Instituto rebate o Cruzeiro: 'Temos contrato e pagamos R$ 20 mil para usar nome 5 Estrelas'

Guilherme Piu
@guilhermepiu
30/03/2020 às 15:10.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:08

Igor Sales/Cruzeiro 

 A política do Conselho Gestor no Cruzeiro ganhou mais um capítulo. Medidas foram tomadas e anunciadas pelo atual grupo que administra o clube, dentre essas uma notificação judicial a fim do encerramento de um vínculo com o "Instituto Cinco Estrelas", criado pelo ex-presidente Wagner Pires de Sá, que renunciou ao cargo no fim de 2019, após muita pressão política e da torcida. 

Por meio de sua conta particular no Twitter, o candidato à presidência do clube e responsável pela parte administrativa e financeira do Conselho Gestor, Emílio Brandi, informou sobre o fim das relações entre o Cruzeiro e a associação particular "Instituto 5 Estrelas", gerida por Fernanda São José, esposa de Wagner Pires de Sá

"Mais uma herança de antigas administrações. O Instituto Cinco Estrelas é uma associação privada, criada pelo Wagner Pires de Sá e sua esposa. O instituto não pertence ao Cruzeiro. O jurídico do clube já notificou os responsáveis, para que não usem a marca do Cruzeiro", disse Brandi em seu perfil no microblog. 

Outro lado

Apesar do anúncio feito pelo presidenciável, o Instituto Cinco Estrelas garante que tem toda a parceria documentada com o Cruzeiro.

A reportagem entrou em contato com Wagner Pires de Sá. O ex-presidente ressaltou que o Instituto Cinco Estrelas "faz um trabalho social maravilhoso em comunidades carentes e que ainda não recebeu notificação nenhuma de advogados do clube",  disse ao Hoje em Dia

Ao HD, a advogada Fernanda São José, presidente do "Instituto Cinco Estrelas", reafirmou não ter sido notificada pelo clube e indicou que a medida adotada pelo Conselho Gestor é um "ato político em ano de eleição". 

"A gente (Instituto 5 Estrelas) não foi notificado em nada. Temos contrato de cessão de uso da marca, e Cruzeiro é um nome público, nem precisava desse contrato. Outros institutos também fazem o mesmo trabalho. Levantar esse assunto em época de eleição... O Instituto não é política, é ação social", rebateu.

Fernanda comentou que não ficou sabendo da fala de Emílio Brandi pela imprensa e que mesmo sem a necessidade do contrato de uso da marca, de acordo com a opinião dela, foi feito tudo documentado e com pagamento ao clube. 

"Como era esposa do presidente, e para evitar por exemplo que pensassem que quiséssemos tirar proveito, fizemos um contrato de cessão de direito de uso do nome. Fizemos questão de fazer um pagamento mensal da compra do direito. Já pagamos 20 parcelas", garantiu Fernanda.

Segundo documentos recebidos pela reportagem, a concepção do acordo entre as partes no ano de 2018 teve como premissa o pagamento de R$ 20 mil, divididos em 24 parcelas de R$ 833,33, da associação ao clube para que fosse registrado o nome "Instituto Cinco Estrelas" no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), que registra marcas e patentes, e que essa medida fosse feita em "caráter irrevogável e irretratável", cedendo o nome "Instituto Cinco Estrelas" à associação de Fernanda São José.

Ou seja, contratualmente, o Cruzeiro repassou o nome "Instituto Cinco Estrelas" à associação e não poderia requisitá-lo no futuro. 

Pagamentos

O Hoje em Dia teve acesso aos recibos de pagamentos das 20 parcelas as quais Fernanda São José afirmou terem sido feitos ao Cruzeiro. O valor total pago, segundo os documentos, somam R$ 16.668,74, faltando R$ 3.331,26 a pagar. 

Os recibos mais vultuosos foram assinados pelo antigo diretor financeiro, Flávio Pena, desligado do Cruzeiro pelo Conselho Gestor no começo deste ano. Os demais foram assinados por Juliana Moreira de Aguiar, supervisora financeira.

O que chama atenção é o intervalo entre os pagamentos iniciais. O primeiro foi realizado em novembro de 2018, e o segundo, seis meses depois, em maio de 2019. Os demais pagamentos foram feitos em outubro e dezembro de 2019 e janeiro, fevereiro e março de 2020.

O primeiro recibo, no valor de R$ 2499,99, pagou três parcelas, o segundo, no valor de R$ 5833,38, quitou sete parcelas, o terceiro, no valor de R$ 3.333,36, encerrou mais quatro, e o no valor de R$ 2500,02, mais três parcelas, totalizando 17 parcelas. Somam-se a essas quitações outros três recibos no valor de R$ 833,33, que chegam ao número de 20 títulos quitados citados por Fernanda São José. 

O Hoje em Dia tentou contato com o departamento jurídico do Cruzeiro, mas até a publicação da matéria nenhum representante atendeu à reportagem. 

Veja o contrato firmado entre Cruzeiro e Instituto Cinco Estrelas no período de Wagner Pires de Sá como presidenteReproduçãoReprodução 

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