Esquiva Falcão avisa: irá ao profissional se não ganhar Bolsa

Demétrio Vecchioli
03/10/2013 às 20:51.
Atualizado em 20/11/2021 às 13:02

Depois de perder Yamaguchi Falcão, o boxe amador brasileiro pode ficar também sem Esquiva Falcão. Medalhista de prata nos Jogos de Londres, o boxeador se empolgou em ter o irmão lutando entre os profissionais e pode também assinar contrato com a Golden Boy Promotions, empresa de Oscar de la Hoya. As conversas começaram depois da Olimpíada, esfriaram, mas foram retomadas nas últimas semanas. Um contrato já foi oferecido a Esquiva, que espera receber "luvas" maiores do que do irmão, por conta do resultado melhor em Londres.

Na Alemanha com a seleção brasileira, treinando para o Mundial de Boxe do Casaquistão, Esquiva balança com a garantia financeira do boxe profissional. Seu irmão, por exemplo, assinou contrato de cinco anos. O medalhista de prata, assim, condiciona sua permanência no boxe amador ao recebimento da Bolsa Pódio, oferecida pelo Governo Federal aos atletas com chances de medalha nos Jogos do Rio/2016.

"Tenho interesse, sim, em mudar para o boxe profissional. Já vinha pensando nessa possibilidade, mas, com a mudança do meu irmão Yamaguchi para o boxe profissional, isso mexeu comigo. Fiquei com mais gana de passar também. Minha esperança de fazer com que eu não mude agora é porque ainda tenho esperança em poder ser contemplado com a Bolsa Pódio", explicou Esquiva, via assessoria.

Número 2 do ranking mundial dos médios, Esquiva teria direito a receber o teto da Bolsa-Pódio (R$ 15 mil), mas apenas por 12 meses. Para conseguir a renovação, precisaria se manter entre os melhores do mundo.

O boxeador de 23 anos, vice-campeão dos médios em Londres, porém, promete pensar com mais calma no assunto. "Não será uma decisão sem pensar, sem os pés no chão", afirmou ele, que garante "sempre manter a calma para não se precipitar".

Esquiva é um dos quatro boxeadores brasileiros que estão dentro do top20 do ranking mundial e que atendem aos critérios do edital do Plano Brasil Medalhas, que promete investir R$ 1 bilhão até 2016. Ele, Yamaguchi Falcão, Robenilson de Jesus e Everton Lopes enviaram seus planos esportivos ao ministério.

"Após análise inicial, o ministério solicitou a complementação de alguns dados. Dos quatro atletas, três enviaram os esclarecimentos. Exceto Yamaguchi. O ministério está em contato com o atleta para uma resposta sobre sua permanência no programa ou não", explica a pasta.

O edital foi lançado em julho e em agosto, na solenidade de lançamento do programa, 44 atletas paralímpicos foram contemplados com o Bolsa Pódio. No fim de agosto, durante o Mundial de Judô, 27 judocas foram premiados. Nesta quinta, o ministério anunciou a bolsa para Yane Marques, do pentatlo moderno. As outras 19 modalidades olímpicas que fazem parte do projeto, por enquanto, estão na fila.

O ministério coloca a responsabilidade pela demora nas próprias confederações: "O ritmo de análise dos planos esportivos para a concessão da Bolsa Pódio é determinada pela própria modalidade. A análise de documentos é feita a partir da chegada deles ao ministério do Esporte", diz a pasta, que reforça que não existe prazo para a análise da situação de Esquiva.

O boxeador, porém, não compete desde a luta que lhe deu a prata olímpica. Esquiva se preparava para passar a lutar na APB (AIBA Pro Boxing), liga organizada pela AIBA (Associação Internacional de Boxe Amador) e que permite que, pela primeira vez na história, boxeadores atuem como profissionais sem perderem o direito de competir também entre os amadores, em competições como os Jogos Olímpicos.

As lutas de Esquiva e de Yamaguchi, que seriam em agosto, no Rio, foram sendo adiadas diversas vezes até que foram canceladas. Esquiva voltou do México, onde os irmãos se preparavam, e passou a focar no Mundial do Casaquistão, que acontece entre 11 e 27 de outubro, em Almaty. Yamaguchi, porém, decidiu aceitar a oferta do boxe profissional e nem viajou com a seleção.

Nesta quarta, o medalhista de bronze nos Jogos de Londres, assinou contrato com a Golden Boy Promotions, equipe do mito Oscar de la Hoya e que cuida também da carreira de Floyd Mayweather Jr., maior boxeador da atualidade. Assim, não poderá mais lutar entre os amadores, perdendo o direito de brigar por uma medalha nos Jogos do Rio/2016.

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