Enquanto um presidente fala com a torcida, o outro espera PM para deixar o Barro Preto

Alexandre Simões
@oalexsimoes
21/05/2020 às 21:25.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:34
 (Alexandre Simões)

(Alexandre Simões)

Eram pouco mais de 18h da quinta-feira (21), a porta da sede social do Cruzeiro, no Barro Preto, tinha menos de duas dezenas de torcedores, e o advogado Sérgio Santos Rodrigues, menos de uma hora depois de ter vencido com facilidade a eleição para a presidência do clube, derrotando o empresário Ronaldo Granata por 269 a 74, foi falar com eles.

E logo de cara perguntou: “Uai, cadê o resto da turma?”. Um dos torcedores respondeu: “Eles foram para a porta da casa do Pedrosa”. Pedrosa é Paulo César Pedrosa, que numa disputa acirrada venceu a eleição para a presidência do Conselho Deliberativo recebendo 112 votos, contra 102 de Giovanni Baroni e 99 de Paulo Sifuentes. Luiz Carlos Rodrigues teve 35.Alexandre SimõesNo momento em que Sérgio Santos Rodrigues conversava com torcedores na porta do Parque Esportivo do Barro Preto, Paulo César Pedrosa esperava definição da Polícia Militar de como deixaria o local

A cena escancara o futuro de ambos com o torcedor. Isso porque enquanto o novo presidente do clube conversava com os torcedores, o mandatário do Conselho Deliberativo esperava, cercado por policiais militares, como seria a operação para sua saída do Parque Esportivo do Barro Preto.

Preocupação

E a preocupação de Pedrosa fazia sentido. Por ser presidente do Conselho Fiscal em grande parte do mandato de Wagner Pires de Sá, e ter aprovado as ações da sua diretoria, ele ficou marcado pelo torcedor ao não impedir o esquema que foi montado dentro do Cruzeiro com salários muito acima do mercado e operações suspeitas.

“Eu analisei apenas o primeiro semestre de 2018. A gente confere notas de pagamentos, cheques, se está tudo certo. É muito difícil você chegar e falar que não pode pagar tanto para determinado jogador. Isso é atribuição do presidente”, afirma Pedrosa em sua defesa.

Tensão

A precaução de Pedrosa era porque os torcedores gritavam contra ele do lado de fora. E alguns momentos de tensão foram vividos nas sete horas de votação no Cruzeiro. Pela manhã, o ex-diretor geral de Wagner Pires de Sá, Sérgio Nonato, teve de sair do Parque Esportivo do Barro Preto escoltado pela polícia.

À tarde, o ex-presidente Zezé Perrella recebeu uma cusparada na cara de um torcedor, ao deixar o Ginásio Dona Salomé, onde foi montada a estrutura eleitoral para se conhecer os novos presidentes do Cruzeiro e de seu Conselho Deliberativo.

É neste clima que Sérgio Santos Rodrigues dirigirá o Cruzeiro até o final do ano, sendo que em outubro serão disputadas novas eleições. A atual foi apenas para se completar o mandato de Wagner Pires de Sá, que renunciou no final do ano passado.

Aliás, um dos votos mais aguardados era o de Wagner Pires de Sá. E ele queria ir votar. Foi convencido do contrário pelo também ex-presidente Gilvan de Pinho Tavares, que comandou o processo eleitoral no Cruzeiro e mostrou a ele os riscos diante da reação da torcida com alguns personagens da política cruzeirense.

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