Há 40 anos, 'Esquadrão Atleticano' calava o Beira-Rio e chegava à final do Brasileirão

Alexandre Simões e Henrique André
@jornalhojeemdia
22/05/2020 às 14:50.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:34
 (Centro Atleticano de Memória)

(Centro Atleticano de Memória)

Nos seus 112 anos de história, o Atlético teve vários esquadrões. Do time marcado pelo Trio Maldito, no final dos anos 1920, à equipe que levantou a Copa Libertadores, em 2013, formações memoráveis empolgaram os atleticanos. Uma delas alcançou um feito há exatos 40 anos. Com uma goleada de 3 a 0 dentro do Beira-Rio sobre o Internacional, que tinha sido campeão nacional invicto em 1979, o Galo de João Leite; Orlando, Osmar Guarnelli, Luizinho e Jorge Valença; Chicão, Toninho Cerezo e Palhinha; Pedrinho Gaúcho, Reinaldo e Éder, conquistava uma vaga na decisão do Brasileirão de 1980, contra o Flamengo. Na comemoração da data, o técnico Procópio Cardoso conta como foi montada aquela verdadeira máquina de jogar futebol.

Pouco mais de dois anos antes, em março de 1978, o Atlético já tinha decidido o Campeonato Brasileiro, contra o São Paulo, no Mineirão, perdendo a taça nos pênaltis apesar de invicto e com nove pontos a mais que o adversário. E aquela equipe, comandada por Barbatana, tinha como marca a prata da casa, pois o time considerado titular contava quase que na totalidade com revelações das categorias de base do Galo.

Em 1980, apenas três integrantes daquele grande time eram titulares: o goleiro João Leite, o volante Toninho Cerezo e o centroavante Reinaldo. Todos os outros jogadores chegaram em 1979 ou 1980 ao clube, e Procópio teve participação decisiva neste processo.

Toda a defesa foi modificada. “O Luizinho, indiquei ao Atlético e ele chegou em 1979 ainda com 20 anos. Logo depois veio seu companheiro de zaga, Osmar Guarnelli, trocado com o Botafogo, numa negociação que envolveu o Marcelo (Oliveira) e o Ziza. Do clube carioca ainda veio, por empréstimo, o centroavante Ricardo. No final de 1979, busquei no América-RJ o Jorge Valença, com quem eu tinha jogado no final da minha carreira, no Vitória. Em 1980, a defesa foi completada com a compra da Caldense do lateral-direito Orlando, que inclusive chegou à Seleção Brasileira”, explica o treinador do Atlético em 1980.

Ainda em 1979, o Atlético já tinha contratado o ponta-direita Pedrinho Gaúcho, revelado pelo Internacional, mas que estava se destacando no América-SP. Ele foi trocado pelo também ponta-direita Marinho, revelado na base, mas que estava tendo muitos problemas disciplinares.Centro Atleticano de Memória 

 CEREZO NA MEIA

A intenção de contar com Toninho Cerezo jogando como meia, fez o Atlético montar um novo meio-de-campo em 1980. O clube tinha buscado o volante Chicão, no São Paulo e o até então centroavante Palhinha, no Corinthians, mas para ser ponta-de-lança e formar dupla com Reinaldo. Faltava o ponta esquerda. E ele veio numa das trocas mais badaladas do futebol brasileiro.

"Fiquei sabendo que o Telê tinha tido um problema com o Éder no Grêmio. Com o Cerezo indo para a meia, a gente tinha o Paulo Isidoro, e eu sabia que o Telê gostava muito dele. Aí falei com o Guzella (Marcelo, diretor de futebol da época) para tentar o negócio. E aconteceu”, relembra Cardoso.

Assim, Procópio explica que aquele time de 1980 ganhou muito equilíbrio: “O Chicão era um baita primeira volante. O Cerezo na meia era covardia. E nós ganhamos muito com o Éder em relação a armação de jogadas, pela qualidade dele no passe, nos lançamentos. Além disso, ele sempre foi muito bom na bola parada. E Reinaldo e Palhinha sempre foram jogadores que sofreram muitas faltas e pênaltis. Acompanho o Atlético desde 1950, quando cheguei a Belo Horizonte. Aquele time de 1980 é o maior que vi nesses 70 anos”, garante Procópio.

Faltou a taça para aquele esquadrão. Procópio reconhece a qualidade do Flamengo de 1980, e a prova maior disso é que os dois time formavam a base da Seleção Brasileira naqueles tempos. Mas o ex-treinador acredita que a aquela decisão poderia ter terminado de outra maneira: “Aqui no Mineirão, tivemos dois gols anulados e dois pênaltis não marcados. No Maracanã, contamos com uma arbitragem muito ruim. Não é desmerecer a conquista, pois o Flamengo também era um grande time e merecia a conquista, mas nos tiraram aquela taça”.

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