
Em meio a indefinição do elenco que vai defender o Cruzeiro em 2020, o lateral-direito Edílson é um dos poucos confirmados para a temporada que pode marcar a reconstrução do clube.
Após um 2019 em que foi um dos principais alvos da torcida na campanha que marcou o inédito rebaixamento da Raposa á Série B do Campeonato Brasileiro, a saída do jogador era considera iminente, não apenas pelo desempenho ruim e da pressão das arquibancadas, mas também pelo alto salário que o atleta recebia, que era incompatível com a nova realidade financeira da instituição, que prevê um teto de R$150 mil mensais para este ano.
Em entrevista coletiva na Toca da Raposa II, nesta quarta-feira (15), o lateral afirmou que, além de abaixar os seus vencimentos, parcelou os salários atrasados para continuar na Raposa.
“O que é contratual, que estava atrasado, parcelei para outros anos. É muito difícil, mesmo ganhando bem ou não, ficar muito tempo sem receber. Eu abri mão porque as pessoas que estão aqui hoje, os gestores do clube, estão mostrando seriedade. Novos diretores, gestores do clube. Eu tive que me adequar. Optei por ficar por isso”, completou.
Antes de acertar a permanência no Cruzeiro, Edílson esteve perto de acertar o seu retorno ao Grêmio, equipe que defendia antes de chegar a Raposa.
“Toda negociação pode acontecer ou não. Foi assim que foi tratada minha volta ao Grêmio. Tive uma conversa, mas ambas as partes não se entenderam e eu não fui. Desde o início, não partiu de mim isso daí, e sim a diretoria antiga, que acabou falando com o pessoal do Grêmio sobre meu retorno, até sem eu saber. Pensamento agora é aqui. Desde que se encerrou a negociação, juntamente com meu empresário, família, o pensamento era de ficar aqui nessa reconstrução. Acho que esse que é meu pensamento em 2020, pensar no Cruzeiro e esquecer o que passou”.

Confira outros temas abordados por Edílson
Críticas
Eu sei que vão vir críticas, como também tem apoio de torcedores, tenho visto nas redes sociais. Mas eu acho que tenho que fazer meu melhor, tentar esquecer o que passou. Não posso mudar o que passou, o que aconteceu em 2019. Mas posso fazer diferente em 2020. Me dedicar, treinar, tentar ajudar meus companheiros, o Adilson, se adequar a situação do Cruzeiro atual e é isso que tenho feito. Meu pensamento é esse. Trabalhar em silêncio e minha resposta tem que ser dentro de campo, em ação, em ser um líder dentro de campo,
2019 ruim
Em 2018, na minha chegada, nós conquistamos títulos juntos, foi um ano muito bom. Ano passado, no primeiro semestre, eu pude jogar alguns jogos, nosso time estava super bem, cotado como um dos melhores do país. Antes da parada da Copa tive lesões e, no momento mais difícil do Cruzeiro, não estava na melhor condição física em função das lesões. O meu objetivo sempre foi tentar ajudar, mesmo sem estar bem, e isso acabou me prejudicando muito nesse segundo semestre. Eu sempre tento não deixar meus companheiros na mão. Por isso que eu falei, várias vezes já aconteceu de eu viver momentos ruins. Toda vez que fui colocado à prova, dei a volta por cima. Foi assim quando saí do Botafogo, fui para o Corinthians e fui campeão do Brasileiro. Sem sombra de dúvidas, esse ano eu estou sendo colocado à prova. Assumo responsabilidade, junto com todos. O rebaixamento do Cruzeiro, de forma geral, teve envolvimento muito grande de muitas pessoas e assumo minha responsabilidade. Sei que nessa reconstrução vão vir críticas e estou preparado para elas. Sou bastante experiente.
Amizade com Thiago Neves prejudicou sua trajetória no Cruzeiro?
Eu acho que para o torcedor, sim. Quem vive o dia a dia não. Sou amigo do Thiago, do Fábio, dos meninos. De todo mundo. Evidencia mais porque, nas comemorações, o Thiago estava comigo. Nosso vestiário, nosso clima, sempre foi um dos melhores possíveis. Quem vive o dia a dia sabe disso. Todas as coisas ruins no passado, não podemos mudar. Agora, num futuro, de reconstrução, num momento delicado, isso sim a gente pode. Passado a gente não pode mudar mais.
Saídas de vários jogadores experientes
É muito particular de cada um e a gente nem pode falar nada desses jogadores que saíram. Mais importante é a gente lembrar o que eles fizeram. O clube está passando por uma situação complicada financeiramente, são vários meses atrasados e alguns jogadores tomaram rumos diferentes. É bem particular de cada um. É muito pensamento de jogador, de seus empresários, e cada um busca o melhor. O melhor para mim hoje é o Cruzeiro. É por isso que resolvi ficar”.
Possivelmente com Edilson em campo, o Cruzeiro se prepara para estreia no Campeonato Mineiro, marcada para a próxima quarta-feira (22), às 21h30, no Mineirão, contra o Boa Esporte.