Eram pouco mais de 18h da quinta-feira (21), a porta da sede social do Cruzeiro, no Barro Preto, tinha menos de duas dezenas de torcedores, e o advogado Sérgio Santos Rodrigues, menos de uma hora depois de ter vencido com facilidade a eleição para a presidência do clube, derrotando o empresário Ronaldo Granata por 269 a 74, foi falar com eles.
E logo de cara perguntou: “Uai, cadê o resto da turma?”. Um dos torcedores respondeu: “Eles foram para a porta da casa do Pedrosa”. Pedrosa é Paulo César Pedrosa, que numa disputa acirrada venceu a eleição para a presidência do Conselho Deliberativo recebendo 112 votos, contra 102 de Giovanni Baroni e 99 de Paulo Sifuentes. Luiz Carlos Rodrigues teve 35.

A cena escancara o futuro de ambos com o torcedor. Isso porque enquanto o novo presidente do clube conversava com os torcedores, o mandatário do Conselho Deliberativo esperava, cercado por policiais militares, como seria a operação para sua saída do Parque Esportivo do Barro Preto.
Preocupação
E a preocupação de Pedrosa fazia sentido. Por ser presidente do Conselho Fiscal em grande parte do mandato de Wagner Pires de Sá, e ter aprovado as ações da sua diretoria, ele ficou marcado pelo torcedor ao não impedir o esquema que foi montado dentro do Cruzeiro com salários muito acima do mercado e operações suspeitas.
“Eu analisei apenas o primeiro semestre de 2018. A gente confere notas de pagamentos, cheques, se está tudo certo. É muito difícil você chegar e falar que não pode pagar tanto para determinado jogador. Isso é atribuição do presidente”, afirma Pedrosa em sua defesa.
Tensão
A precaução de Pedrosa era porque os torcedores gritavam contra ele do lado de fora. E alguns momentos de tensão foram vividos nas sete horas de votação no Cruzeiro. Pela manhã, o ex-diretor geral de Wagner Pires de Sá, Sérgio Nonato, teve de sair do Parque Esportivo do Barro Preto escoltado pela polícia.
À tarde, o ex-presidente Zezé Perrella recebeu uma cusparada na cara de um torcedor, ao deixar o Ginásio Dona Salomé, onde foi montada a estrutura eleitoral para se conhecer os novos presidentes do Cruzeiro e de seu Conselho Deliberativo.
É neste clima que Sérgio Santos Rodrigues dirigirá o Cruzeiro até o final do ano, sendo que em outubro serão disputadas novas eleições. A atual foi apenas para se completar o mandato de Wagner Pires de Sá, que renunciou no final do ano passado.
Aliás, um dos votos mais aguardados era o de Wagner Pires de Sá. E ele queria ir votar. Foi convencido do contrário pelo também ex-presidente Gilvan de Pinho Tavares, que comandou o processo eleitoral no Cruzeiro e mostrou a ele os riscos diante da reação da torcida com alguns personagens da política cruzeirense.