Ex-companheiro de Cruzeiro diz que jogador Daniel Correa era tranquilo, pacato e apegado à família

Cinthya Oliveira
cioliveira@hojeemdia.com.br
08/11/2018 às 10:54.
Atualizado em 28/10/2021 às 01:40
 (Arquivo pessoal)

(Arquivo pessoal)

Daniel Correa Freitas era um rapaz tranquilo, de pouca conversa, bastante apegado à mãe e à família. Esse é o relato de Daniel Toscanini, de 24 anos, que foi amigo e parceiro do jogador de futebol mineiro na adolescência, quando ambos jogavam nas categorias de base do Cruzeiro. Correa foi brutalmente morto em São José dos Pinhais, Paraná, no dia 27 de outubro. 

“Ele era uma pessoa muito tranquila, muito pacata, que mais fazia gestos do que conversava. Nunca começava uma brincadeira, não costumava ir para zoação. Quando havia briga em campo, ele nunca estava no meio, era muito equilibrado”, relata Daniel Toscanini, que hoje trabalha como assistente administrativo em uma empresa de locação de veículos.

Daniel Correa tinha contrato com o São Paulo até dezembro e estava emprestado ao São Bento, de Sorocaba. O corpo dele foi encontrado no dia 27 de dezembro em um matagal em São José dos Pinhais, Região Metropolitana de Curitiba, com sinais de tortura. As investigações mostraram que o jogador foi morto pelo empresário Edson Brittes Júnior e outros três homens, após a festa de aniversário de 18 anos da filha do assassino confesso.

De acordo com a defesa, Daniel Correa foi espancado e morto depois de ter sido flagrado na cama com a mulher do empresário, Cristiana. Troca de mensagens entre o jogador de futebol e um amigo mostram que o atleta tinha intenção de ter uma relação sexual com Cristiana.

Daniel Toscanini conta que o amigo manteve contato com a turma das categorias de base do Cruzeiro pelo WhatsApp, mesmo depois de se mudar de Minas Gerais para jogar no Botafogo, Coritiba, São Paulo e São Bento. Os rapazes tinham um grupo chamado “Turma 1994”, uma referência ao ano de nascimento deles.

“Nas horas vagas, ele sempre ia para Conselheiro Lafaiete ficar com a mãe. Suas principais amizades eram a mãe e um primo, que também joga futebol. Nunca falava de festa ou bebedeira, nem mandava fotos disso. Só mandava imagens de ele treinando”, lembra Toscanini.

O grupo de rapazes nascidos em 1994 havia decidido fazer um churrasco de reencontro em agosto, mas a festa foi adiada por causa da agenda de Daniel Correa. “Ele pediu para que fizéssemos em dezembro, quando ele estaria em Belo Horizonte. Mudamos a data, mas agora a festa nem poderá ser realizada”.

De acordo com Toscanini, o grupo de amigos se mostrou completamente surpreendido com a notícia da morte de Daniel e com os desdobramentos das investigações. “Quando saiu a notícia da morte dele ficamos nos perguntando se teria sido um acidente de carro. Nunca imaginaríamos que pudesse ser um assassinato após uma briga por causa de mulher. Foi uma coisa muito pesada, custamos a acreditar”, conta.

Investigação

Até o momento, quatro pessoas foram presas pelo homicídio de Daniel Correa: o empresário Edson Brittes Júnior, a mulher dele, Cristiana, a filha dele, Allana, e o cunhado do dele. Outros dois homens estão foragidos.

De acordo com a Polícia Civil do Paraná, Daniel foi à casa da família Brittes depois da festa de 18 anos de Allana, em Curitiba. No quarto do casal, Daniel teria sido flagrado na cama, ao lado de Cristiana. Edson e outros três homens teriam, então, espancado o atleta e o colocado dentro do porta-malas de um carro, levando-o até um matagal em São José dos Pinhais, onde foi morto com golpes de faca. O corpo foi encontrado com a cabeça quase degolada e o pênis decepado. 

A Polícia Civil do Paraná acredita que não houve tentativa de estupro, porque Daniel estaria bastante embriagado. Um laudo indicou que havia 13,4 dg/L de álcool no sangue da vítima. As roupas e o celular de Daniel ainda não foram encontrados, assim como a arma do crime. 

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