Fifa aumenta rigidez contra atitudes homofóbicas, como as registradas no clássico mineiro

Henrique André
hcarmo@hojeemdia.com.br
25/03/2016 às 06:00.
Atualizado em 16/11/2021 às 02:38
 (Reprodução)

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Uma moda, criada no México, tomou conta dos estádios brasileiros nos últimos anos. E não se trata da “Hola” ou das “Paletas Mexicanas”. Adaptando o “puto” – xingamento a homossexuais utilizado no país quando o goleiro adversário parte para o tiro de meta –, torcedores de vários clubes no Brasil adotaram o termo “bicha” com o mesmo fim. Inclusive no clássico mineiro entre Atlético e Cruzeiro.

Contudo, o ato – considerado homofóbico pela Fifa – pode estar com os dias contados, já que a entidade promete punição a quem utilizá-lo. Argentina, Peru, Chile, México e Uruguai foram os primeiros a serem multados em até R$ 75 mil.

“As pessoas acham isso comum porque não são elas as que são ofendidas. É fácil não se incomodar quando não é o alvo”, avalia o jornalista mineiro Mário Marra, comentarista da ESPN e das rádios Globo e CNB, integrante do coletivo Respeito Futebol Clube, lançado nesta semana em São Paulo.

Mas há quem discorde. Indo na contramão do pensamento da Fifa, o presidente do Superior Tribunal de Justiça Desportiva, Caio Rocha, não vê homofobia nos gritos.

“O ato discriminatório tem que ser direcionado a pessoas com características diferentes às do autor da ofensa. Se eu andar na rua e me chamarem de ‘bicha’, não vou me sentir discriminado porque eu não sou homossexual. Vou me sentir ofendido”, disse Rocha em entrevista ao site Goal.com.

Intolerância em Minas

Quando o goleiro Fábio partir para o tiro de meta, no próximo domingo, não escapará do grito de “ôôôôô, bicha!” vindo do lado alvinegro das cadeiras do Horto. Com a posse de bola do mandante Atlético, os outros 10% do estádio cantarão músicas usando os termos “Franga” ou “Gaylo”. Assim será o clássico marcado para às 11h, no Horto.

Enraizadas na cultura do duelo, músicas, faixas e outras manifestações de caráter homofóbico se tornaram fato comum para muitos torcedores. Numa simples pesquisa na internet, por exemplo, é possível achar milhares de memes criados para provocar com os rivais recorrendo à questão da sexualidade.

Numa enquete criada pela reportagem do Hoje em Dia no Twitter, 73% dos participantes acharam absurdas as multas aplicadas pela Fifa. A pesquisa contou com 769 votos.

Cabe lembrar que, por outro lado, muitos atleticanos e cruzeirenses se movimentam nos bastidores, lutando pelo fim dos atos homofóbicos e sexistas nos estádios.

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