E-mails enviados pela CBF ao STJD pediram punição ao Atlético em 2012

Henrique André
hcarmo@hojeemdia.com.br
30/03/2016 às 11:33.
Atualizado em 16/11/2021 às 02:42
 (Divulgação)

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E-mails trocados entre integrantes do STJD e da CBF, em 2012, quase destruíram o vice-campeonato do Atlético. Isso porque a entidade maior do futebol brasileiro, pediu que o Tribunal punisse o alvinegro, após manifestações dos torcedores que, na partida contra o Fluminense, levaram ao Independência um mosaico com o dizer "CBFLU", além de várias faixas. A intenção era protestar contra supostos favorecimentos ao clube carioca.

Segundo apuração do site Espn.com, o procurador do órgão, Paulo Schmitt, orientou um auditor a punir o Galo, para favorecer os interesses da CBF. Essa informação está documentada no material apreendido pela Polícia Federal e enviado na última semana para a CPI do Futebol.

"Iremos denunciar com vistas a interdição do estádio do mandante (...) Uma coisa é certa: não vamos nos intimidar por opinião de parte da imprensa, blogueiros, esculhambadores de plantão", escreve Paulo Schmitt em resposta para Carlos Eugênio Lopes, diretor-jurídico da CBF e Marco Polo Del Nero, então presidente da Federação Paulista de Futebol (FPF) e vice da CBF.

Esta era uma resposta a um e-mail enviado pela CBF com as fotos do protesto pedindo que providências fossem tomadas. No entanto, a orientação do procurador não foi levada à diante. A absolvição do Atlético, piorou a situação e  fez com que  Schmitt enviasse novos e-mails, com tom de indignação:

"O relator, Dr. Washington Rodrigues, apesar de alertado sobre a repúdia da CBF, entendeu que 'não foi nada demais', uma vergonha a meu ver", diz o procurador em mensagem, anunciando que tentaria reverter a decisão no Pleno, a segunda instância do tribunal.

"Estamos recorrendo ao Pleno, mas confesso a vocês que cansa, desmoraliza, desgasta ter que levar tudo para o Pleno".

Em sessão realizada menos de um mês depois, a absolvição do Atlético foi revista e o clube condenado a pagar R$ 10 mil. O relator, Miguel Ângelo Cançado, sustentou que a agremiação deveria ter coibido o ato.

Leia abaixo a íntegra da resposta de Paulo Schmitt:

Planos para 'anular' o auditor

As conversas sobre o tema continuaram entre os dias 9 e 10 de novembro, entre Paulo Schmitt e a CBF. Numa delas, o diretor-jurídico da entidade pergunta:

"Qual a origem do auditor fazedor de média?"

O procurador responde:

"FENAPAF, e já estava no tribunal... Sempre vendeu a idéia (sic) de ter moral com o Marco Polo, o que já sabemos não é verdade"

Marco Polo explica:

"Esse auditor já teve graves problemas no TJD-SP e foi obrigado a sair. Sua indicação veio do Sindicato, por mim nunca estaria conosco"

Por fim, Paulo Schmitt diz:

"Vamos ver uma forma de anular pq ele faz mal ao esporte, a meu ver...", completando sobre encontro entre ele e o dirigente nos Estados Unidos:

"Grato novamente pelo convite a Nova Iorque, devo chegar no dia do jogo e podemos falar sobre alguns temas, inclusive esse"

Atlético se posiciona

Nesta quarta-feira (30), após ter acesso ao conteúdo divulgado na mídia, o Atlético, através de nota oficial, se manifestou. Leia:

"Em relação à notícia veiculada pela mídia nesta quarta-feira (30/3), referente ao vazamento de e-mails entre a Procuradoria do STJD e órgãos da CBF, envolvendo o julgamento do Atlético no episódio do mosaico de sua torcida, em 2012, lembra o clube que já atuou para sua absolvição, o que inexplicavelmente não ocorreu no julgamento final.

O clube reafirma que a torcida apenas exerceu o direito constitucional mais elementar de crítica, sem violência, o que deveria merecer respaldo por todos, inclusive pelas entidades do futebol.

A Diretoria"

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