Ex-membros de comissões técnicas cobram quase R$ 14 milhões do Cruzeiro na Justiça

Guilherme Piu
@guilhermepiu
10/06/2020 às 14:26.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:43
 (Montagem sobre fotos de Bruno Haddad)

(Montagem sobre fotos de Bruno Haddad)

Montagem sobre fotos de Bruno Haddad 

 O Cruzeiro ultrapassou neste ano a marca de 110 processos ativos na Justiça do Trabalho. E nesse "bolo judicial" está parte dos membros de antigas comissões técnicas da equipe celeste. Até agora 12 ex-funcionários ajuizaram ações que juntas somam R$ 13.687.534,60. Valor que o departamento jurídico celeste tentará diminuir seja com acordos ou até mesmo provas para desqualificar alguns pedidos dos reclamentes. 

Mas quem é que está cobrando do Cruzeiro na Justiça e o que cobram? As cobranças são por não pagamentos de salários e/ou verbas rescisórias entre 2017 e 2019. Estão na lista de cobradores, por exemplo, o técnico Mano Menezes, o preparador de goleiros Robertinho, os preparadores físicos Anderson Nicolau e Eduardo da Silva (o Dudu), dentre outros (veja a lista ao fim da matéria). 

Mano Menezes quer receber mais de R$ 5 milhões do Cruzeiro. O ex-treinador, bicampeão da Copa do Brasil com o time celeste, pleitea recebimentos de férias, 13º, saldo de salários, indenização e multas contratuais. 

Outro que cobra mais de R$ 5 milhões da Raposa é o preparador de goleiros Robertinho. A reportagem cita a pedida inicial do processo que já está em curso. Com o andamento das audiências os juizez responsáveis por cada processo definirá o valor final a ser pago pelo clube. 

Em pelo menos duas ações já aconteceram acordos na Justiça. O auxiliar de Rogério Ceni, Nelson Simões, que trabalhou pouco mais de 40 dias no Cruzeiro, aceitou acordo para receber R$ 66,9 mil de forma parcelada. Fábio Moreno, auxiliar de outro técnico, Abel Braga, cobrava quase R$ 500 mil do clube, mas foi outro que aceitou acordo e receberá dez parcelas de pouco mais de R$ 11 mil. 

Preocupação

O passivo trabalhista é algo que preocupa o novo presidente do Cruzeiro, que, segundo apurou a reportagem, procurou ex-funcionários do para tratar de assuntos relacionados aos processos.

"Complicado, mas temos que analisar caso a caso. Claro que preocupa, passivo trabalhista é algo que preocupa. Mas ele não é de curto prazo quanto manter os salários em dia e as dívidas na Fifa, porque tem um processo de conhecimento. Espero que até lá o Ministério Público e a Polícia Civil ao externar o que descobriram na investigação, que a gente sempre fala juridicamente, isso vai consolidar nossa tese de que o Cruzeiro foi vítima, e sendo vítima não pode ser punido duplamente. A gente espera que isso tudo possa ser utilizado nesse tipo de processo para tentar ou minimizar ou absolver o Cruzeiro de pagamentos futuros", explicou o presidente em entrevista ao Hoje em Dia.

Antes mesmo de assumir o cargo de presidente esse assunto já preocupava Sérgio Santos Rodrigues. Até mesmo pelo fato de muitos funcionários demitidos não terem buscado apoio na Justiça, mas que são "credores" do clube. 

Em reunião com o Conselho Gestor, ainda como candidato à presidência, Sérgio Rodrigues enviou questionamentos sobre o passivo trabalhista do clube.

"Qual o passivo trabalhista que as demissões realizadas em 2020 ensejaram, seja ajuizado ou não? Temos a lista dos processos já ajuizados (atletas e funcionários em geral) – exemplo: Thiago Neves, Fred, Robertinho preparador de goleiros e outros já noticiados pela imprensa - e os não ajuizados (aqueles que foram demitidos e o acerto não foi pago) com a perspectiva do valor da causa?", questionava.

Caos financeiro

Na tentativa de criar alternativas para o caos financeiro vivido, o Cruzeiro tentará gerar novas receitas por meio do que o presidente chama de "Núcleo de Inovação". Um grupo de profissionais de várias áreas que terá a responsabilidade de criar produtos digitais para movimentar os cofres celestes. 
E uma das coisas que o clube mais precisa é, de fato, dinheiro. Fala-se até em contratações nesse momento turbulento, mas até nisso será preciso criatividade do departamento de futebol. 

O torcedor se anima com a chance do retorno do argentino Lucas Romero, que criou forte identificação com os cruzeirenses, Devaneio da torcida, legítimo pela paixão, mas que ultrapassa os limites racionais tendo em vista o cenário financeiro caótico que vive o clube.

Autores de ações trabalhistas e valores cobrados na Justiça

Rafael Vieira - R$156.479,56 (2º Vara do Trabalho de BH) - Analista de desempenho
Nelson Simões - R$ 66,9 mil  (3º Vara do Trabalho de BH) - Auxiliar de Rogério Ceni*
Emerson Silami - R$ 275.012,16 (33º Vara do Trabalho de BH) - Fisiologista
Eduardo da Silva - R$ 1.084.626,00 (33º Vara do Trabalho de BH) - Preparador físico
Anderson Nicolau - R$ 800.225,61 (35º Vara do Trabalho de BH) - Preparador físico
Leandro Franco - R$ 215.266,51 (36º Vara do Trabalho de BH) - Preparador de goleiros) 
Leomir de Souza - R$ 226.925,60 (40º Vara do Trabalho de BH) - Auxiliar de Abel Braga
Mano Menezes - R$ 1.011.374,23 (verbas rescisórias) - Técnico ajuizou duas ações. 
Mano Menezes - R$ 4.326.934,00 (férias, 13º, verbas rescisórias, indenização, salário) (42º Vara do Trabalho de BH)
Fábio Moreno - R$ 444.864,42 (44º Vara do Trabalho de BH) - Auxiliar de Abel Braga**
Robertinho - R$ 5.085.074,17 - (45º Vara do Trabalho de BH) - Preparador de goleiros
Sidnei Lobo também entrou na Justiça, mas teve problemas com seu processo e recorreu à Segunda Instância. 

*  Cobrou inicialmente R$  60.752,34, mas aceitou acordo de R$ 66.900,00 em sete parcelas** Cobrou inicialmente R$ 444.864,42, mas aceitou acordo de R$131.477,04 em dez parcelas

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