Itair Machado pede fim de processo do Cruzeiro contra ele e 'diz que clube mente à Justiça'

Guilherme Piu
@guilhermepiu
31/07/2020 às 18:51.
Atualizado em 27/10/2021 às 04:10
 (Guilherme Piu)

(Guilherme Piu)

Guilherme Piu 

Ex-vice-presidente de futebol do Cruzeiro, Itair Machado tenta na Justiça desqualificar a ação que o clube move contre ele na 35ª Vara Cível de Belo Horizonte. Segundo documento obtido pelo Hoje em Dia, os advogados do ex-dirigente apresentaram, na última terça-feira, dia 28 de julho, defesa no processo que o clube celeste tenta bloquear quase R$ 7 milhões nas contas do próprio Itair, de Wagner Pires de Sá, e da empresa Futgestão, ligada a Machado e sua esposa.

A Justiça, por meio de decisão da juíza Marcela Maria Pereira Amaral Novais, já havia negado o pedido de "tutela cautelar antecedente" feito pelo Cruzeiro. Agora, Itair Machado apresentou sua defesa. 

De acordo com a contestação peticionada pelo escritório Cirino, Paiva e Bastos Advogados Associados, responsável por defender Itair Machado, o ex-dirigente pede que o processo seja excluído. O antigo diretor cruzeirense alega que o pedido do Cruzeiro não tem fundamento. Dentre as solicitações feitas por Itair à Justiça, está a alegação de "inépcia da petição inicial, diante da ausência de narrativa fática que guarde lógica".

O Cruzeiro alega que Itair Machado recebeu como salário valores pagos à empresa Futgestão, e que esse tipo de operação aconteceu para desrespeitar o Estatuto do clube. Entretanto, a defesa de Itair contesta tal alegação do atual departamento jurídico cruzeirense.

"Assim, o 2º réu, Sr. ITAIR MACHADO DE SOUZA, enquanto PESSOA FÍSICA, e especificamente quanto ao contrato e aditamentos objeto da lide, NÃO RECEBEU NENHUM CENTAVO do Cruzeiro Esporte Clube", alega o ex-membro do departamento de futebol do clube na tentativa de desqualificar sua citação como pessoa física do processo.

Sobre o contrato da Futgestão com o Cruzeiro, a defesa de Itair aponta que o acordo teve duração de dois anos, o departamento jurídico do clube tinha conhecimento da existência do acordo, de seus aditivos, e que, portanto, o documento era validado pelos advogados do próprio clube. 

"Mais do que o Cruzeiro Esporte Clube ter conhecimento da existência do contrato e dos aditivos, validados pelo DEPARTAMENTO JURÍDICO do Clube autor, a 3ª requerida (FUTGESTÃO ASSESSORIA E CONSULTORIA ESPORTIVA LTDA.) emitiu NOTAS FISICAIS e recolheu os devidos impostos sobre os valores legitimamente recebidos, mediante contraprestação de serviços efetivamente prestados, tudo de conhecimento do Clube, por quase DOIS ANOS. Portanto, é NOTÓRIO O COMPORTAMENTO CONTRADITÓRIO do requerente, o que acaba por violar a boa-fé, levando, por consequência, à conclusão de que a PETIÇÃO INICIAL É INEPTA", diz parte do documento produzido pelos advogados do Cirino, Paiva e Bastos. 

Após ser contestado pelos seus recebimentos como pessoa jurídica, Itair Machado, por meio de seus advogados, pede também que o Cruzeiro apresente documentos e comprovantes de pagamento de seus antigos diretores nos últimos cinco anos. 

"Seja determinado ao autor a EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS, nos termos do art. 396, NCPC/2015, quais sejam, aqueles que contenham todos os pagamentos efetuados, a quem quer que seja, pessoa jurídica ou física, no período compreendido entre janeiro de 2018 a dezembro de 2019; apresentar a relação de VICE-PRESIDENTES DE FUTEBOL OU ADMINISTRATIVO dos últimos 05 (cinco) anos, exibindo todos os pagamentos efetuados a pessoas físicas ou jurídicas que tais vice-presidentes executivos eventualmente sejam sócios; as portarias de nomeações dos vice-presidentes de futebol e/ou administrativos dos últimos 05 (cinco) anos, com o fim de demonstrar que o clube efetuava normalmente pagamentos a vice-presidentes de futebol e administrativos, a exemplo do Sr. MARCO ANTÔNIO LAGE e do Sr. DIVINO ALVES DE LIMA; seja exibido os contratos com patrocinadores indicados em seu site de futebol, bem como exibido os valores de salários pagos aos jogadores, e demais integrantes e funcionários do clube, a fim de demonstrar que o autor elege as despesas que irá pagar, preterindo o Poder Judiciário no que tange ao pagamento das custas processuais; que seja determinada ainda a exibição da declaração do imposto de renda, para apurar o patrimônio do clube autor (sic)", aponta o documento.

Outras acusações

O ex-dirigente também acusa o Cruzeiro de tentar enganar a Justiça com o pedido de benefício de "gratuidade". Por isso, pede que o clube seja o responsável por arcar com as custas processuais iniciais correspondentes ao valor da causa, e, também, que pague custas e honorários advocatícios, e sucumbenciais. 

Itair Machado apresentou como embasamento de seu pedido uma relação de valores que o clube gastou nesta temporada. O documento produzido pelos advogados do ex-dirigente aponta que o Cruzeiro arrecadou mais de R$ 600 mil com doações de torcedores por meio da Operação Fifa; usa uma matéria do jornalista Mauro Cézar Pereira, no portal UOL, que apontou o Cruzeiro como o clube de maior folha salarial da Série B do Campeonato Brasileiro (R$ 5 milhões). E que os advogados da Raposa tentaram esconder movimentações bancárias ao apresentar valores nas contas do clube em um intervalo de poucos dias. Reprodução Reprodução

 O outro lado

Em contato com a reportagem, o Cruzeiro prometeu responder Itair Machado na Justiça.

 "O Cruzeiro Esporte Clube refutará nos autos do processo as alegações de defesa apresentadas", respondeu. 
Perguntado pela reportagem se havia algum indício de pagamento a Itair Machado como pessoa física, o Cruzeiro afirmou que até agora só foram encontrados pagamentos como Pessoa Jurídica. 

Veja aqui os pedidos de Itair Machado à JustiçaReprodução 

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