Empresário teria tentado coagir testemunha do homicídio de jogador de futebol mineiro no Paraná

Cinthya Oliveira
cioliveira@hojeemdia.com.br
06/11/2018 às 12:22.
Atualizado em 28/10/2021 às 01:37
 (Reprodução Instagram)

(Reprodução Instagram)

Edson Brittes Júnior, assassino confesso do jogador de futebol mineiro Daniel Correa Freitas, 24 anos, teria coagido ao menos uma das testemunhas do crime para oferecer à polícia uma história única sobre o caso. O fato foi divulgado pelo delegado de São José dos Pinhais (Paraná), Amadeu Trevisan, na manhã desta terça-feira (6).

Segundo ele, no dia 29 de outubro, Edson, sua mulher, Cristiana, e sua filha, Allana, se encontraram, em um shopping de Curitiba, com uma das pessoas presentes na festa na casa da família Brittes. Ao homem conhecido como Mineiro, foi determinado que se replicasse uma história única para atrapalhar a investigação policial.

A família decidiu afirmar que Daniel havia ido embora da casa na manhã do dia 27, sem dizer qual rumo tomaria. Todas as testemunhas deveriam dizer o mesmo. A versão foi modificada depois que uma testemunha relatou à polícia como o jogador havia sido espancado por quatro pessoas. 

Cristiana e Allana foram ouvidas nesta segunda-feira (5). Edson daria seu depoimento nesta terça (6), mas seu advogado não compareceu à delegacia. Trevisan acredita que o investigado será ouvido na quarta (7).

Daniel Correa, que atuava pelo São Bento de Sorocaba, foi encontrado morto no dia 27 de outubro com sinais de tortura em um matagal de São José dos Pinhais. Sua cabeça havia sido quase degolada e o pênis decepado.

As investigações indicaram que Daniel havia ido à festa de 18 anos de Allana e depois seguiu para a casa do empresário. Ele teria sido espancado por Edson e outros três homens após ser flagrado na cama com Cristiana. De acordo com a versão de Brittes Júnior, o homicídio foi consumado por que o atleta teria tentado estuprar sua mulher.

Laudo

O delegado contou também que recebeu o laudo referente ao exame toxicológico da vítima. Verificou-se que Daniel estava bastante embriagado quando foi morto e não havia feito uso de substâncias ilícitas.

Esse dado é importante para o inquérito pois é mais um fundamento para a teoria da polícia de que a vítima não tinha condições de se defender. “A vítima estava totalmente indefesa por estar embriagada e por ter sido espancada por quatro pessoas”, disse o delegado.

Trevisan afirma que, até o momento, não é possível confirmar se houve a tentativa de estupro de Daniel em Cristiana, mas que isso não exime os suspeitos da culpabilidade sobre um homicídio qualificado.

“Houve muito tempo para que o crime fosse evitado. O Edson teve muito tempo para pensar sobre o crime. Ele alega que estava sob efeito de violenta emoção. Mas e os outros que participaram do crime, foram levados pelo quê? Violenta emoção não se transmite, seria apenas do marido”, disse Trevisan.

O delegado pretende indiciar por homicídio qualificado todas pessoas que participaram do homicídio de Daniel, inclusive Cristiana e Allana – que não teriam impedido o crime e teriam tentado atrapalhar a investigação.

O celular de Daniel e a faca usada no crime não foram encontrados pela polícia até o momento. Mensagens trocadas entre o jogador e amigos estão sendo analisadas, de acordo com o delegado.

Futebol

Nascido em Juiz de Fora, Daniel Correa tinha contrato com o São Paulo até dezembro e estava emprestado ao São Bento (Sorocaba), pelo qual disputava a série B do Campeonato Brasileiro. Revelado pelo Cruzeiro, o meia passou ainda por Botafogo, Ponte Preta e Coritiba.

O corpo de Daniel foi enterrado em Conselheiro Lafaiete na última quarta-feira (31) e a família dele contesta a versão de que o jogador teria abusado de Cristiane.

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