Isaquias Queiroz rema por façanha inédita para o Brasil

Bruno Moreno - Enviado Especial
bmoreno@hojeemdia.com.br
17/08/2016 às 23:52.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:25
 (Alexandre Loureiro/COB)

(Alexandre Loureiro/COB)

RIO DE JANEIRO – Deixar Ubaitaba, no interior da Bahia, graças a um projeto social voltado para a canoagem, e se transformar no primeiro atleta brasileiro a ganhar três medalhas olímpicas numa mesma edição dos Jogos. Este é o desafio do Isaquias Queiroz, de 22 anos, que vive nesta quinta (19), a partir das 9h23, na raia da Lagoa Rodrigo de Freitas, na final do C1 200m, o segundo capítulo dessa história, que se for escrito com êxito, numa prova que não deve durar mais que 40 segundos, já lhe garante um feito invejável.

Desde a primeira participação olímpica do Brasil, em 1920, em Antuérpia, na Bélgica, apenas quatro atletas alcançaram a façanha de subir ao pódio por duas vezes, na mesma Olimpíada. E Isaquias compete hoje com todas as chances de igualar os atiradores Guilherme Paraense e Afrânio da Costa e os nadadores Gustavo Borges e Cesar Cielo.
Os quatro são grandes nomes da história olímpica brasileira não só pelos dois pódios numa mesma edição dos Jogos. Paraense ganhou a primeira medalha de ouro do Brasil e Afrânio foi o primeiro a subir ao pódio. Nas águas, Gustavo Borges é o recordista de medalhas, com quatro, e Cielo é dono do único ouro da Natação brasileira, nos 50m livre, nos Jogos de Pequim, em 2008.

FAVORITO

Isaquias Queiroz, que treina em Lagoa Santa, chega à final do C1 200m hoje com o melhor tempo das semifinais (39s659) e integrando a lista dos favoritos. E o recado do seu treinador, o espanhol Jesús Morlán, logo após ganhar a prata no C1 1.000m na última terça-feira, de esquecer que ganhou a medalha, parece ter sido bem assimilado pelo canoísta.

“O tempo (o melhor nas semifinais) ajuda bastante, dá um incentivo a mais saber que fez melhor do que os adversários. Mas não significa nada. O melhor é colocar todo mundo junto para ver quem é o melhor”, garante Isaquias.

Se subir ao pódio hoje, o canoísta terá que seguir esquecendo o feito, como sugeriu o treinador, apesar de toda a história que já terá construído, pois mais um desafio o aguarda na Rio-2016. Ele disputa a prova do C2 1.000m em dupla com Erlon Silva e eles estão entre os competidores mais fortes numa competição que se inicia amanhã e tem a final na sexta-feira.

E o melhor é não duvidar de Isaquias. E sua história de vida mostra isso. Na infância ele já venceu a morte por duas vezes. Aos três anos, ficou mais de um mês no hospital e saiu desenganado, pois teve grande parte do corpo queimado num acidente doméstico. Aos dez, depois de cair de uma árvore, sofreu hemorragia interna, perdeu um dos rins e passou vários dias na UTI. Entre os dois episódios, ainda foi sequestrado, aos cinco anos.

Nos próximos três dias ele seguirá testando o coração de Dona Dilma, sua mãe, que deixou de sofrer pelas travessuras do menino Isaquias e passou a conviver com as emoções dos feitos daquele que pode se transformar no maior medalhista brasileiro numa única edição dos Jogos.

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