'Freguês' do Vasco na Série A do Brasileirão, Cruzeiro terá a chance da vingança na Segunda Divisão

Alexandre Simões
@oalexsimoes
26/02/2021 às 13:24.
Atualizado em 05/12/2021 às 04:16
Juninho e Sorín disputam durante jogo Cruzeiro x Vasco, em 2000 (Cristiano Machado/Arquivo Hoje em Dia)

Juninho e Sorín disputam durante jogo Cruzeiro x Vasco, em 2000 (Cristiano Machado/Arquivo Hoje em Dia)

O Cruzeiro terá a companhia de dois grandes clubes na Série B 2021 com as quedas dos cariocas Botafogo e Vasco e terá, no que se refere aos Cruzmaltinos, a chance de vingar na Segunda Divisão traumas vividos contra o time de São Januário no Brasileirão.

Foram três os momentos em que os clubes brigaram pela taça ou por vaga na decisão na Primeira Divisão. E a história mostra os cruzeirenses fregueses dos vascaínos nesses confrontos.Cristiano Machado/Arquivo Hoje em Dia

Em 2000, o Vasco, de Juninho Pernambucano, eliminou, dentro do Mineirão, com uma vitória por 3 a 1, o Cruzeiro, de Sorín, em confronto que valia vaga na decisão da Copa João Havelange

O primeiro capítulo desta história é o mais duro para os celestes. O Brasileirão de 1974 foi decidido num quadrangular em turno único. Cruzeiro e Vasco terminaram empatados com quatro pontos. O regulamento previa uma partida desempate com mando de quem tinha melhor campanha nas três fases da competição, no caso a Raposa.

Mas na partida entre eles pela fase final, em 24 de julho, no Mineirão, que terminou empatada por 1 a 1, o árbitro Sebastião Rufino deixou de marcar pênalti claro de Alcir em Palhinha, lance que teve a confissão do volante vascaíno após a partida. Isso aconteceu já na reta final do confronto.

O treinador Hilton Chaves e o diretor Carmine Furletti, na reclamação, chegaram a trocar socos com o auxiliar Gilson Cordeiro. Isso foi relatado na súmula por Rufino e com base no documento, o Vasco entrou com um recurso pedindo a perda de mando de campo pelo Cruzeiro.

O tribunal suspendeu a partida e a decisão poderia levar a partida para o ano seguinte. Até a proclamação dos dois clubes campeões foi pensada. Mas cruzeirenses e vascaínos chegaram a um acordo e o jogo foi transferido para o Maracanã.

O Cruzeiro vivia tempos difíceis do ponto de vista financeiro e como a renda seria dividida, pensou no fato de o Maracanã ter uma capacidade maior de público. Foram 112.933 os pagantes na partida.

Em 1º de agosto de 1974, Vasco e Cruzeiro decidiram o Campeonato Brasileiro de 1974. E os cariocas venceram por 2 a 1. Os cruzeirenses reclamam muito de um gol de Zé Carlos anulado por Armando Marques, no final da partida, num lance realmente muito polêmico.

Mas quando o placar era de 1 a 0 para o Vasco, o time de São Januário teve um gol de Jorginho Carvoeiro também polêmico anulado.

Assim, apesar de ter um time bem superior ao do Vasco, tecnicamente, com craques como Nelinho, Perfumo, Piazza, Zé Carlos, Dirceu Lopes, Roberto Batata, Palhinha, Eduardo e Joãozinho, o Cruzeiro perdeu a taça de 1974 para o Vasco.

Frustração

O Campeonato Brasileiro de 1989 teve dois grupos nas duas fases, sendo que na primeira ele contava com 11 clubes e os três últimos colocados não avançavam para a etapa seguinte.

Na primeira fase, os clubes se enfrentavam em turno único dentro da mesma chave. No returno, encaravam as oito equipes que tinham se classificado no outro grupo.

A pontuação ia sendo somada para se conhecer o vencedor de cada chave, pois ele seria finalista do Campeonato Brasileiro.

No Grupo B, Vasco e Cruzeiro chegaram à última rodada com apenas um ponto de diferença, a favor dos vascaínos. Em 10 de dezembro, no mesmo horário, o Cruzmaltino enfrentava o Internacional, no Beira-Rio, e vencendo seria finalista.

O Cruzeiro, no mesmo dia e horário, fazia o clássico contra o Atlético, no Mineirão. Além de vencer, precisava contar com pelo menos um empate dos vascaínos.

Logo aos quatro minutos, Heyder abriu o placar para o Cruzeiro no clássico mineiro. Mas Bebeto marcou aos 17 e 25 minutos do segundo tempo para o Vasco, no Beira-Rio, e o time carioca ficou com a vaga na decisão, onde derrotou o São Paulo e foi campeão brasileiro.

Copa João Havelange

Em 2000, cruzeirenses e vascaínos decidiram uma vaga na final da Copa João Havelange, o Campeonato Brasileiro daquela temporada. Entre os dois confrontos, o Cruzmaltino ganhou no Palestra Itália, em São Paulo, a Copa Mercosul, em cima do Palmeiras, fazendo 4 a 3 depois de perder o primeiro tempo por 3 a 0.

A virada espetacular do Vasco foi em 20 de dezembro de 2000. Antes, dia 16, tinha empatado por 2 a 2 com o Cruzeiro, em São Januário, na partida de ida das semifinais da Copa João Havelange, depois de abrir 2 a 0 e sofrer gols de Fábio Júnior e Alex Mineiro aos 34 e 42 minutos do segundo tempo.

Na volta, a Raposa jogava por empate sem gols ou por 1 a 1. Os cariocas saíram na frente, com Juninho Pernambucano, mas Sorín empatou ainda na primeira etapa.

No segundo tempo, Euller e Romário decretaram a vitória vascaína. Na final, a equipe carioca encarou e venceu o São Caetano.

Rebaixamento

Há ainda outro trauma cruzeirense diante do Vasco no Brasileirão. Este bem mais recente. Em 2 de dezembro de 2019, pela 36ª rodada da Série A, o Cruzeiro, com a corda no pescoço em relação ao rebaixamento, estreou o técnico Adilson Batista num confronto em São Januário.Bruno Haddad/CruzeiroNa estreia de Adilson Batista, na 36ª rodada da Série A de 2019, o Vasco fez 1 a 0 sobre o Cruzeiro e encaminhou o primeiro rebaixamento da história da Raposa

Com um gol de Guarín, logo aos nove minutos, o Vasco venceu por 1 a 0 e encaminhou a primeira queda da história cruzeirense para a Série B.

Pouco mais de um ano depois, o Cruzmaltino vive o mesmo drama, mas pela quarta vez. E os dois gigantes do futebol brasileiro têm dois encontros marcados na Segunda Divisão de 2021. E o Cruzeiro a chance de vingar todo a decepção que já viveu diante do Vasco no Brasileirão.

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por