Mais novo ídolo do esporte nacional, Isaquias Queiroz vai aos poucos colocando os pés no chão. Ou melhor, na água. Após bater o recorde brasileiro com três medalhas em uma mesma edição de Olimpíada, no Rio de Janeiro, o canoísta aproveita os últimos momentos de férias em Ubaitaba (BA) antes de retomar os trabalhos em Lagoa Santa, na região metropolitana de Belo Horizonte.
“Eu ainda tenho quatro anos de muito trabalho para me manter entre os melhores e tentar melhorar ainda mais minhas marcas”, afirma o baiano em conversa com a reportagem o Hoje em Dia.
Esta semana será decisiva para o início de preparação visando a diversos torneios internacionais e, principalmente, os Jogos de Tóquio-2020. Tudo depende da liberação médica do técnico da seleção nacional, o espanhol Jesús Morlán, com alta prevista para os próximos dias.
Recuperando-se do tratamento de um câncer na cabeça, o treinador será o responsável por definir os próximos passos do medalhista. A começar pela escolha da agenda de Isaquias dentre as diversas competições possíveis em 2017, como a Copa Brasil, o Campeonato Sul-Americano (na Colômbia) e a Copa do Mundo (na República Tcheca).
Para o esportista, o retorno a Minas Gerais, já confirmado pela CBCA (Confederação Brasileira de Canoagem), será fundamental para a preparação, pois, segundo ele próprio, a água de Lagoa Santa é “mais pesada” em relação a várias outras praças.
“A cidade é bastante pacata, silenciosa, sem trânsito, isso ajuda. A nossa preparação será mantida lá, e com a mesma estrutura”, diz Isaquias. “Mas o mais importante agora é a saúde dele (Morlán) e o seu restabelecimento total”, ressalta.
Águas passadas
Antes da Rio-2016, Isaquias Queiroz chegou a se posicionar publicamente com duras críticas à CBCA e promoveu até boicote a um evento-teste. A falta de apoio, porém, parece ter ficado no passado.
“Isso já passou. Estou bem focado nos próximos objetivos”, desconversa o atleta. Ainda assim, o recordista mantém o discurso pela manutenção do apoio à canoagem após o apagar dos holofotes dos Jogos de 2016.
“Torço muito para que isso não aconteça (queda de investimentos) pois assim não teremos representantes competitivos em um futuro próximo”, avalia. “Em todos os países que tenho a oportunidade de conhecer através das competições de canoagem, o que sempre me impressiona mais é a grande valorização e a visibilidade das modalidades olímpicas”, completa.
Fã declarado do piloto Ayrton Senna, do velocista Usain Bolt e do atacante Neymar, Isaquias já possui no currículo três títulos mundiais, mas ainda persegue o ouro olímpico. No Rio, ele faturou duas medalhas de prata (C1 e C2 1.000 metros) e uma de bronze (C1 200 metros).