram que um dos gols do adversário, que venceu por 3 a 1, foi marcado na verdade com a ajuda de um Guarda Municipal que estava ao lado do gol defendido por Kafunga.

A partida teve muita confusa, queda de alambrado, invasão de campo, pancadaria, e o adiamento do sonho do tricampeonato pelo Atlético.  

1959 – GUERRA DO VIETÑA

O conflito que durou até 1975, sim, foram 16 anos de guerra, começou quando o Atlético vivia o fim de uma grande hegemonia na chamada Era do Gelo.

De 1950 a 1958, o Galo tinha conquistado sete das nove edições do Campeonato Mineiro disputadas, mas em 1959 amargou um grande fracasso.

Além de ver o rival Cruzeiro voltar a vencer a competição depois de 14 anos de jejum, ainda amargou um quinto lugar no torneio, que teve o América como vice-campeão e Villa Nova (3) e Democrata-SL (4) à sua frente.Arquivo Hoje em Dia 

1969 - CHEGADA DO HOMEM À LUA

“Um pequeno passo para o homem, um grande salto para a humanidade”. Foram com estas palavras  que o astronauta norte-americano Neil Armstrong traduziu a emoção ao se tornar o primeiro ser humano a caminhar sobre a superfície da Lua; fato este acontecido em 20 de julho de 1969. Naquele ano, o Atlético voou alto e, num amisto épico, derrotou a Seleção Brasileira por 2 a 1, no Mineirão. O duelo, realizado em 3 de setembro, serviu para abrir as comemorações de mais um ano da Independência do Brasil e também para comemorar a classificação do Time Canarinho para a Copa de 1970. O triunfo sobre o time formado por Piazza, Gérson, Jairzinho, Tostão, Pelé e companhia, jamais foi esquecido pelos atleticanos, principalmente porque aquela base comandada por João Saldanha se tornaria campeã mundial na temporada seguinte.

A FICHA DO JOGO

ATLÉTICO 2

Mussula; Humberto Monteiro, Grapete, Normandes (Zé Horta) e Cincunegui (Vantuir); Oldair, Amauri Horta (Beto) e Laci; Vaginho, Dario e Tião (Caldeira). Técnico: Yustrich

BRASIL 1

Félix; Carlos Alberto, Djalma Dias, Joel e Rildo (Everaldo); Piazza, Gérson (Rivelino) e Pelé; Jairzinho, Tostão (Zé Maria) e Edu (Paulo César). Técnico: João Saldanha

DATA: 3 de setembro de 1969

MOTIVO: Amistoso

ESTÁDIO: Mineirão

GOLS: Amauri, aos 42 minutos do primeiro tempo; Pelé, aos 50, e Dario, aos 20 minutos do segundo tempo

ÁRBITRO: Amílcar Ferreira (RJ)

PÚBLICO: 71.533 

1989 - QUEDA DO MURO DE BERLIM

A partir de 9 de novembro de 1989, o mundo nunca mais foi o mesmo. Foi nesta data que aconteceu a queda do chamado “Muro da Vergonha”, que no período de 28 anos separou a Alemanha Ocidental da Alemanha Oriental. Naquele ano, o Atlético terminou o Campeonato Brasileiro na oitava colocação. Contudo, no Estadual, o clube alcançou o bicampeonato, 34º de sua história, tendo Afonso Paulino como recém presidente eleito. A temporada também ficou marcada pelo retorno de Éder Aleixo, após frustrada passagem pelo futebol turco, onde defendeu o Malatyaspor. Atualmente, o "Bomba" atua como auxiliar fixo na comissão técnica do alvinegro. 

1991 – A GUERRA DO GOLFO

Num ano marcado pela Guerra da TV, pois as batalhas tinham transmissão ao vivo pela televisão, o Atlético viveu uma temporada especial. No Brasileirão, o time fez grande campanha e chegou às semifinais, sendo eliminado apenas pelo grande São Paulo, de Telê Santana, que foi o campeão.

Em casa, cantou alto e carimbou a faixa do maior rival. Durante o período de disputa do Campeonato Mineiro, o Cruzeiro ganhou a Supercopa dos Campeões da Libertadores.

Mas no Estadual, no hexagonal decisivo, o Atlético venceu o rival no jogo seguinte à conquista da taça internacional e depois, já campeão, na última rodada, repetiu a dose, resultado que deu ao Democrata-GV o vice-campeonato e a segunda vaga mineira na Copa do Brasil do ano seguinte. 

2001 - QUEDA DAS TORRES GÊMEAS

No ano marcado pela queda das torres do World Trade Center e por ataques ao Pentágono, nas ações terroristas comandadas por Osama Bin Laden contra os Estados Unidos, o Atlético ficou no quase. No Campeonato Mineiro, uma decisão emocionante contra o América. Derrotado por 4 a 1 no primeiro duelo, o Galo chegou a fazer 3 a 0 na segunda partida, mas viu Alessandro balançar a rede, deixar o placar no 3 a 1, e frustrar os planos dos alvinegros. No Brasileirão, por sua vez, a decepção foi no ABC Paulista. Com um time recheado de jogadores experientes, comandados por Levir Culpi, o Galo parou na semifinal ao ser eliminado pelo São Caetano. Num jogo em que a chuva transformou o gramado do Anacleto Campanella numa verdadeira piscina, o Azulão levou a melhor e venceu por 2 a 1. 

2006 – MORTE DE SADDAM HUSSEIN

Um dos grandes e cruéis personagens da história, o ditador iraquiano Saddam Hussein, um dos mais sanguinários em todos os tempos, é morto, enforcado, após ser preso por forças comandadas pelos Estados Unidos.

A execução acontece em 30 de dezembro, pouco depois de o Atlético consolidar aquela que talvez tenha sido a maior volta por cima da sua história.

Rebaixado em 2005, o Galo disputa a Série B do Campeonato Brasileiro e garante sua volta à elite do futebol nacional conquistando o título.Bruno Cantini /

2020 - CORONAVÍRUS

No ano em que a pandemia do Covid-19, o novo coronavírus, assusta os quatro quantos do mundo e acumula milhares de mortos e de infectados, o Atlético comemora 112 anos deu uma forma diferente. Após as eliminações precoces na Copa Sul-Americana e na Copa do Brasil e da frustração na aposta no técnico venezuelano Dudamel, o alvinegro tenta ressurgir sob o comando do argentino Jorge Sampaoli, com o apoio do diretor de futebol Alexandre Mattos, que substitui o demitido Rui Costa. Com a paralisação do futebol no país, que ainda não tem data para se encerrar, o clube também não terá a tradicional vigília na Sede. De casa, como recomenda o Ministério da Saúde, os torcedores comemoração o aniversário com um "hinaço". A quarentena será de festa familiar

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