'Fazer gol no Dida, no Mineirão, foi muito especial para mim', diz José Luis Chilavert

Henrique André
hcarmo@hojeemdia.com.br
26/07/2017 às 18:07.
Atualizado em 15/11/2021 às 09:46
 (Fifa/Reprodução)

(Fifa/Reprodução)

O melhor do mundo na posição atualmente é o alemão Neuer. Na minha lista de cinco melhores da história estão Lev Yashin, Sepp Maier, Jean-Marie Pfaff, Peter Schmeichel e o Michel Preud’homme. Foram grandes goleiros

É impossível falar de futebol paraguaio sem mencionar o ex-goleiro José Luis Chilavert. Assim como é impensável listar os principais arqueiros da história sem citá-lo. Polêmico, de pavio curto, mas genial debaixo das traves e também na arte de fazer gols em cobranças de faltas e pênaltis, ele balançou as redes 62 vezes ao longo da carreira.

Aos 52 anos - completados na última quinta-feira (27) e sonhando em ser presidente do país onde é idolatrado pelo povo, Chilavert não perdeu a personalidade que o marcara mundialmente.

Em entrevista exclusiva ao Hoje em Dia, o ex-camisa 1 de Vélez Sarsfield, da Argentina, e seleção paraguaia fala das conquistas da carreira, relembra as polêmicas dentro e fora das quatro linhas, e conta como foi encarar o gigante Dida na final da Supercopa de 1996, quando venceu o Cruzeiro em pleno Mineirão, por 1 a 0, marcando o gol do Vélez em cobrança de pênalti.

O que você faz desde que pendurou as chuteiras?

Minha vida hoje é aproveitar com minha família. Tenho investimentos imobiliários na Argentina, nos Estados Unidos e, obviamente, no meu país. No Paraguai também tenho uma destilaria química, onde se pode fazer combustíveis, solventes e outros produtos.

Ser presidente é um sonho? Esta ideia passa mesmo pela sua cabeça?

Para ser presidente é importante ter a credibilidade e também que as pessoas queiram. Reúno estas condições e os paraguaios gostam muito de mim, por tudo que fiz no futebol. Contudo, sei que a política é totalmente diferente do mundo da bola. É preciso estar bem preparado e rodeado de pessoas inteligentes para ter uma boa equipe de trabalho. É um lindo desafio.

“O futebol brasileiro sempre foi muito importante no mundo e eu poderia ter jogado pelo Flamengo. Seria uma grande experiência para mim, mas não chegamos a um acordo financeiro naquela época”


Por muitos anos, você foi o maior goleiro artilheiro da história do futebol. Apesar de ter sido superado por Rogério Ceni, jamais será esquecido. Como foi ser o pioneiro neste quesito? 

Fui o maior goleador entre os goleiros e isso foi uma iniciativa minha. Sempre quis fazer gols. Depois de tudo que fiz e conquistei, apareceu o Ceni, brasileiro, um grande amigo batedor de faltas e também um ganhador. Realmente me sinto muito feliz que nós dois sejamos os maiores goleadores da história do futebol. 

O Vélez foi o principal clube da sua vida? Aquele Mundial de 1994, contra o Milan, foi a principal conquista da sua carreira? O que lembra daquela equipe?

Vélez é a “Casa Branca” do mundo do futebol para mim. Foi a equipe onde estive por nove anos e ganhei nove títulos. Ganhamos vários títulos internacionais e, principalmente, aquele Mundial sobre o Milan. Vélez é o máximo; é a minha casa. Foi um desafio perfeito, em todas as temporadas que fizemos. Éramos uma equipe sem problemas e com uma verdadeira fortaleza mental. Tínhamos uma técnica muito boa e também um apurado condicionamento físico. Éramos guerreiros e, por isso, superamos o Milan por 2 a 0 naquele duelo. Era a equipe mais importante do mundo naquele momento. Gosto de dizer que quando uma equipe está unida, tudo é possível. Os italianos não acreditaram naquele resultado final.

Me sinto muito feliz que eu e o Rogério Ceni sejamos os maiores goleadores da história do futebol mundial. Além de um grande amigo, ele foi um grande batedor de faltas e também um ganhado

Sua última Copa do Mundo foi em 2002, ano do pentacampeonato do Brasil. Aquele episódio da cusparada no Roberto Carlos, no ano anterior, já foi superado? Conversaram depois daquilo?

 Passamos da primeira fase e fomos eliminados nas oitavas pela Alemanha, que fez um gol no último minuto. Não tivemos sorte, assim como na França, em 1998. Demos tudo em campo, mas não tivemos sorte. Em 98 a França se tornou campeã e a Alemanha foi finalista na Copa seguinte. Graças a nós, o Paraguai tem este reconhecimento e respeito mundial. Antes de 98, ninguém sabia que tínhamos uma equipe de guerreiros. O tema Roberto Carlos já passou. Foi um momento de calor, mas ele disse “índio, ganhamos de vocês por 2 a 0”. As imagens não mostraram isso. Ele faltou com respeito comigo. Anos depois, porém, nós nos reencontramos e resolvemos tudo. É um assunto superado.Reprodução/Internet

Quais os cinco melhores goleiros da história na sua opinião?

Na minha lista de cinco melhores estão Lev Yashin, Sepp Maier, Jean-Marie Pfaff, Peter Schmeichel e Michel Preud’homme.

Quem é o melhor goleiro da atualidade?

O melhor do mundo na posição é o Neuer. Ele reúnes todas as qualidades. Sabe jogador com os pés, faz o papel de líbero e é um goleiro praticamente completo em tudo. 

Gostaria de ter jogado no Brasil? Teve proposta?

O futebol brasileiro sempre foi muito importante no mundo e eu tive a oportunidade de jogar pelo Flamengo, quando o presidente era Kléber Leite. Seria uma grande experiência, até pela grande torcida que o Flamengo tem, mas não chegamos a um acordo financeiro naquela época. Teria sido uma experiência única!

Quais os atacantes brasileiros que você mais admira?

Romário é um dos melhores atacantes que vi na vida. É um ídolo meu, assim como Ronaldo Fenômeno. Foi um privilégio ter os enfrentado e também poder ter desfrutado de vê-los atuar. São os melhores do mundo. 

Na Supercopa de 1996, você marcou o gol da vitória do Vélez sobre o Cruzeiro, em pleno Mineirão. O que lembra daquela partida?

Foi bastante difícil bater um pênalti, no Mineirão, contra o gigante Dida. Era um grande desafio e, fazer o gol, para mim, foi motivo de muita alegria. Tive sorte. Nos tornamos campeões naquele ano. O Dida, meu adversário naquela decisão, também é um dos melhores do mundo na posição.

Deixe um recado aos brasileiros.

A todos os amigos brasileiros, que gostem ou não de futebol, digo que vocês moram num país maravilhoso e que, por isso, lutem para que os corruptos sejam todos presos. Não podemos mais permitir que continuem nos roubando e pegando dinheiro do povo. No mundo do futebol, vocês vão seguir tendo grandes conquistas. Ele não é nada sem o Brasil. 

 Osmar Ladeia/Divulgação

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