Douglas Santos fala de drama pessoal e do sucesso na lateral do Atlético

Frederico Ribeiro - Hoje em Dia
Publicado em 04/04/2015 às 09:04.Atualizado em 16/11/2021 às 23:30.
 (Lucas Prates)
(Lucas Prates)
O futebol, antes, era apenas uma brincadeira. Na adolescência, virou sinônimo de drama. E depois, no começo da fase adulta, é a origem da felicidade profissional. Douglas Santos foi um achado do Atlético no segundo semestre de 2014. O jovem paraibano resolveu um problema crônico da lateral-esquerda, que já passou nas mãos de inúmeros jogadores com mais experiência, que não deram conta do recado como o atleta de 21 anos.
 
Mas foi por pouco que o Galo não iria nunca usufruir do talento de Douglas. Há sete anos, o então jogador de futsal viu uma entrada violenta fraturar o fêmur. O maior osso do corpo humano, localizado na coxa, impediu o lateral de encostar na bola por 1 ano e 2 meses.
 
Hoje, o drama vivido é apenas recordação. A cicatriz que ele carrega na coxa esquerda (a boa) é tampada pelo calção do uniforme de jogo e treino e enterrada na memória, suplantada pelo sucesso no Atlético, que o deixa com um pé nos Jogos do Rio 2016. Titular absoluto, Douglas Santos está emprestado pela Udinese. Mas são 3 milhões de euros que o separam de ser um dos maiores patrimônios do clube mineiro, em campo.
 
Hoje você é um jogador de sucesso e grande potencial. Mas uma fratura incomum, no fêmur, quase o obrigou a desistir de jogar profissionalmente. Como foi esse drama?
"Eu tinha 14 anos, estava jogando futsal pela minha escola, final do campeonato paraibano. Em um lance violento, sofri uma entrada na coxa e fraturei o fêmur. Fiquei mais de um ano sem jogar (14 meses). O fêmur trincou. Com a muleta, em casa, sofri um escorregão e piorou a situação".
 
Você pensou que era o fim da carreira?
"Assim que o médico falou que tinha quebrado, achei que era o fim. O sonho tinha ido por água abaixo. O doutor tentou tranquilizar, falou que a cirurgia ia ser perfeita e que eu conseguiria jogar. Mas bateu um medo. Era apenas um adolescente e foi complicado lidar com esse drama. Mas me recuperei e fui fazer um teste no Náutico, aquele famoso peneirão, por meio do meu empresário (Roberto Dantas), que ajudou a pagar a minha recuperação e é uma pessoa chave para o meu sucesso".
 
A lesão foi no auge da adolescência, naquele momento que o garoto pensa ou não em seguir carreira. Houve que o desmotivasse?
"No começo lá, vários amigos do meu pai falavam que era para eu desistir. Diziam que eu já tinha 15 anos e não deveria ficar me matando de treinar. E eu tinha que pegar um ônibus que demorava quase 1 hora para chegar em Cabo Branco (bairro de João Pessoa). Mas eu ia para me divertir, isso que me motivava. Hoje, virou meu ganha-pão, minha profissão que eu exerço com prazer".
 
E como foi a ascensão no Timbu?
"Neste teste, passaram apenas 15 minutos e o treinador já me tirou. Pensei: "Meu irmão, agora eu vou parar de jogar mesmo". Fui saindo, mas ele disse: "vai embora não, venha amanhã para fazer o teste de um mês com o grupo". Passei esse tempo, fui ficando e com cinco meses já estava no profissional. Isso em 2011. Só fui estrear no Pernambucano em 2012. Machuquei, mas voltei bem no Brasileiro e minha carreira deslanchou".
 
No Náutico, sua família estava por perto, em João Pessoa. Mas e agora, eles te acompanham aqui?
"Aqui em BH quem me acompanha é a minha esposa (Cristina). Meu pai (Marcos Justino) já veio aqui cinco vezes. O Roberto (empresário) vem de vez em quando e junto com alguns amigos. Mas estou totalmente adaptado. Minha mãe veio recentemente no meu aniversário (22 de março) junto com minha irmã mais nova".
 
Assim como Minas, o nordeste tem sua culinária. Já encontrou algum lugar para matar a saudade?
"Eu não achei nenhum restaurante aqui com comida típica da minha terra. Ainda estou procurando (risos). Estou atrás de um cuscuz com carne de charque, que ainda não encontrei na cidade. Mas quando meu pai vem, peço a ele para trazer".
 
Com 21 anos, você já foi para a Espanha e Itália. Apesar da pouca idade, já carrega uma certa experiência.
"Estava falando um dia desses com minha esposa. Sou muito novo para a responsabilidade que tomei para mim. Fui para a Europa cedo. Foi difícil de habituar com a cultura, a língua e a diferença de tratamento pessoal. Mas tudo é destinado para algo bom. Ir para lá me proporcionou a oportunidade para vir para o Galo.
 
E aprendeu a falar espanhol e italiano?
O Espanhol eu aprendi sem aula. Mas quando fui para a Itália fazer aula lá, esqueci o espanhol e agora falo bem o italiano, que ficou fácil para mim.
 
E a readaptação no Atlético?
Quando eu cheguei, eu já conhecia o Maicosuel que jogou comigo na Udinese. Depois vi a Cidade do Galo com estrutura muito boa. Me senti mais em casa. Mas sempre com o receio por ser um clube novo. Fiquei perdido no começo e depois, com os treinos, vem a confiança e o futebol vai aparecendo.
 
Seu contrato acaba em agosto, mas o Galo tem prioridade na compra dos direitos. Já conversou com a diretoria para fazer uma campanha de permanência?
Ainda não cheguei a conversar. Mas este pouco tempo que estou aqui, a torcida me identificou e o próprio clube vem me dando força. Acho que isso aí, veio essa vontade de ficar. Estou jogando bem e a cidade me é agradável. Onde estamos felizes, não devemos nos mudar.
 
 
Veja fotos de Douglas Santos no treino realizado na Cidade do Galo:
 
 
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