Ex-técnico do Atlético, uruguaio Darío Pereyra acredita em sucesso de Diego Aguirre no Galo

Álvaro Castro, Frederico Ribeiro e Henrique André - Hoje em Dia
03/12/2015 às 19:02.
Atualizado em 17/11/2021 às 03:12
 (Bruno Cantini/Atlético)

(Bruno Cantini/Atlético)

Com a confirmação de que Diego Aguirre será o comandante do Atlético a partir de 2016, o Atlético chegará ao sexto treinador uruguaio em 107 anos de história. Ao todo, outros dez estrangeiros estiveram a frente do clube alvinegro.

A história começou em 1928, quando o húngaro Eugenio 'Marinetti' Medgyessy dirigiu o clube por cinco anos. Após 15 anos, o time alvinegro teve seu primeiro uruguaio no comando, Félix Magno

O último técnico do exterior que esteve no comando do clube mineiro foi Darío Pereyra, há 16 anos. Após o anúncio oficial de Aguirre, feito pelo presidente atleticano Daniel Nepomuceno, através de sua conta no Twitter, a reportagem do Hoje em Dia entrou em contato com Pereyra, para saber mais sobre o novo comandante e também sobre as características peculiares dos uruguaios.

Confira a entrevista na íntegra:

(H) O senhor foi o último estrangeiro a treinar o Atlético. Como foi aquela época?   (D) Eu tenho boas lembranças. Foi muito bom, fazia tempos que o Atlético não era campeão estadual e a gente acabou ganhando o título depois de bater o Cruzeiro na semifinal. Depois, eu tentei trazer algumas peças para montar um bom time para o Brasileiro e acabamos sendo vice-campeões. A gente tinha um time rápido, com o Guilherme em grande forma, Marques, Lincoln, Mancini... Eram bons jogadores, e deu para fazer um bom time.  
(H) Era um momento difícil, o clube treinava na Vila Olímpica e tinha problemas financeiros. Como o senhor vê a situação hoje?  
(D) Eu acompanho, mas não de perto. Sei que agora está bem melhor, é o vice-campeão nacional e fez boas reformas. Isso realmente acrescenta, porque tem um centro de treinamento muito bom, é uma coisa importante. E a gente vê outros grandes clubes atrasando salários, com problemas financeiros.

(H) Acredita que o Diego Aguirre pode fazer um bom trabalho no Galo?

(D) Ele vai se dar bem sim, o time está bem. Eu acho que dá para fazer um bom ano em 2016 e, quem sabe, brigar pelos principais títulos.  
(H) O que o senhor conhece do trabalho do Aguirre?  
(D) Nunca trabalhei com ele. Ele tem boas campanhas e fala português, isso também ajuda no caso. Eu não conheço o trabalho do dia a dia, mas o conheço como pessoa. A gente espera que ele consiga fazer um bom trabalho, porque eu gosto do Atlético.  
(H) Ele tem o sangue da escola uruguaia? Qual é a singularidade do uruguaio em relação ao brasileiro?  
(D) Não vou dizer que há uma diferença. Mas há sempre uma grande dificuldade do treinador em se adaptar à mentalidade de outro país. O Aguirre tem que aplicar a disciplina tática dos times urugaios, a marcação, e aplicar com aquilo que ele acha e pensa de cada jogador. Nisso, eu acho que ele não vai ter dificuldade. No geral, não há muita diferença. Os uruguaios pensam mais nos jogadores que dão o sangue e que têm aplicação tática. Por isso, a gente vê a diferença dos jogadores uruguaios, muito aplicados, como os italianos e os argentinos. As escolas argentina e uruguaia são parecidas. O importante é que o Aguirre saiba se comunicar, porque a gente viu o Osorio (ex-São Paulo) entrar bem na cabeça dos jogadores. Mas ele achou que aqui poderia fazer um rodízio no elenco.  
(H) E sobre esse rodízio? O Aguirre costumava fazer no Internacional. Pode funcionar no Atlético?  
(D) O rodízio é bom quando você tem 30 jogadores bons, do mesmo nível. Às vezes, aqui no Brasil, não tem elenco. Além disso, aqui, o jogador leva muito cartão e se machuca muito. Então não é um rodízio natural. Por isso o Osorio tentou fazer o rodízio com jogadores fracos e perdeu pontos fundamentais. Hoje é difícil ter um bom plantel. Quem conseguiu fazer o melhor rodízio aqui foi o Corinthians, por isso conseguiu ser campeão brasileiro. O São Paulo perdeu alguns jogos com times fracos. No Estadual dá para fazer (rodízio), mas no Brasileiro não dá.




1928-1931 - Eugenio 'Marinetti' Medgyessy (Hungria)
1944 - Gregório Suarez (Argentina)
1945 - Ignác Amsel (Hungria)
1946/48 - Felix Magno (Uruguai)
1947 - Dario Letona (Peru)
1950/51, 1955/56, 1958 - Ricardo Diez (Uruguai)
1954/55 - Ondino Vieira (Uruguai)
1967/68 - Fleitas Solich (Paraguai)
1985 - Olivera (Uruguai)
1999 - Dario Pereyra (Uruguai)
2016 - Diego Aguirre (Uruguai)
 

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