Estudo aponta 17 fatores que têm afastado o público dos estádios

Hoje em Dia
28/03/2013 às 16:26.
Atualizado em 21/11/2021 às 02:21
 (Reprodução)

(Reprodução)

Nesta quinta-feira (27), a Pluri Consultoria divulgou um estudo que tenta desmitificar o porquê dos baixos públicos nos estádios brasileiros. Segundo a empresa de consultoria esportiva, a violência, os altos preços dos ingressos e a baixa qualidade das arenas são os três principais motivos para que apenas 4,6 mil torcedores prefiram o conforto de seu lar à emoção das arquibancadas.  O relatório, chamado de “17 motivos para não ir aos estádios” está dividido em oito fatores de alto impacto e nove de média e baixa relevância.

Além dos três anteriormente citados, a empresa entende que a oferta de jogos em pay-per-view, a existência de outras opções de entretenimento, a pouca importância das partidas, os adversários de baixa tradição ou qualidade e a má fase eventual das equipes contribuem de forma significativa para o torcedor preferir o conforto do lar.

Entre os pontos de médio e pequeno impacto, o relatório aponta que podem ser determinante para a baixa procura os horários das partidas, a dificuldade na compra de ingressos, o acesso ruim às arenas e as ofertas ruins de meios de transporte, estacionamento, alimentação e serviços. Fatores climáticos e excesso de partidas transmitidas pela TV também foram citados.

A consultoria avalia que esses problemas estão por trás de “um pressuposto equivocado cultivado por anos dentro dos clubes, de que a paixão pelo futebol faz com que o torcedor aceite qualquer desaforo para ver de perto o seu time do coração”. Segundo a Pluri, resolver um ou outro fator isoladamente não trará o torcedor de volta, é preciso atuar de forma ampla, sob todos os aspectos.

Veja, abaixo, os principais pontos do relatório da Pluri Consultoria:

Fatores de alto impacto sobre o público

Violência – A cada problema de segurança dentro ou fora dos estádios, piora um pouco mais a imagem do futebol como alternativa de entretenimento. E nesse cenário é justamente a família, o melhor perfil de público-alvo, a que mais se afasta;

Preço dos ingressos – Nos últimos anos o preço dos ingressos disparou no Brasil, enquanto a qualidade do produto entregue ao torcedor (cliente) permaneceu muito ruim. E com o aumento da oferta (maior número de jogos) decorrente de um calendário ruim, a situação se agrava. Existe uma correlação direta (beta) entre o aumento dos preços e a queda do público médio nos estádios mas, paradoxalmente, quanto mais vazio fica o estádio, mais o preço do ingresso sobe. É uma estranha forma que o futebol brasileiro encontrou de revogar a lei da oferta e procura;

Qualidade dos estádios – A nova geração de estádios mudará o nosso cenário em termos de equipamentos. Porém, considerando as arenas inauguradas recentemente, continuamos com o mesmo padrão de serviços de sempre;

Oferta de pay per view – Não há como negar que a possibilidade de assistir a vários jogos com conforto, comodidade e segurança, próximo aos amigos e à família são vantagens que o pay-per-view oferece em relação à ida ao estádio, principalmente a um custo próximo a R$ 70/mês. Porém, não podemos esquecer que a TV paga aos clubes por este direito de transmissão, cabendo a eles calcular se o que recebem por isso compensa a perda de receita resultante da fuga do torcedor;

Outras opções de entretenimento (cinemas, teatro, bares, praia, etc) – No passado, ir ao jogo de futebol era uma das poucas alternativas de diversão para boa parte da população, um dos motivos a explicar os grandes públicos de décadas atrás. Hoje o futebol está sob ataque claro de diversas outras formas de entretenimento, geridas de forma muito mais profissional e orientadas a oferecer ao cliente o máximo possível como experiência de lazer. E na medida em que o preço do ingresso aumenta, o futebol disputa justamente o público que mais tem opções de entretenimento para consumir;

Pouca importância dos jogos – Com competições extensas e pouco atraentes (estaduais) a maior parte dos jogos tem pouca importância, concentrando a atenção dos torcedores dos principais times (os que tem mais torcida) apenas nos jogos decisivos;

Baixa qualidade / tradição do adversário – Com campeonatos que misturam equipes profissionais com semi-profissionais (estaduais), os torcedores escolhem ir apenas aos jogos de qualidade menos ruim;

Nível de competitividade do time local / má posição na tabela – Fase ruim, estádio vazio. Essa é uma máxima para a maior parte dos Clubes, provando que a ida ao jogo de futebol não é vista pelo torcedor como uma experiência plena de entretenimento. Nesse ponto, nada melhor do que se espelhar nos esportes americanos.

 

Fatores de médio e baixo impacto sobre o público

Horário dos jogos – é certamente um fator negativo, mas a quantidade de jogos que ocorrem fora do horário convencional é relativamente pequena em relação ao total de jogos, portanto seu impacto sobre a presença total de público nos estádios é menor do que parece;

Dificuldade na compra de ingressos – Um bom castigo para o torcedor é enfrentar filas intermináveis para comprar ingressos, prática medieval em pleno século XXI. E o que dizer de comprar pela internet e depois ter que entrar numa fila para pegar o ingresso? Tem isso!; o Acesso ruim ao estádio (incluindo localização, acesso e transito no entorno) – Muitos estádios não sofrem deste problema, mas em alguns certamente é um fator que faz o torcedor pensar 10 vezes antes de ir ao jogo;

Oferta de Meios de transporte – Em alguns estádios, a baixa oferta de meios de transporte que acessam o estádio desestimula a ida do torcedor. A situação se agrava nos jogos que iniciam mais tarde;

Oferta de estacionamento (custo, quantidade de vagas e proximidade) – Nada pior do que ir a um jogo tendo que pagar caro para deixar o longe, e sob os cuidados de flanelinhas, que simplesmente estão ali para cobrar um “pedágio” do torcedor;

Oferta de alimentação – Você conhece algum lugar onde se coma tão mal, pagando tanto, como um estádio de futebol?;

Oferta de serviços – Ao contrário do que ocorre na Europa e EUA, a oferta de produtos e serviços disponível para o torcedor é pequena, diminuindo a “atmosfera de jogo” que por si só seria um atrativo para o torcedor;

Clima – O problema afeta principalmente as cidades mais frias e chuvosas, em especial em estádios que não são preparados para dar ao torcedor o conforto que ele teria, por exemplo, se assistisse ao jogo em sua casa;

Excesso de jogos na TV – A overdose de jogos tem o seu efeito, mas maioria das partidas que passa na TV (campeonatos europeus, jogos de seleções, etc) acontece em horários diferentes dos campeonatos pelo país, o que reduz o impacto deste fator sobre a ida de público aos estádios.

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por