Filme registra a ascensão e queda do grupo N.W.A.

Paulo Henrique Silva - Hoje em Dia
Hoje em Dia - Belo Horizonte
21/03/2016 às 09:29.
Atualizado em 16/11/2021 às 01:52
 (Universal/Divulgação)

(Universal/Divulgação)

Como quase toda cinebiografia musical, o caminho que a história de “Straight Outta Compton – A História do N.W.A” (lançado em DVD pela Universal) percorre é acidentado, mas conhecido, começando pela origem humilde e o esforço do protagonista para ter seu talento reconhecido, passando pelos problemas gerados pelo sucesso até chegar a um balanço positivo.

O que intriga, especialmente nesse longa sobre o início do hip hop, é o quanto essas etapas refletem a realidade. Ou se foram apenas adaptadas para seguir essa fórmula, que é muito nítida no filme dirigido por F. Gary Gray, realizador de trabalhos divertidos como “Uma Saída de Mestre” (2003) e “Be Cool: O Outro Nome do Jogo” (2005), que mesclam ação e pitadas de humor.

Essa também é a opção de Gray em “Straight Outta Compton”, já que o filme nunca chega a ser um drama, dando igual atenção aos cinco integrantes do N.W.A., hoje nomes incontestáveis do estilo musical, como Ice Cube e Dr. Dre. Eazy-E morreu em 1995, após ter contraído Aids. Esse acontecimento é um dos plots da narrativa, assim como as desavenças no grupo e a separação.

Sem nunca deixar o ritmo cair, Gray injeta um constante estado de tensão, escorando-se fundamentalmente no conflito racial. O sucesso da grupo não representa apenas uma afirmação, mas também um incômodo à sociedade branca, que não aprova os versos cheios de palavrões e extraídos da situação de opressão da comunidade negra – N.W.A. quer dizer negros com atitude.

Desse conflito nascem algumas das melhores sequências, como o instante em que os integrantes estão na porta da gravadora e, por simplesmente estarem reunidos, são abordados de forma violenta por policiais. Não por acaso, um acontecimento marcante dessa época cruza o filme, quando o taxista Rodney King é espancado, em 1991, por agentes de Los Angeles.

Simplismo

Mas no momento em que o “inimigo” deixa de ser os brancos para ser os próprios negros, com os integrantes disputando interesses, o filme cai muito. Seria uma maneira de dizer que, quanto mais afastados de sua origem pobre e maior sucesso têm, menos unidos e engajados eles se tornam, o que acaba sendo uma maneira simplista de ver esses jovens talentosos que são jogados na selvagem indústria fonográfica.
OLHO: Quem interpreta IceCube no filme é o filho do astro, O’Shea Jackson Jr. O elenco tem ainda Paul Giamatti, como o primeiro empresário da banda e que, apesar de ajudá-los, acaba incentivando disputas internas.

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