A convocação de Dedé à Seleção Brasileira para dois amistosos contra Estados Unidos e El Salvador em solo norte-americano no mês de setembro (em 7 e 11, respectivamente), e a possibilidade de o zagueiro desfalcar o Cruzeiro no jogo de ida das semifinais da Copa do Brasil contra o Palmeiras, tem semelhança com um caso que aconteceu há 20 anos, justamente em uma decisão envolvendo Raposa e Verdão.

Em 1998, o Cruzeiro perdeu a Copa do Brasil para o Palmeiras, e naquela época o time estrelado não pode contar nos dois jogos da final com o goleiro Dida, um dos grandes nomes do futebol nacional e do Cruzeiro. Na ocasião, o técnico cruzeirense Levir Culpi viu o seu camisa 1 ser convocado pelo técnico Zagallo, que preparava o Brasil para a Copa da França. 

Dida fora convocado àquela época para o amistoso do Brasil com o Atlético de Bilbao, disputado na Espanha. A partida aconteceu no dia 31 de maio de 98, cinco dias após a primeira partida da final entre Cruzeiro e Palmeiras, e um dia depois do jogo que deu ao Verdão o título da Copa do Brasil em cima da Raposa.

“Foi mesmo, realmente, boa lembrança. Me recordo sim dessa convocação do Dida para a Seleção, o que nos desfalcou para os jogos finais daquele Copa do Brasil de 1998. Não podemos culpar ninguém, nenhum jogador pela perda daquele título, mas não tivemos o nosso goleiro titular, um cara do quilate do Dida, um dos melhores da posição na época”, relembra em conversa com o Hoje em Dia, Valdir Barbosa, ex-dirigente do Cruzeiro e que naquele ano já trabalhava no clube.

Barbosa enxerga na situação envolvendo Dedé neste ano algo de extrema similaridade com o fato de Dida desfalcar o Cruzeiro há 20 anos por causa da Seleção Brasileira. Algo que pode também afetar a Raposa pela ausência de seu atual camisa 26, chamado pelo torcedor de “Mito", no confronto de ida com o Palmeiras.

“Naquela época levamos a história para um lado de desorganização e falta de planejamento da CBF, como acontece agora. Tanta gente para ser convocada e a Seleção Brasileira vai fazer dois amistosos distantes de competições importantes. Desfalque naquela época da grandeza do que pode acontecer hoje. Perdemos Dida em 98, e hoje o Dedé é uma unanimidade no Cruzeiro, um grande jogador. Não poder contar com ele será uma perda significativa”, comentou.

Barbosa também colocou em sua fala um tom de crítica, lembrando que o Cruzeiro foi prejudicado, já que nenhum jogador do Palmeiras, adversário celeste na semifinal, foi lembrado por Tite.

“Por coincidência o Dudu (atacante palmeirense) não foi convocado, ele que estava na pré-lista da Copa do mundo. Há uma incoerência. É uma flata de planejamento da CBF em relação às competições, um desrespeito com os clubes e um esvaziamento dos próprios torneios da entidade”, critica.

Reclamação atual

A mesma reclamação que o torcedor cruzeirense faz neste ano foi feita em 98, quando o time celeste perdeu Dida nas finais, e o título da Copa do Brasil aquele ano, quando Oséas fez um gol espírita, após Paulo César Borges, goleiro do Cruzeiro à época, não segurar uma cobrança de falta do meia Zinho.

“Torcedor sempre fala, é passional. Coincidentemente, nós tivemos um lance de azar com o Paulo César, goleiro bicampeão de Supercopa, campeão de Copa do Brasil, lance de infelicidade no fim de jogo, em uma falta cobrada pelo Zinho. O Paulo César derrapou e  Oséas fez um gol sem ângulo, chute que ninguém entende até hoje como entrou. Não é culpando o Paulo César, mas o Dida fez falta. Titular é titular”, relembrou.

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