Em respeito às origens, meia Marquinhos Costa preserva barraco onde passou parte da infância

Henrique André
@ohenriqueandre
06/05/2020 às 10:27.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:26
 (Arquivo Pessoal; Bruno Cantini/Atlético)

(Arquivo Pessoal; Bruno Cantini/Atlético)

Num bairro maranhense marcado pela pela criminalidade, problemas com infraestrutura, saúde e saneamento básico, um casebre, que ainda traz nas paredes o verde da esperança, acolheu durante muitos anos um jovem que desde pequeno nutriu o sonho de ser astro no mundo do futebol e dar vida melhor aos pais. Hoje, vazio, o antigo lar se transformou numa espécie de símbolo para o meia Marquinhos Costa, joia lapidada pelo Atlético.

Da Vila Anjo da Guarda, na capital São Luís, José Marcos Costa Martins, de 20 anos, não abriu mão de preservar o local que, durante longo tempo, dividiu com os pais e outros dois irmãos. O patrimônio, mesmo que bem simples, serve como uma forma de jamais se esquecer das origens.

"Morei neste barraco quando era pequeno. Fomos pra lá quando mudamos para São Luis. Jogava muito na porta de casa com os meus amigos. Quebrei muito a cabeça do dedo, jogando no asfalto", relembra o meia ao Hoje em Dia. Ele nasceu na pequena Cajari.

"Perto da casa tem uma salina, que é onde meu pai (Sr. Alcildes) pescava caranguejos. Eu tinha medo de morderem minha mão, mas mesmo assim ia ajudá-lo. Passei muitos momentos bons ali. Sinto saudade desta casa, da minha comunidade. Sempre que estou de férias passo lá para ver as pessoas que cresceram comigo", acrescenta.

Na contramão da realidade da Vila Anjo da Guarda, Marquinhos conquistou espaço importante no mundo da bola. Observado de perto pelo Chelsea, da Inglaterra, ele não tira da cabeça o objetivo de ser ídolo da Massa Atleticana. Ser recebido no aeroporto, assim como foi Diego Tardelli, seria motivo para "desmaiar", segundo ele.

"Alguns dos meus amigos não estão mais vivos, por conta do tráfico. Outros foram para a igreja, outros tentaram vida melhor. Fico muito feliz por ter realizado meu sonho. Nunca reformei aquela casa, porque, do jeito que ela está, eu me lembro muito de tudo o que passei", finaliza.AgênciaI7/Mineirão 

A história do bairro

Em publicação de 4 de setembro de 2015, o Portal O Imparcial contou a história do bairro em que Marquinhos viveu boa parte da infância.

Tudo começou depois de uma grande tragédia. No dia 14 de outubro de 1968, o bairro do Goiabal foi vítima de um incêndio que até os dias de hoje não se sabe qual a origem. Uns acreditam que foi provocado por fogos de artificio, outros por uma lamparina. Tem até quem diga que foi por causa de um simples pescador que assava peixe na beira do rio. Mas, ao que se sabe de fatos concretos e não de suposições, é que houve um grande incêndio no Goiabal, com uma mistura de casas em chamas, corpos queimados, lama de mangue e o desespero das pessoas, tornando o quadro ainda mais dramático.

Ao todo, 78 casas ficaram completamente destruídas, deixando cerca de 100 famílias desabrigadas, conforme dados da Comissão Estadual de Transferência de População (CETRAP). A solidariedade Foi então que se instalou um sentimento de solidariedade e comoção não apenas pelos povoados próximos, mas também por parte do poder público, da igreja, da Companhia de Água e Esgoto do Maranhão (Caema) e até da antiga Telecomunicações do Maranhão (Telma).

Os desabrigados foram remanejados para a localidade conhecida por Itapicuraiba, onde receberam roupas, alimento e cobertores. Com o passar do tempo, a localidade, que havia sido rebatizada de Vila Anjo da Guarda, passou a ser conhecida por Bairro Anjo da Guarda, devido a seu crescimento repentino.

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