Egito diz que voto em eleição da sede da Copa de 2010 custava US$ 7 milhões

Estadão Conteúdo
04/06/2015 às 21:45.
Atualizado em 17/11/2021 às 00:21

O Egito denunciou nesta quinta-feira (4) cartolas da Fifa, alegando que a candidatura fracassada do país para receber a Copa do Mundo de 2010 foi derrotada porque o Cairo se recusou a pagar propinas aos eleitores, todos eles membros do Comitê Executivo da entidade. Segundo representantes do Egito, dirigentes pediram US$ 7 milhões por voto.

Em entrevista à ONTV, do Cairo, o ex-ministro de Esporte do Egito, Aley Eddine, revelou que Jack Warner, vice-presidente da Fifa em 2004, pediu o suborno para votar pelo Egito, em uma prática que seria repetida por outros cartolas.

"Eu não imaginava que a Fifa seria tão corrupta", declarou Eddine. "Warner nos pediu US$ 7 milhões pelo voto", contou. Segundo ele, a reunião ocorreu nos Emirados Árabes Unidos e envolveu ainda o presidente da Federação de Futebol do país, El-Dahshori Harb. "Eu disse ao presidente da Federação que o Egito não poderia fazer parte desse crime", contou o ex-ministro.

O caso chegou até o serviço de inteligência do então governo de Hosni Mubarak. "Eu informei ao chefe de espionagem do governo, Omar Suleiman, que me confirmou que eu tomei a decisão certa", disse. Suleiman seria o líder, anos depois, da contrarrevolução na Primavera Árabe.

Os sul-africanos ganharam a votação e, nesta quinta-feira, a polícia de Pretória anunciou que estava abrindo investigações diante das acusações do FBI de que o país teria pago US$ 10 milhões para garantir o voto de Warner. Chuck Blazer, ex-executivo da Fifa, também confirmou em sua confissão diante da Justiça norte-americana, que recebeu propinas para a Copa de 2010.

Diante da proliferação de denúncias, a crise no futebol saiu da esfera da Fifa e se transforma em um assunto de Estado. Neste fim de semana, os escândalos da entidade devem fazer parte da agenda da reunião dos chefes de estado do G7, composto por Estados Unidos, Alemanha e as maiores economias do mundo.

O grupo se reúne em Munique, na Alemanha, com a presença de Barack Obama, Angela Merkel, David Cameron e outros. "Não seria uma surpresa se o tema da Fifa entrasse nos debates", antecipou um porta-voz da Casa Branca. Segundo ele, diante da concentração de líderes que acompanham o futebol, pode-se imaginar que o escândalo de corrupção seria debatido.

Blatter, ao ser atacado, optou por denunciar um complô liderado pelos Estados Unidos e pelo Reino Unido diante da derrota que sofreram para sediar as próximas Copas do Mundo. Nesta quinta-feira, sua filha, Corinne, uma vez mais tocou no assunto. "Meu pai é um homem honesto e nunca levou dinheiro", garantiu. Para Blatter, a operação policial na semana passada "cheira ruim".

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