Formado no Atlético, artilheiro da Segundona encara o Galo 'B' em retomada da carreira

Frederico Ribeiro
fmachado@hojeemdia.com.br
24/08/2017 às 19:48.
Atualizado em 15/11/2021 às 10:15
 (Divulgação/FMF)

(Divulgação/FMF)

Na caminhada do tradicional Ipatinga para voltar ao mais alto patamar do futebol mineiro, ninguém simboliza melhor a busca por redenção do que o atacante Paulo Henrique. Formado nas categorias de base do Atlético, o atual artilheiro da Segunda Divisão do Campeonato Mineiro de 2017 carrega as esperanças do Tigre no confronto com o Galo ‘B’, pela sexta rodada, às 16h desta sexta-feira (25), na Arena do Jacaré.

Revelado pelo alvinegro em 2012, Paulo Henrique viu a carreira sair dos trilhos nas temporadas seguintes. Agora, pela equipe do Vale do Aço, o centroavante de 24 anos já anotou seis gols e sonha em voltar a um time de elite após o término da competição.

Em conversa com a reportagem do Hoje em Dia, o ex-jogador do Atlético admite que não estava preparado para a queda de degraus após sucessivos empréstimos e trocas de clubes. O atacante chegou a ficar desempregado por oito meses, depois de enfrentar problemas com a vida noturna e o ganho de peso.

No Ipatinga, ele vai em busca da "volta por cima" na vida profissional, de cabeça erguida, nem que seja jogando no último nível profissional do futebol mineiro (equivalente, na prática à Terceira Divisão do campeonato estadual).

“Estou vivendo a reconstrução da minha carreira. Não foi o que eu almejava quando surgi no Atlético, estar com 24 anos disputando a Terceira Divisão. Mas é uma retomada. Junto com o Ipatinga, estou tentando me reerguer”, afirma o centroavante, que ao marcar três gols só na primeira rodada, foi enfático:

"Eu preciso muito mais do Ipatinga, do que o Ipatinga precisa de mim".Centro Atleticano de Memória

CARREIRA POR UM FIO
Paulo Henrique fez apenas três partidas pelo time principal do Galo, todas como reserva, em 2012. Chegou a ser inscrito na Libertadores 2013. Não deixou boa impressão nas poucas oportunidades recebidas e acabou repassado, por empréstimo, para São Caetano, Villa Nova, Caxias, Paraná, Boa Vista e Internacional de Lages (cidade natal do jogador, em Santa Catarina).

Neste ínterim, se enganou ao achar que teria o Galo para sempre como um “porto seguro”. O contrato com o alvinegro terminou em dezembro de 2016. Sem oportunidade e com a conta bancária esvaziando, já imaginava tocar a vida longe da bola. Então, surgiu o convite do Ipatinga, num casamento perfeito em busca do sucesso.

“No início deste ano, estava pensando em abandonar o futebol. Mas pessoas que gostam de mim me fizeram voltar, e tive a sorte de acertar com o Ipatinga. É o primeiro passo de muitos para poder voltar a vestir a camisa de um grande clube da Série A do Campeonato Brasileiro”, acredita.
Com contrato até o fim da competição, o atacante tem a chance de manter o faro de gol diante do time mais badalado da Terceira Divisão do Mineiro.

CAMPANHAS
O Galo sub-23 precisa vencer a partida na Arena do Jacaré, pois acumula quatro empates e uma derrota. O Tigre faz campanha melhor e ocupa a vice-liderança, abaixo do Coimbra. 

Se o torneio terminasse agora, o Tigre do Vale do Aço e o atual líder seriam os classificados para o Módulo II em 2018.

Hoje em Dia: Você é o atual artilheiro da Segunda Divisão do Campeonato Mineiro. Esperava retomar a carreira sendo artilheiro no Ipatinga?
Paulo Henrique: Eu estou encarando como uma reconstrução na minha carreira. Não foi o que eu almejava quando surgi no Atlético, estar 24 anos disputando a terceira divisão. Mas é uma retomada na carreira. Junto com o Ipatinga, tentar reerguer. Porque ainda tenho uma idade baixa e acredito que possso dar volta por cima e provar para algumas pessoas que não acreditavam mais em mim, que eu possa defender um time grande ainda, de maior expressão, no futebol brasileiro. Estou muito feliz aqui, clube me recebeu muito bem, a comissão técnica, diretoria e os jogadores que aqui estão. Estou feliz e vivendo momento bol, fazendo gols. Espero que este momento não seja passageiro, que seja duradouro, possa durar até o fim do ano". 

HD: Conte um pouco como foi os percalços da sua carreira depois que foi emprestado pela primeira vez pelo Atlético. O que você encontrou de dificuldades?
PH: Quando eu sai do Atlético, em 2013, eu fui para o São Caetano. E a diferença de realidade estrutural é muito grande. Eu saí de um time que tinha tudo, do bom e do melhor, de primeira linha, para outro que a estrutura era escassa, quase nada, tanto que o time foi rebaixado para a 3ª Divisão e depois para a 4ª. Eu não entendi o momento que eu estava vivendo. Eu cheguei lá e me acomodei, talvez por conta do salário que eu recebia do Atlético, pensando que, independentemente da minha performance no São Caetano, eu voltaria ao Galo e seria bem recebido.

HD: Mas você foi repassado para outros clubes, meio que desaparecendo do cenário...
PH: Acabou que as coisas não aconteceram como imaginei. Perdi espaço no Atlético, cada vez perdendo mais espaço e não entendi o que a vida ia me mostrando. Fui afundando mais e mais. Tive oportunidade de ir para o Paraná, um grande clube, mas que tinha dificuldade no começo, quando cheguei. Eles melhoraram, mas eu mantinha a cabeça no Atlético Mineiro, que eu iria voltar, tudo iria voltar ao normal. E não foi assim. Acabei não jogando, tive problema com a noite, também depois fiquei desanimado, tive problema de peso, e as coisas foram evoluindo para um lado inesperado. Até o começo deste ano.

HD: Você chegou a atuar no Inter de Lages, que é o time da sua cidade natal, antes de acertar com o Ipatinga. O que aquela volta à casa representou? Foi mais um capítulo de barreiras na carreira?
PH: Então cheguei no Inter de Lages, da minha cidade (em Santa Catarina). Achei que iria dar a volta por cima e não aconteceu isso também. No começo deste ano estava pensando em parar de jogar futebol. Eu mesmo estava desacreditando em mim. Mas pessoas que gostam de mim, que estão por perto, me fizeram a cabeça, o Carlinhos (Sabiá, empresário) e tive a sorte de acertar com o Ipatinga, para trabalhar com profissionais que também querem retomar a carreira e fazer com que o Ipatinga seja grande novamente. Por isso só tenho que agradecer, de ter caído no time certo. Não era o que eu almejava na carreira, mas é o primeiro passo de muitos ainda pela frente para eu poder voltar a vestir a camisa de um grande clube da Série A do Campeonato Brasileiro. 

HD: Em 2016 você deixou de ser jogador do Atlético, com o contrato encerrado...
PH: Quando meu contrato acabou com o Atlético (em dezembro de 2016), eu tinha uma proposta para jogar fora do Brasil. Com isso, rejeitei convites aqui do país, de equipes menores. Mas a oferta internacional não foi para frente. Fiquei oito meses em casa, o que me desanimou e me desestruturou bastante financeiramente. Foi neste momento que pensei em parar, tentar fazer outra coisa. Mas graças a Deus continuei. 

HD: Agora você reencontra o Atlético, mesmo sendo o time "B", como um dos destaques da Terceirona. Como vai ser esse reencontro?
PH: Surgi num momento bom do Atlético, com grandes jogadores. Tenho carinho muito grande do Atlético, que me abriu as portas, me revelou, que me fez ser conhecido estadualmente, nacionalmente. Para mim será um jogo normal, como qualquer outro, a não ser um gostinho especial de ser o time que me revelou. Quero ajudar a minha equipe a sair com a vitória. Às vezes a gente senta e pensa: 'poderia ser diferente, eu ainda poderia estar lá (no Galo), poderia ter aproveitado as oportunidades'. Mas será bom reencontrar o time que eu comecei, onde tive momentos de felicidade. Mas agora é ajudar o Ipatinga a subir.

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por