Início em Lavras, primeiro presente para a mãe e confusão no cartório: os segredos de Alerrandro

Henrique André
18/03/2019 às 18:16.
Atualizado em 05/09/2021 às 17:51

Sair de casa aos 10 anos para morar num alojamento de atletas foi o primeiro grande passo dado pelo atacante Alerrandro, que desde criança sonhava em deixar Lavras, no Sul de Minas, para brilhar no mundo da bola. Hoje, aos 19, o camisa 44 do Atlético, além de ostentar a artilharia do Campeonato Mineiro, com sete gols marcados, tem a presença da família como trunfo nesta nova fase da carreira. 

Afastado do elenco principal por indisciplina há menos de um ano, Lelê, como é chamado pelos mais íntimos, deu a volta por cima e, de tanto balançar a rede, começa a ter holofotes nos quatro cantos do país.

“Quando aquilo aconteceu, ele me ligou chorando, arrependido. Eu ainda morava em Lavras. Falei para ele que era para colocar a cabeça no lugar e seguir em frente”, conta dona Patrícia, mãe de Alerrandro. “Além disso, ele tem um empresário muito atencioso por perto (Renato Moura), que sempre o aconselha, assim como algumas pessoas do próprio Atlético que o ajudaram demais naquele período”, acrescenta.

Caçula da família, o atacante do Atlético soube bem como agradar a mãe assim que recebeu o primeiro salário como atleta profissional. Curtindo férias na cidade-natal, ele a levou ao supermercado e, com um simples gesto, fez dona Patrícia não conter a emoção: “mãe, pode comprar o que quiser e só leve o que for do bom e do melhor. Hoje, vamos pagar com o meu cartão”, disse o irmão mais novo de Tamires e Chris Everton. 

“Naquele momento eu não consegui segurar o choro. Foi muito emocionante porque ali eu vi que ele reconhecia todo o esforço que eu e minha mãe (dona Ângela) fizemos para criá-lo”, conta a dona de casa. O pai, Everton Realino, apesar da proximidade nos dias de hoje, saiu de casa quando Alerrandro ainda era bem pequeno.

Paternidade aos 19

Além da presença da mãe e do irmão em BH, o camisa 44 viu a família aumentar há pouco mais de um mês. Do namoro com Taciane, nasceu a herdeira Emanuelly. A baixinha, inclusive, esteve no Mineirão no clássico contra o América, no qual o papai acabou sendo o protagonista na vitória por 3 a 2.

“A minha vinda para Belo Horizonte, a presença da Taciane e do Chris Everton, e o nascimento da Emanuelly foram muito importantes para esta nova fase da vida dele”, enfatiza dona Patrícia. 

“Ele sempre foi muito carinhoso comigo e com os irmãos, e o futebol é tudo na vida dele. Graças a Deus está dando certo. Ficamos muito emocionados com as matérias que fizeram após o jogo (contra o América)”, finaliza.

Com a classificação antecipada para as quartas de final, Alerrandro deve novamente figurar entre os titulares do Atlético no duelo desta quarta (20), em Juiz de Fora, contra o Tupynambás. Na Zona da Mata, o artilheiro do Mineiro terá nova oportunidade de anotar mais gols e seguir brilhando entre os renomados Fred e Ricardo Oliveira.

Aliás, desde os “rachas” na quadra da Escola Municipal Padre Dehon, em Lavras, o atacante do Galo já enfrentava os mais velhos e, com o faro de gol apurado, demonstrava que o sucesso no futebol era apenas questão de tempo e, principalmente, de amadurecimento.

Apesar do jeito tímido e quieto, na Cidade do Galo Alerrandro fez bons amigos. O recém-chegado Guga, que também briga por um lugar entre os onze, e o “Maluquinho” Luan, fonte de conselhos e aprendizados, são dois dos melhores.

Origem do nome

Fazer uma entrevista com dona Patrícia e não perguntá-la qual a origem do nome do filho mais novo seria um verdadeiro desserviço ao jornalismo. Correto? Então, a pergunta foi feita e eis a explicação. Segundo ela, Alerrandro se chamaria Bruno Henrique ou Marcelo Henrique, se dependesse apenas de sua vontade. Contudo, quem foi registrar a criança no cartório foi o pai, Everton.

"A mãe do Everton sempre sonhou com um filho chamado Alejandro. O que aconteceu foi que, quando o tio do Alerrandro nasceu, o avô não soube explicar e colocou Alessandro. Então, o meu ex-marido quis homenageá-la. Só que ele queria que fosse escrito com "J", mas o cartório da cidade não aceitou. Cobravam uma taxa muito alta para isso. Foi assim que ele resolveu escrever desta forma", desvenda o mistério.

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