Enderson fala dos segredos da Série B, comenta 'fenômeno português' e evolução do futebol

Da Redação
Hoje em Dia - Belo Horizonte
29/03/2020 às 20:10.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:07
 (Ceará/Divulgação)

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Ceará/Divulgação

O responsável por conduzir o Cruzeiro, dentro de campo, à Série A em 2020 tem nome: Enderson Moreira. O treinador, apresentado na última semana como novo técnico da Raposa, aguarda um cenário melhor e sem riscos já que o mundo tenta conter o avanço da pandemia do coronavírus, e por isso ainda não teve o primeiro contato físico com os atletas.

Porém, o treinador do Cruzeiro já mostra suas convicções futebolísticas em entrevistas mais aprofundadas. Como a que concedeu ao podcast "The Pitch Invaders" (Os invasores do campo em tradução literal) do canal "Footure".

A conversa foi ampla e abordou temas como o Campeonato Brasileiro da Série B, um de seus desafios no Cruzeiro, o técnico português e sensação do momento no Brasil, Jorge Jesus, comandante do Flamengo, e a influência de outros esportes no futebol.

Bicampeão da Série B, em 2012 com o Goiás e em 2017 com o América, Enderson Moreira conhece bem a competição que terá pela frente assim que o futebol brasileiro retomar atividades.
O treinador comentou sobre um dos pontos cruciais para ter sucesso na Segunda Divisão: enteder a realidade do campeonato que disputa.

 “O primeiro grande desafio é você se localizar, entender do que vai participar. A Série B é extremamente competitiva, todos os times competem muito. É muito importante que você possa ter esse lado competitivo aguçado”, disse no "The Pitch Invaders".

Essa "competitividade aguçada" comentada pelo treinador tem alguns fatores importantes. Principalmente os estádios e gramados por onde se joga na Série B. Enderson comparou isso com a Série A, por exemplo.

“A Série A tem campos muito melhores. Saber atacar é o grande desafio para nós treinadores no Brasil. Acho que temos desenvolvido pouco esse aspecto de poder criar situações de ataque, principalmente contra defesas bem consolidadas, treinadas e armadas. Às vezes é preciso criar mecanismos para poder desestabilizar essas organizações. Acho que é um grande desafio que temos pela frente, e é só com trabalho e orientação que é possível ter sucesso contra equipes assim”, analisou.

Jorge Jesus mudou o futebol brasileiro?

A chegada de Jorge Jesus ao milionário Flamengo gerou grandes frutos no time carioca. Campeão estadual, do Campeonato Brasileiro e da Libertadores, o clube rubro-negro foi detaque na mídia mundial pelo trabalho e conquistas enfileraidas em 2019. E o nome de Jorge Jesus ecoou de forma calorosa no Brasil. 

Na opinião de Enderson Moreira, que endossa o trabalho do treinador, muita coisa a imprensa trata de forma equivocada. O que tange às críticas e o pensamento de que o português "está lançando tudo". 

“O que mais machuca a gente quando somos criticados pela imprensa em geral é falar que o Jorge Jesus veio para cá (Brasil) e está lançando tudo. Não é assim não, acho que ele tem ideias boas, mas que foram trabalhadas por outros treinadores aqui há muito tempo. Não valorizamos isso, temos aquele complexo que parece que tudo de fora é muito melhor do que tem aqui dentro”, opinou.

Enderson usou um trabalho recente seu para elucidar o seu comentário sobre o técnico português e fez questão de ressaltar que por ser o Flamengo tudo ganha maior repercussão. 

“Eu fiz um trabalho no América em 2016, 2017 e um pedacinho de 2018, em que a equipe tinha muita fundamentação em termos táticos, de posicionamento, de saber atacar, defender. Estou falando por mim, mas você vai ver o Renato (Gaúcho) no Grêmio, o trabalho que foi desenvolvido. Ótimas equipes que nós tivemos nos últimos anos e não valorizamos muito isso. Acham que tudo que ele (Jorge Jesus) está fazendo agora é diferente. Não, ele está fazendo isso no Flamengo, então a repercussão é muito maior”, ponderou.

Métodos importados

Alguma característias do futebol atual são oriundas de outros esportes. Goleiro que joga com os pés, que aparece como primeiro jogador na formatação das jogadas, camisas 1 que fecham o ângulo no mano a mano com atacantes "fazendo o X", é característica do handball. E Enderson falou a respeito disso tudo. 

"Muita coisa que tem chegado no futebol há poucos anos, no futsal já era desenvolvido há 15 anos. Posicionamento do goleiro hoje, no enfrentamento de um contra um, o atacante contra o goleiro, tem muito do goleiro de futsal, de fazer o X, de fazer com que a bola pegue nele invés de praticar a defesa. Mas esse movimento é do handebol, uma característica do goleiro do handebol há muitos anos", comentou, citando outros esportes.

“Os bloqueios que são feitos no basquete são maravilhosos, que não são jogadas faltosas, que eu acho que ainda precisamos desenvolver muito no futebol. Às vezes não temos a técnica do bloqueio. Queremos fazer a falta, segurar o jogador, quando na verdade é só impedir que ele possa ocupar um espaço. Quando falo do futebol americano é porque me traz algumas dicas. Como é um lance tão específico, fica claro para o jogador, quando ele observa, qual é a intenção ali. Você faz um movimento para chegar na linha de fundo, um movimento de profundidade”, finalizou.

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