'Homem-gol' de Tite para amistosos da Seleção, Firmino vê eliminação na Copa como injusta

Henrique André
hcarmo@hojeemdia.com.br
24/08/2018 às 10:49.
Atualizado em 10/11/2021 às 02:05
 (Lucas Figueiredo/CBF)

(Lucas Figueiredo/CBF)

“Estava fora de casa e acompanhei a convocação pelo celular. Fiquei muito feliz ao ouvir o meu nome. É mais um ciclo que se inicia, com novos jogadores”. Foi desta forma que Roberto Firmino, atacante do Liverpool, comemorou a presença na primeira lista do técnico Tite após a Copa do Mundo na Rússia.

Bem cotado para ser titular nos amistosos contra Estados Unidos e El Salvador, nos dias 7 e 11 de setembro, o alagoano de 26 anos vai em busca do oitavo gol com a camisa da Seleção Brasileira e, principalmente, de uma vaga na Copa América do próximo ano.

Nesta entrevista exclusiva ao Hoje em Dia, Firmino fala sobre a frustração pela eliminação diante da Bélgica na Copa, relembra a saída do Figueirense rumo ao futebol europeu, em 2010, projeta uma temporada de conquistas pelo clube inglês e muito mais.

O que faltou para a Seleção Brasileira ir mais longe na Copa da Rússia? Maturidade? Ou foi somente uma eliminação para uma equipe qualificada?

Não foi falta de maturidade, muito menos de atitude. São coisas até difíceis de explicar. Simplesmente não aconteceu, até porque fizemos um bom jogo contra a Bélgica. Não podemos tirar os méritos da boa seleção deles, que fez uma grande Copa do Mundo, mas nós criamos chances e acho que não merecíamos a eliminação. Mas isso faz parte do futebol, não podemos abaixar a cabeça.

“Ajudei como pude e dei o meu máximo quando solicitado, como todos do elenco. O ambiente era o melhor possível, o grupo era muito bom, unido, treinos muito fortes e um treinador (Tite) muito qualificado, acima da média”

 
Como avalia a sua própria participação? Acha que merecia ter atuado por mais tempo ou poderia ter contribuído mais?

Ajudei como pude e dei o meu máximo quando fui solicitado, como todos do elenco. O ambiente era o melhor possível, o grupo era muito bom, unido, treinos muito fortes e um treinador muito qualificado, acima da média. Infelizmente, o final não foi como esperávamos.

No início da carreira, você foi uma espécie de ‘pupilo’ do ex-volante Bilu. Como começou e como é a relação entre vocês?

Eu e o Bilu nos conhecemos no CRB. Até que um dia ele arrumou um teste para mim no São Paulo. Fiquei dez dias lá, treinei só uma vez com bola e não passei. Disseram que já tinham vários jogadores da minha posição. Depois, ele ainda conseguiu outro teste para mim, lá no Figueirense. Com dois dias de treino, eu já tinha passado. Ele ainda me ajudou a fazer meu primeiro contrato profissional lá. Hoje, temos um laço de amizade muito forte, somos bem próximos. Somos amigos de verdade.

Você saiu do Figueirense com apenas 20 anos para ir jogar na Alemanha. Como foi para um jovem alagoano chegar à Europa ainda com pouca idade? Passou muito aperto fora de campo?

Eu também não imaginava sair tão cedo assim do Brasil, mas a oportunidade apareceu e não pensei duas vezes, ainda mais no futebol alemão, um dos mais fortes e badalados do mundo. As dificuldades que surgiram foram as que todo jogador brasileiro encontra, como o idioma e um lugar novo, desconhecido, mas nada que me fizesse desistir ou desanimar. Muito pelo contrário. Só cresci com tudo o que conheci e aprendi.Lucas Figueiredo/CBF

Contratado por 40 milhões de euros, protagonista no atual vice-campeão europeu e um favorito ao título da Premier League. Como é para você voltar a Alagoas já tendo uma carreira sólida de conquistas?

Sempre que posso, nas férias, faço questão de voltar para Alagoas, rever os parentes e amigos, curtir um pouco, relembrar os bons momentos da minha infância. E o reconhecimento das pessoas é muito legal. Valorizo isso e tento retribuir de alguma forma. É muito bom olhar pra trás e analisar toda uma trajetória de muita luta, mas também de realizações. Mas ainda tenho muita coisa para conquistar na minha carreira, se Deus quiser.

O Liverpool manteve a base do ano passado e ainda se reforçou com Alisson e Fabinho, por exemplo. O que esperar do time para esta temporada? Já são 28 anos sem o título inglês, e nenhum na Era Premier League. Chegou a vez de levantar o troféu nacional?

É o que a gente busca. Realmente, a boa base que temos foi mantida e o clube se reforçou muito bem, com peças de muita qualidade. Dessa forma, a expectativa em cima do time só aumenta, assim como a cobrança por resultados ainda melhores. Temos tudo para fazer mais uma grande temporada. E que venham os títulos.

Simplesmente não aconteceu, até porque fizemos um bom jogo contra a Bélgica. Não podemos tirar os méritos da boa seleção deles, mas acho que não merecíamos a eliminação”


O trio Firmino, Salah e Mané foi a sensação da última Champions e também está mantido. Vê o time mais maduro para sonhar com a taça mais cobiçada da Europa?

Como disse, espero que seja uma temporada ainda melhor. Queremos levar o Liverpool a ser novamente campeão inglês, o que já não acontece há algum tempo, e vamos fortes também na Champions League. Chegamos muito perto do título na temporada passada, batemos na trave. O nosso torcedor ficou satisfeito com o que fizemos, pois levamos o clube novamente à decisão da principal competição de clubes do mundo, mas é claro que ficou aquele gosto um pouco amargo por não termos levantado a taça. Vamos outra vez atrás dela, com um grupo ainda mais forte.

Como você projeta o próximo clássico local com o Everton, que agora conta com dois brasileiros? Já fez algum contato com Richarlison e Bernard?

Ainda não os conheço, mas são dois grandes jogadores. O Bernard é um pouco mais conhecido, com passagens pela seleção brasileira e com uma Copa do Mundo no currículo. E o Richarlison, um jovem de muita qualidade, que já chama a atenção aqui na Inglaterra. Espero que eles sejam muito felizes no novo clube, mas não no clássico contra o Liverpool.


Você já é ídolo no futebol inglês. Tem vontade de atuar em algum outro grande centro da Europa como Itália ou Espanha?

Não penso nisso agora. Deixo as coisas acontecerem naturalmente. Estou muito feliz aqui na Inglaterra, que tem o campeonato mais disputado e mais visto do mundo.Sam Williams/Liverpool FC 

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