Em 33 rodadas, clubes da Série A faturam menos que Cristiano Ronaldo

Alexandre Simões - Hoje em Dia
17/11/2014 às 08:57.
Atualizado em 18/11/2021 às 05:02
 (EDMAR BARROS)

(EDMAR BARROS)

Na última quinta-feira, ganhou ares de piada o sonho de Marco Antônio Teixeira Duarte, presidente do Conselho Deliberativo da Portuguesa, que acaba de ser rebaixada para a Série C, de contar com o craque português Cristiano Ronaldo em 2020, ano do centenário da Lusa. Na realidade, a relação de CR7 com o futebol brasileiro serve mesmo é para mostrar a diferença financeira em relação à Europa, pois o camisa 7 do Real Madrid, da Espanha, faturou mais na última temporada que os 20 clubes da Série A juntos em 33 rodadas da principal competição nacional.

Na lista de esportistas mais bem pagos do mundo, divulgada pela revista Forbes no início do mês, e que teve como base os rendimentos no período entre 1º de junho de 2013 e 1º de junho de 2014, Cristiano Ronaldo ocupa o segundo lugar, atrás do boxeador Floyd Mayweather (US$ 105 milhões), com faturamento de US$ 80 milhões, cerca de R$ 210 milhões. Nas primeiras 33 rodadas do Brasileirão (os borderôs dos jogos do último sábado e domingo ainda não foram publicados pela CBF), os 20 clubes que disputam a Primeira Divisão faturaram R$ 100,2 milhões líquidos. A arrecadação bruta foi de R$ 170,6 milhões.

Na polêmica transferência de Neymar do Santos para o Barcelona, após a renúncia do presidente Sandro Rossell, em janeiro deste ano, Josep María Bartomeu, que assumiu o cargo, divulgou todos os valores da negociação. E só a empresa de Neymar da Silva, pai do jogador, levou 40 milhões de euros, cerca de R$ 130 milhões. O valor total da transação ultrapassou os R$ 280 milhões.

ABSURDOS

Além da diferença financeira gigantesca entre o futebol brasileiro e o do Velho Mundo, a análise dos borderôs da Série A mostra ainda absurdos que acontecem no chamado País do Futebol.

Em todos os jogos do Campeonato Brasileiro, a federação estadual local recebe 5% da renda, fora o valor do quadro móvel, que tem toda a sua remuneração paga também pelos clubes. Isso apesar de as entidades não terem relação nenhuma com a competição, que é organizada pela CBF.

Isso provoca verdadeiras aberrações. A maior delas é a Federação Paulista de Futebol (FPF), que já faturou R$ 2.586.846,00, ter lucrado mais com a competição que nove dos 20 participantes, que apresentam um valor de renda líquida inferior ao embolsado pela entidade. A lista conta inclusive com um dos seus filiados, o Santos, que, sem contar a partida de ontem contra o Cruzeiro, tinha faturado R$ 847.375,00.

ESCOTEIROS

No Rio de Janeiro, em todas as partidas, uma parcela da renda líquida é destinada à Fundação de Garantia ao Atleta Profissional (Fugap), que leva 2%, mas também aos Escoteiros, que ficam com 1%, e à Associação dos Cronistas Esportivos (Acerj), que embolsa 0,5%.

Enquanto muitas instituições lucram com a Série A, o faturamento dos clubes na competição em que disputam mais da metade dos seus jogos na temporada ainda é baixa, numa relação com as despesas. No caso mineiro, os R$ 16 milhões faturados pelo Cruzeiro até agora garantem pouco mais que duas folhas de pagamento do time. No Atlético, os R$ 2,7 milhões arrecados não pagam nem a metade do que custa o futebol atleticano em um mês.
 

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