Impulsão: 'Gigante' de 1,61m de altura e aos 14 anos, goleira do Atlético é fenômeno em Minas

Henrique André
18/11/2019 às 15:21.
Atualizado em 05/09/2021 às 22:43
 (Arquivo Pessoal)

(Arquivo Pessoal)

Tamanho. Talvez esta seja a palavra que a jovem Fernanda Mayrink mais escutou desde que deu os primeiros chutes numa bola de futebol. Apaixonada pelo esporte e vinculada ao Atlético, a goleira de 14 anos e apenas 1,61m de altura, aos poucos vai se destacando com o par de luvas e, para muitos, é um fenômeno da modalidade.

Eleita a melhor da posição na Copa Mássime, competição Sub-20 realizada na semana passada em Contagem, na Região Metropolitana de BH, Nandinha (como é chamada pelas companheiras de time) vestiu a camisa do Tupinambás e, em vários momentos, se fez  gigante para as adversárias; todas mais velhas do que ela.

Nascida em 15 de novembro de 2005, mesmo dia do aniversário de Mão de Onça, ex-goleiro do Galo na década de 1920, e mesma data em que, em 2017, Victor se tornou o atleta do alvinegro que mais vezes defendeu o time no Brasileirão, a goleira já coleciona histórias distintas no mundo da bola: além da baixa estatura, ela também sofreu com o preconceito por ser mulher e, no início, atuar entre meninos. De personalidade forte, porém, a baixinha mandou tudo isso para escanteio.

"Comecei o interesse pelo futebol aos seis, sete anos, quando meu irmão jogava na escolinha do Cruzeiro. De tanto eu insistir, minha mãe acabou deixando. Disputei campeonatos internos, copinhas... Depois que me destaquei na escolinha, fui chamada para o time principal do Cruzeiro. Mas, por ser menina e jogar entre meninos, acabei mandada embora. Só por ser menina e goleira", conta Fernanda ao Hoje em Dia.

"Fui para um 'Time B' do Cruzeiro, que jogava num campo de terra. Fiquei lá por cinco anos. Teve um campeonato na cidade de São Gotardo. Um cara não me deixou jogar. Já estava toda pronta, de mala arrumada, hotel e passagens pagos... Dois dias antes da viagem, ele ligou para o meu treinador e disse que eu não poderia participar por ser menina. Chorei muito neste dia, mas fui lá assistir meu time jogar", acrescenta a menina que divide o futebol com o oitavo ano do ensino fundamental.

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 Virada de jogo

Depois desta decepção, a goleira seguiu seu caminho, sem nunca abaixar a cabeça. Após rodar por alguns times, ainda jogando com meninos, ela disputou uma competição que mudou sua vida. Após três pênaltis defendidos na semifinal e uma bela atuação na grande decisão, ela ganhou todos os prêmios possíveis ali. 

Numa entrevista na Rádio Favela, ela foi apresentada a dirigentes do Tupinambáss, equipe da capital que se destaca pelo apoio ao futebol feminino. Um passo que abriu portas para quem seguia fechando o gol. "Foi a partir disso que eu pude chegar aonde estou hoje", comemora Nandinha.

"Por eu ser baixinha, muita gente atrás do gol fala que eu não vou chegar nas bolas altas. Mas, por isso mesmo é que eu treino muita impulsão. Fiz um exame recentemente que apontou que eu vou crescer até 1,75m mais ou menos.

"Em julho eu fiz uma cirurgia no joelho. Minha perna nasceu 4,5cm maior do que a outra. Se eu não fizesse, chegaria a quase 7 cm. Aí não daria para jogar né? Voltei a jogar há dois meses. Estes prêmios na Copa Mássime foram muito bons para mim", finaliza a goleira que tem como ídolo o italiano Buffon e que sonha em chegar à Seleção Brasileira.

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