Em 'boicote' após troca de comando, atletas anunciam aposentadoria da Seleção Feminina

Cristiano Martins
csmartins@hojeemdia.com.br
02/10/2017 às 15:21.
Atualizado em 15/11/2021 às 10:50
 (Fernanda Coimbra/Divulgação/CBF)

(Fernanda Coimbra/Divulgação/CBF)

A demissão da técnica Emily Lima e o retorno do ex-treinador Oswaldo Alvarez, o Vadão, desencadearam uma crise na Seleção Brasileira de Futebol Feminino. E o imbróglio surge num momento crucial para a modalidade na disputa pela vaga nos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020.

Novamente sob comando do responsável pela campanha do quarto lugar na Rio-2016, e sem pelo menos cinco de suas jogadoras mais experientes, a equipe canarinho irá se preparar agora para a disputa da Copa CFA Yongchuan, entre 19 e 24 de outubro, na China.

O torneio amistoso dá sequência ao trabalho realizado visando especialmente à Copa América, no Chile, em abril do próximo ano. A competição continental garante duas vagas diretas para a Copa do Mundo de 2019, na França, e para os Jogos Olímpicos de 2020.

“Simplesmente tiraram a comissão em pouquíssimo tempo. Todas as atletas estavam gostando do trabalho, e ficamos sem entender. As comissões anteriores tiveram um tempo grande de trabalho, e essa não teve sequer a oportunidade”Cristiane

REAÇÕES

Após dez meses de trabalho, a primeira mulher a dirigir a Seleção Feminina foi demitida do cargo pela CBF e substituída por Vadão, na última segunda-feira (25).

Um pedido pela manutenção de Emily – assinado por 24 das 26 jogadoras presentes nas últimas convocações – foi entregue ao presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, e ignorado.

Como consequência imediata, algumas atletas pediram dispensa. Capitã nas últimas duas partidas com a ex-treinadora e principal referência do time ao lado de Marta, a centroavante Cristiane (Changchun Dazhong-CHN) puxou a fila.

“A minha decisão não é por causa da comissão do Vadão, de maneira nenhuma. Conversei com ele antes [...], ele é uma pessoa incrível. Mas, com todo respeito, eles tiveram a chance deles, e a da Emily não teve”, disse a maior artilheira das Olimpíadas em publicação nas redes sociais.

Na sequência, o “boicote” ganhou a adesão da lateral-esquerda Rosana (Osasco/Audax-SP), da meia Fran e da zagueira Andreia Rosa (ambas do Avaldsnes Idrettslag-NOR). Já nesta segunda-feira (2), a meia Maurine (Santos) também anunciou a despedida da Seleção.

A craque Marta, por sua vez, lamentou as saídas e garantiu a permanência na equipe. “Isso deixa a gente triste, pois são atletas que têm muito a oferecer. Espero que elas voltem atrás, para lutarmos juntas, como a gente sempre fez, lá dentro, estando lá no dia a dia”, afirmou a jogadora do Orlando Pride-EUA.

BALANÇO

Emily deixou a Seleção com 56,4% de aproveitamento (sete vitórias, um empate e cinco derrotas), o troféu do Torneio de Manaus e um legado de convocações regionais para a avaliação de atletas em atividade no futebol nacional.

Após o título amistoso com grandes goleadas sobre Bolívia, Rússia e Itália, ela não conseguiu o mesmo rendimento diante de times mais tradicionais, como Estados Unidos, Alemanha, Japão e, principalmente, Austrália, para a qual sofreu três derrotas seguidas antes da demissão.

Na Copa CFA, o Brasil (9º) enfrentará apenas times menos qualificados no ranking da Fifa: Coreia do Norte (10º), China (13º) e México (26º).

Em sua primeira convocação, Vadão manteve 14 nomes da última lista e trouxe sete peças novas, entre elas a goleira Bárbara (Kindermann-SC), a lateral Tamires (Fortuna Hjørring-DIN) e a zagueira Érika (Paris Saint Germain-FRA), presentes na Rio-2016.

Matéria atualizada em 02/10/2017

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