Ginastas admitem que pressão da torcida pesa no Ibirapuera

Estadão Conteúdo
02/05/2015 às 12:54.
Atualizado em 16/11/2021 às 23:52

Se tudo der errado, a ginástica artística brasileira vai ter que brigar pela classificação por equipes para os Jogos do Rio diante da torcida, em um evento-teste programado para abril do ano que vem, na Arena Olímpica. Se tudo der certo e as vagas vierem pelo Mundial, o próximo compromisso em casa será exatamente a disputa olímpica. Em um cenário ou no outro, o fato é que a Copa do Mundo de São Paulo, no Ibirapuera, está servindo para que a equipe se acostume à pressão que encontrará na próxima vez que competir diante da torcida.

"Para alguns atletas, (a pressão) pesa. A gente sabe disso. O grande lance de a gente ter competido com seis atletas em aparelhos diferentes é exatamente preparar aqueles que necessitam de mais essa preparação psicológica. Na parte técnica, eles estão prontos. Aqui é muito mais avaliação psicológica do que física", explica o técnico Marcos Goto, do campeão olímpico Arthur Zanetti.

Como tanto a seleção masculina quanto a feminina têm treinado em conjunto, no Rio, os treinadores sabem bem o potencial de cada atleta. As notas são o somatório da nota de partida (definida a partir da série apresentada) com as notas de execução, e os treinadores têm o controle do nível técnico dos integrantes da seleção. Avaliações são periódicas no CT.

Mas, quando as apresentações são diante do público, com a pressão por resultados, as mãos e as pernas ficam mais pesadas. "Senti no cavalo (com alças). Na hora que me chamou, chamou o Arthur (Zanetti). Na hora em que fui entrar no cavalo, foi a hora que a galera estourou e eu tentei esperar ainda, mas não é uma coisa que estou acostumado", conta Francisco Barreto, relatando os momentos que antecederam sua apresentação na fase de classificação.

No feminino, o problema foi ainda mais sentido e isso já era esperado. Afinal, três das quatro atletas convocadas para a etapa estrearam apenas este ano na categoria adulta - na ginástica artística feminina, uma garota só se torna apta a competir no ano em que completa 16 anos.

"Eu acho que elas sentiram. Sobretudo a Rebeca, que sente uma pressão dela mesma. Ela tem uma coisa de 'eu tenho que acertar de qualquer jeito'. A Flavinha também, mas ela já passou pelos Jogos Olímpicos da Juventude, que foi uma competição de nível muito alto. Ela sofreu essa pressão", relata a coordenadora da seleção feminina, Georgette Vidor.

Rebeca Andrade é taxada como esperança de um futuro melhor para a ginástica feminina há três anos, desde que foi campeã brasileira pela primeira vez. São três anos de expectativa pelo que ela poderia vir a fazer entre 2015 e 2016, sendo decisiva para tentar levar o Brasil à Olimpíada e, depois, garantir um bom resultado nos Jogos.

Flávia Saraiva, também de 15 anos, surgiu como esperança há menos tempos e com menos pressão que Rebeca. Caiu de paraquedas nos Jogos Olímpicos da Juventude, porque a companheira se machucou, e ganhou três medalhas (uma de ouro, duas de prata). Em São Paulo, na sua primeira competição adulta, fará três finais por aparelhos. Rebeca avançou nos dois aparelhos em que foi inscrita.
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